Ouço lá fora o ruído e quase me sinto compelido a pousar a espátula na parede de tijolo que se ergue em meu redor. Parece que nada aprendi ao longo de um caminho traçado como uma recta descendente entre dois pontos finais. Parágrafo no coração, ou reticências, talvez...
Hesitações nascidas sob os alicerces da parede que concebi como uma trincheira, plantas teimosas que até por entre o cimento insistem brotar. O meu arrependimento em busca de salvação, na respiração por clorofila, na exposição ao sol que espreita sobre o buraco do telhado por construir. Verde como a esperança que insisti demais.
Ouço lá fora o silêncio, agora que o muro me veste como uma segunda pele. Mais fria, mas hermética. Mais sólida, mas inestética. Uma fronteira para bloquear quaisquer intrusões e bombardear todas as desilusões que possam quebrar de novo as defesas. Uma fortificação.
E eu na guarita, sentinela à espreita de um exército de pérfidos papões que agora combaterei invulnerável no interior da minha armadura de betão. O apelo da construção sem ambições, do caminho sem tropeções, a partir das ruínas de uma torre de papel. Saudade do mel na memória dorida da picada de um ferrão. Contradição.
Hasteio nas ameias o estandarte da minha anuência.
E quando terminar a experiência, demolirei sem demora o baluarte da minha estupidez.