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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

10
Abr06

...

shark
bom petisco.jpg
Ele há dias em que não acerto uma. São dias interessantes, ao longo dos quais vou aprendendo diversas lições de vida à bruta. Conclusões que se extraem das reacções das outras pessoas. Falsos pressupostos desconjuntados, desabados sobre as certezas como entulho de raciocínios no vazio.
Mas um gajo retém aquilo que interessa, sobretudo a mudança nas atitudes e nas preocupações (que variam, como o rumo do vento, ao sabor do pensamento e das emoções que o agitam – ou não). E orienta as acções em função das novas correntes que se formam.

É que a malta cresce, amadurece, desenvolve perspectivas consentâneas com a dimensão do presente tal como o aceitam e não com a do passado que rejeitam sem querer, nos pequenos pormenores que escapam (os que me desacertam a pontaria nas intervenções).
E eu cristalizo nas últimas percepções, avanço com um sorriso e arreganham-me a dentuça. A mudança acontecida e uma pessoa distraída a ser como dantes seria.

Aprende-se assim a arte da flexibilidade e da readaptação. Jogo de ancas e golpe de rins, pontapé encaixado no ego amolgado e ecoa no ringue o momento final de outro assalto no difícil combate de lidar com pessoas. Como um camaleão, enxotado enquanto verde e abraçado em tom vermelhão. Isso ou o ar contrariado de quem nos ouve no passado e reage no futuro que o presente nos ilustrou. Confuso, por vezes, mas esgota rápido a paciência de quem não nos tolera um equívoco na forma ou no conteúdo. Uma espécie de Entrudo, todos os dias, mascarado daquilo que os outros são capazes de nos aceitar. Tudo menos os entusiasmos juvenis, a nossa essência, que manda a prudência que resguardemos a euforia. Uma velha mania dos que sonharam algures com um padrão consensual, imutável.

Mas a vida acontece em permanente transformação. Nas pessoas também. E nas suas embirrações, modeladas pelas ligações frágeis que se estabelecem às apalpadelas. Ainda agora era assim. Entretanto mudou. E um gajo esbarrou com a realidade nas ventas, a sério que ainda te apoquentas com merdas assim? Que ganda palerma, não passas de um totó…

Recuso-me a aceitar a factura da inconstância, aumento a distância para melhor resguardar um mínimo de convicção. Baralham-me as alterações sucessivas, as atenções obsessivas convertidas por milagre em factores sem relevância alguma. Perturba-me nunca saber como agir bem, perseguir sem sucesso a melhor actuação. Mas acabo por aceitar as regras impostas, desabafo nas postas e calibro melhor a arma social. Esgrimo então os argumentos que servem os propósitos da minha integração, que se lixe, ou espreito pela mira de uma espingarda de brincar e apenas digo pum. Ou solto mesmo um, nas melhores instalações sanitárias, enquanto cogito acerca do sentido da vida e da importância que a gente lhes dá. Aos outros, que nos aceitam apenas nas ondas serenas da aparente perfeição, nos intervalos da sua irritação abafada.

Pecado sem perdão, errado quem não sabe a resposta à pergunta que ninguém ousa fazer. E a gente a aprender, à nossa custa e à dos outros também. Lealdade incondicional que um dia vira fatal, como o destino. Aos berros na nossa cabeça, os estandartes da revolução que sempre acaba por acontecer na nossa percepção das coisas, vista do lado de quem as aprecia. Maturidade ou calo no cu. Não sei bem…

Mas nunca falto às aulas. The truth is out there.
10
Abr06

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shark
cidades do futuro.jpg
Preferia falar-vos do aquecimento global do corpo na sequência de uma noite intensa na cama. Porém, os factos entram pelos olhos e distraem-nos com a dureza das conclusões a extrair.
O ciclone Larry, que atingiu a Austrália com ventos próximos dos trezentos quilómetros/hora, é apenas um de entre os sinais que se multiplicam ao ponto de já nem constituírem notícia de abertura nos telejornais.

Já nem podemos virar a cara para o outro lado, pois tanto derrete o Pólo Norte como o Pólo Sul. E as marcas visíveis da ameaça que pende sobre o nosso futuro fazem-se sentir em todo o planeta. Em Portugal, e apesar de os optimistas considerarem normal (com base na análise das estatísticas de períodos longos que, naturalmente, diluem nas médias a quantidade e a dimensão das catástrofes da última década – a negação “política” que evita o alarmismo tão pernicioso para a sacrossanta economia), a seca recente e os tornados espontâneos cada vez mais frequentes constituem o nosso quinhão da factura worldwide.

Uma enxurrada de inundações, um rodopio de furacões, animais a alterarem hábitos milenares ou a lançarem-se, como as baleias e os golfinhos, para a morte e assim contrariarem um dos instintos mais básicos com que a Natureza os dotou. Mas também nós, humanos idiotas, parecemos ter perdido algures o gosto pela sobrevivência e envenenamos o clima com a nossa estupidez por omissão.
Omitimos o bom senso na forma como nos comportamos, como permitimos que crápulas como o Mister Danger boicotem os tratados que podem salvar-nos da hecatombe (ou apenas adiá-la). E este não é um termo bombástico, quando se fala em seis ou sete metros de aumento do nível do mar e passamos a conceber um litoral em conformidade. Em Serpa, ou em Mangualde…

Portugal2100.jpg

El Niño, recordam-se? Entretanto fez-se um “homenzinho” e continua a fazer estragos na temperatura dos oceanos e na comunicação destes com a atmosfera. O processo não desacelera, como o comprovam os números da última década e as tempestades de nível cinco em catadupas.
Ardem florestas no mundo inteiro (até no interior do Alasca…). Espécies com milhões de anos de evolução extinguem-se, sucumbem às alterações climáticas que lhes destroem o habitat e forçam a fuga para zonas livres do calor ou as tornam vulneráveis a maleitas que antes enfrentavam com as suas defesas naturais.

É o caso de várias espécies de sapo, cerca de dois terços das variedades existentes na América Central e do Sul, desaparecidas devido a doenças que parecem mais tenazes a afectarem os anfíbios do planeta. E de muitas outras, condenadas pelos efeitos desta insanidade de proporções industriais que já se faz sentir nos sistemas respiratórios da espécie humana. E nas consequências da exposição ao sol (a camada de ozono, recordam-se?). E nem sabemos ainda em quantas outras surpresas que os cientistas não conseguem explicar e ainda menos combater com eficácia.

Temos mesmo que levar a sério esta questão. O aquecimento global não é um papão do futuro dos nossos filhos ou netos, é uma realidade presente que está a dar cabo de tudo o que nos rodeia.
Se não conseguimos moderar a nossa intervenção negativa individual, que sejamos no mínimo capazes de pressionar os vários poderes que possuem meios para uma imposição coerciva das restrições e das obrigações dos que mais poluem. E para a aposta feroz nas energias alternativas.

Não vêem, pelas falinhas mansas e pelo discurso “ecológico”, que até as petrolíferas já acordaram para o problema?

vendaval.jpg

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