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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

31
Mar06

Haverá

shark
bute bazar!.jpgaqui
coisa melhor que fechar a porta à sexta-feira que já passou e antecipar um fim-de-semana inteirinho para fazer coisa nenhuma, que é o mesmo que dizer, tudo o que nos der na bolha?

Só mesmo a perspectiva de ir estar contigo!

(sem prejuízo de também desejar um Glorioso fim-de-semana para os leitores deste blog. O meu vai ser) :-)
Mar
30
Mar06

Escrita inócua

shark
claro como água.gifaqui

em que terra quer mesmo dizer terceiro planeta do sistema solar, ou o solo sobre que se anda, ou ainda povoação, território ou campo e nada mais do que isso e água significa rigorosamente líquido incolor e inodoro, composto de hidrogénio e oxigénio.Nada de confundir substantivos comuns tais como homem, país, gato ou concretos como rapaz e árvore ou mesmo um mais abstracto tal como profundidade, por exemplo, com tentativas veladas de se dizer mais do que se parece querer fazer.
Se optarem por essa via de interpretação, incorrerão em grave risco de malentendidos e ofensas virtuais, com as consequentes e correspondentes medidas de retaliação patética e vagamente desesperada por parte da pretensa vítima.
Sugiro que, logo que se sintam levemente tentados a descortinar significados obscuros e ocultos nas entrelinhas de uma frase que diga algo como hoje está quase a chover mas ainda faz sol, tomem um ultralevure, agarrem num pau de incenso e se sentem de pernas cruzadas, embalando o corpo para a frente e para trás, num ângulo nunca superior a 90º, emitindo sempre um som cavo mais ou menos semelhante a hommmmmmm....
Costuma resultar. A leitura da obra completa em três tomos "Como ultrapassar a mania de perseguição antes que ela me apanhe" também pode ajudar.

Este aviso é dirigido à blogosfera em geral e aos leitores deste Charco em particular.
Aprendam que eu não vivo sempre. Não precisam de agradecer.

Mar
29
Mar06

Dia de Violetas

shark
jardim de violetas.jpgaqui

O dia, hoje, cheira-me a violetas. A sério.
Há um cheiro a violetas que nasce das pedras, se entranha na pele das minhas mãos e me embriaga os sentidos. Pareço um cachorro ou perfumista, a farejar o ar à procura da fonte do mistério.
Não sei se, durante a noite, um bando de gnomos mágicos munidos de baldes minúsculos e panos de limpeza, lavou as lajes e os troncos das árvores, sacudiu poeiras e rancores, arejou recantos esquecidos e perfumou de violetas o dia que nascia.
Não sei.
Mas aspiro com deleite o aroma e a alquimia com que amanheceu o meu dia.
Mar
eu tou cá desconfiada que, o culpado disto tudo é um sabonete líquido novo que comecei a usar mas não digam nada a ninguém...
28
Mar06

A POSTA ESPOLIADA

shark
passa pra ca o penaltie.jpg
A Polícia de Segurança Pública tinha avisado: o crime violento aumentou no nosso país. Sobretudo o assalto à mão armada.

Hoje, em pleno estádio da Luz, seis milhões de portugueses sentiram na pele essa realidade terrível quando um cidadão de origem britânica nos espoliou da glória dos vencedores. Só uma pena de prisão perpétua na penitenciária da Multiópticas serviria de castigo para esse cámóne pitosga, esse mister danger dos relvados, esse bife vilão.

O Glorioso vai ser campeão.
Mas hoje fomos todos escandalosamente roubados!
28
Mar06

Conta-me Histórias...

shark
ilu(sionan)do-me.jpgaqui

...daquilo que eu não vi *

Que o poeta é um fingidor já toda a gente sabe. Agora, o que é admirável é observar quem, não sendo poeta, ou nem sabendo compor duas frases gramaticalmente correctas sequer, manipula a arte de fingir com tal mestria que quase poeta se diria. (ena, até eu já versejo)

A princípio, até dá para acreditar. A necessidade aguça o engenho, como se sabe, e a manha (que até rima com sanha) adquire um refinamento digno dos guiões de Fellini. Ele são odes à Família, Deus Pátria e afins e mais as declarações incendiadas de princípios e despudores ou então verdadeiros manifestos sobre a Vida e o Amor. Que mudam de protagonistas com a leveza de quem escreve uma rima, voláteis, como o carácter de quem os profere.

