19
Abr06
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shark

Existem limites que não estou disposto a ultrapassar (ou a permitir que tal aconteça) e desequilíbrios que nunca aceitarei.
Isto não é o da Joana.
Um dos mais complicados temas para gerir numa relação pessoal é o das cedências que todos, qualquer que seja a natureza do vínculo, temos que fazer para acertarmos agulhas com as pessoas com quem partilhemos o nosso tempo e a nossa atenção.
Isto aplica-se indiscriminadamente às relações com amigos/as, família ou companheiros/as.
As cedências são um pequeno preço a pagar para podermos conviver com os defeitos ou peculiaridades das pessoas que o destino nos coloca no caminho e elas consigam pactuar com os nossos. Se existe afecto, a cedência surge com naturalidade e acaba por denunciar a nossa vontade de nos compatibilizarmos com alguém.
Contudo, existem regras para a utilização deste trunfo na manga que nos protege de desatinos que podem conduzir ao afastamento das pessoas.
A reciprocidade é a primeira. Ou seja, não basta que ceda uma das partes. Tem que existir um equilíbrio nesse abdicar de alguns pressupostos e/ou comportamentos em prol do salutar convívio com outrem. De outra forma, gera-se um desequilíbrio que acaba por minar as hipóteses de um relacionamento saudável.
A proporcionalidade é a segunda. O nível de cedência deve corresponder ao grau de proximidade das pessoas. Quero com isto dizer que só temos que ceder na correcta medida da importância relativa que para nós assume a(s) pessoa(s) em questão e do grau de envolvimento emocional efectivo.
E ainda existe uma terceira: o respeito mútuo pelos limites do/a outro/a. Se mantemos um laço com alguém é porque algo nos aproxima, sendo natural que tenhamos uma noção das características dessa pessoa. Nomeadamente dos seus melindres e dos tais limites cujo respeito pode englobar-se no tal conceito da cedência justificada.
Não é fácil afinar este tipo de coisa pelo mesmo diapasão. Mas é indispensável para assegurar a manutenção de uma amizade ou mesmo de um amor que se pautem pelas mais elementares regras do bom senso e da paridade na entrega e no índice de tolerância.
Digo eu...