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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

16
Mai06

A POSTA TEASER II

shark
O sapismo agudo pode provocar sintomas idênticos aos da papeira ou aos do bócio.
Em condições extremas (sapismo grave), a ira associada pode implicar a combustão interna do batráquio devido às repercussões do inevitável som de retorno dos seus excessos girinos.

Depois não digam que não estavam avisados porque passaram a tarde a dormir...

meltdown of the mad frog.jpg
16
Mai06

MANIAS DE INQUILINO

shark
Ele tem toda a razão. Não tinha visto a coisa sob essa perspectiva, mas vendo bem as coisas um gajo paga a renda e às tantas sente-se no direito de centrar em si as atenções da vizinhança que o lê.
O que vale é a gente no fundo até sabermos que ninguém liga pevas a esta porra (ou não acredita na maior parte), sobretudo quando percebem que o dono tem tiques de narciso.

E até nos desculpam esse pecado, se conseguirmos, com todo o jeitinho, retocar bem as palavras feitas pétalas para compor um ramalhete digno de figurar numa jarra quiçá um nadinha vaidosa mas assumidamente comum.
16
Mai06

A POSTA NO MELHOR DE MIM

shark
degrau a degrau.JPGFoto: shark
Como uma linha ténue a separar de forma precária o delírio sonhado e a realidade possível. Como um fio de cabelo a sustentar todo o peso do mundo, tenaz, persistente, mas incapaz de suportar o alongamento forçado, o prolongamento teimado de uma fé difícil de concretizar.
Assim são algumas ligações entre os extremos que as pessoas representam em qualquer tipo de relação. A boa intenção, esforçada, a coragem animada pelos momentos excepcionais que conseguimos, se quisermos, esculpir na rocha em que a vida se transforma quando se cruzam caminhos que os mapas celestiais traçam noutra direcção.

Enfrentamos a dureza da provação, convictos da emoção que nos fortalece e empurra de carola contra os escritos, contra as certezas predestinadas e as estradas desenhadas para cada um percorrer à sua maneira. Sem eira nem beira, metemo-nos ao caminho e avançamos. Sem medo dos atalhos e dos desvios que nos atraem para corridas quantas vezes impossíveis de ganhar.
É que o segredo não está nas vitórias que se consigam, duvidosas, mas na experiência que as memórias consolidam, lições vividas na primeira pessoa e absorvidas com sofreguidão.

Sentirmo-nos vivos, afinal. Sempre receptivos ao amor e às suas infinitas manifestações. Mesmo as que nos desorientam e perturbam, ao ponto de irmos longe demais no querer.
De peito aberto, destino incerto, balas perdidas num campo de batalha que é palco de vencedores. Os que as disputam, solidários e leais, respeitadores das regras essenciais, armados apenas com a determinação dos que não se aceitam resignados a uma espécie de estagnação que aos poucos se converte numa variante de paralisia emocional.

Feridas infligidas pelos disparos que o acaso adiciona, os perigos que se enfrentam sem hesitar em nome da paixão que se ergue como um estandarte orgulhoso nas mãos fortes dos soldados do amor-aventura, marginal por inerência. Até chegar, eventualmente, o obstáculo inultrapassável que funciona como o tiro fatal, o de partida para uma nova corrida cuja meta se revela mais viável de alcançar. A necessária cicatrização e braços dados com firmeza para ultrapassar a tristeza e lutar em conjunto por um futuro melhor, de costas voltadas na mesma direcção, o mesmo sentido para o erro cometido ou a simples constatação da inevitabilidade de algumas decisões adiadas em nome da união impossível de dissolver.
Nova esperança a renascer em cada instante com uma pessoa importante ou decisiva até.

Amores atinados, amizades especiais, adorações que se compatibilizam depois de refinadas pelo tempo e de acertadas como relógios interiores. Sorrisos marotos perante os espíritos garotos que nos conduzem à cedência aos impulsos primordiais, sem arrependimento ou desilusão, sem constrangimento ou acto de contrição.
Simples e natural, como qualquer amor que se preze, capaz de assumir um novo rosto perante o sol posto e de abraçar com vigor cada alvorada a seguir.

O fio a partir, substituído pelo cordame de caravelas, pela resistência inquebrantável que a cumplicidade pode oferecer à erosão sofrida por qualquer ligação sentida como um bem a estimar, como um caminho a conservar intacto. Terra batida pelos passos a dois e a vida depois a partilhar-se no asfalto das certezas e do resultado final da aprendizagem dessa lição estudada em romances nascidos para espicaçar os sentidos e amadurecer as conclusões que sempre se extraem na ressaca de um turbilhão emocional.

Inúteis as veleidades alheias de lucrar de alguma maneira com um processo para durar uma vida inteira.
Porque existem laços indeléveis, compromissos indestrutíveis, vínculos tão sólidos por princípio que não há meio de lhes impor um fim. No pico da clivagem a sede de reciclagem para aproveitar o que de melhor permaneceu.

Cultivo relações de amor e de amizade assim, intensas e intemporais.
Só na morte lhes concebo os respectivos finais.

E nunca em vida lhes concedo de mão beijada o estatuto de alma penada na minha galeria de nomes inesquecíveis e de recordações perecíveis que conservo intactas na essência, cristalizadas numa versão da criogenia que o meu coração, com todo o carinho, construiu para albergar quem nele soube conquistar um espaço definitivo.

Está muito activo nestes dias, esse volátil pedaço do melhor que encontro em mim.

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