Foto: sharkinhoDizia-me aqui há dias um ancião meu cliente que, ao contrário do que consta as velhas histórias do baton no colarinho, do chupão no pescoço ou do arranhão nas costas -, as mulheres adúlteras são ainda mais bandeirosas do que os homens quando se prestam a uma facadinha.
Conseguiu prender a minha atenção, pois sou um ávido consumidor das experiências alheias (sobretudo as que só a idade consegue proporcionar) e o tema pareceu-me propício a aprender algo de útil numa conversa banal.
E ele lá começou a debitar o rol de indicadores preciosos (alguns dos quais serão tema para postas do charco num futuro próximo) que, no entender daquele veterano, permitem aos mais desatentos a revelação das eventuais traições de que sejam alvo por parte das suas respectivas.
Hoje vou apenas dar-vos a conhecer aquele que o meu cliente considera o mais óbvio sinal de que anda mouro na costa. Então, palavra por palavra, ele colocou-me a coisa nos seguintes termos:
- Olhe, meu amigo, há um que nunca falha. Elas são muito vaidosas dos seus homens e têm sempre uma concorrente a quem querem enxovalhar, todas atraçalhadas aos caramelos. Por isso, quando elas em vez de nos quererem mostrar a meio mundo começam a evitar certos locais que eram poiso habitual do par, pode ter como certo que há gato.Fiquei intrigado com esta afirmação e perguntei-lhe porque entendia as coisas dessa forma. E ele prosseguiu.
- É fácil, meu amigo. Elas são mais cobardes e traiçoeiras do que nós, não conseguem enfrentar essas vergonhas e não arriscam as coincidências infelizes. Tá a ver, não é? Imagine que foram vistas na companhia de algum marmanjo em certo sítio ou que o marmanjo até mora perto de um ponto habitual qualquer. Tá a ver? Levar os seus gajos para essas paragens? Tá quieto
E são todas iguais nisso, tirando uma ou outra mais atrevidotas, daquelas que até lhes dá gozo assistirem a um confronto entre dois tipos com quem andam metidas.
Normalmente começam por arrefecer o entusiasmo. Depois, quando percebem que estão a dar nas vistas, fazem uma pirueta e parece que lhes fazemos falta para respirar.
Mas é certinho como o cagar: quando torcem o nariz a locais do costume e arranjam mil e uma desculpas para não estarem juntas connosco nesse local, tenha como certo que à segunda recusa é nessa zona que o gato escondido tem o rabo de fora.
E se lá vão depois de uma nega ou duas, pode ter como garantido que serão elas a determinar o dia e a hora da ida. Nesse caso, é porque sabem que o marmanjo não vai estar por perto e porque andam a fazer a coisa pela surra e só as preocupa que ele saiba do outro. Quer dizer, aí andam a enganar os dois
Eu tenho-me em conta de desconfiado, paranóico até. Mas nunca pensei que a malta dedicava tanto tempo a estas maluqueiras, ao ponto de tipificarem os comportamentos femininos. Fiquei estarrecido com as certezas do fulano, embora nem me passasse pela cabeça perguntar-lhe se tinha conhecimento de causa para apoiar as suas conclusões determinadas.
É impressionante como a rapaziada, neste país de tourada, olha um par de cornos como a maior das ameaças à sua masculinidade intocável.
Aliás, quando o questionei acerca do peso das hastes na testa, ou seja, o que ele achava desse problema, a sua resposta foi do mais esclarecedor possível.
- Ó meu amigo, eu sou muito homem, mas juro-lhe pelo que tenho de mais sagrado: se me perguntar se eu aceitava a fama de corno manso, digo-lhe já que preferia que dissessem que eu ando a levar no cu!