Depois, o excesso denuncia a verdadeira essência, a da carência. A contínua insistência em gritar ao mundo aquilo em que se quer acreditar, revela a real inexistência do que tanto se apregoa.
O que é genuíno é óbvio e não carece de afirmação contínua, repetida, a tresandar a falso, qual néon no meio da euforia que os inebria e tira a valia ao que tanto se esforçam por fazer crer. A si próprios, mais ainda do que aos outros.

É um processo com fases diversas, comuns a todos os artistas, apenas mais ou menos lento consoante o grau de empenho e fé.
Apreciadas e facilmente identificadas por quem assiste de camarote à performance. Do subtil e vagamente tímido palpar de terreno, passa para um crescendo de exercícios práticos nas várias potencialidades a explorar, atingindo por fim o êxtase do auto-convencimento.

É nesta fase que o seu amargo complexo crónico de inferioridade se transfigura em síndrome do espelho, espelho meu, haverá alguém mais bela do que eu.
Daqui para a frente, como num processo de adicção a uma viciante droga, é preciso mais e sempre mais.

São seres humanos sui generis, estes. E é um passatempo fascinante, observar-lhes o raciocínio tortuoso enquanto se pensam (e gabam de ser!) os maiores e mais espertos. Porque perdem a noção do ridículo que a sua actuação representa aos olhos dos "outros", nós, as pessoas que vivem vidas sem alarde, tão mais ricas que as suas e, por isso, sem necessitarem de publicidade.

Enquanto manobradores da difícil arte do embarrilamento, tiro-lhes o chapéu.
Despertam-me pena, enquanto meus semelhantes que nunca conheceram melhor vida que a do fazdeconta.

Mar
* do original dos Xutos e Pontapés
27
Mar06

A POSTALADA CAPITAL

shark
white sharks.jpg
Primeiro dos dias úteis. Uma utilidade duvidosa, excepto para quem encara o trabalho como um prazer. Eu também encaro o trabalho dessa forma, pois sinto-me fodido sempre que se torna imperativo prestar esse tributo à sociedade para que esta me aceite e me reconheça como um igual.
Integro-me na cena porque não me assumo pária, presto serviços, prostituo a minha energia em troca de uma remuneração que me permitiria adquirir os símbolos do estatuto que merece quem melhor se governa neste jogo social.

Eu governo-me bem, como qualquer mercador numa terra de vendilhões (das próprias almas, até). Esforço-me por bulir de uma forma não mercenária, evito cegar pela ambição recusando a ilusão de me equiparar a um pequeno milionário por via de possuir meia dúzia de sinais exteriores que fazem um vistaço na figura de qualquer cidadão como eu, de classe média. Esturrico mais facilmente o pilim numas imperiais e numa bela sapateira do que num calçado finório na sapataria da moda. Sou assim, algo desenquadrado do meu meio. Sem classe alguma a defender.

A minha origem é mesmo o povão. Só o milagre de uma Revolução, acontecida na melhor altura para os putos de famílias sem cheta nessa época, me permitiu acompanhar o agregado familiar na sua escalada, na ascensão à etapa seguinte da degradação moral inerente à sede de enriquecimento que nos afasta do essencial. Porque a fuga às privações monetárias implica a concentração num objectivo incompatível com a manutenção de um contacto familiar (e não só) próximo e saudável. As repercussões desse caminho pela ambição acabam por se fazer sentir, quando tudo gira em torno da sede de trepar até ao ponto mais elevado possível da cadeia alimentar de uma economia canibal.
Por isso mesmo abdico do sucesso tal como o medem agora, recuso trabalhar fora de horas e, dizem, isso faz toda a diferença no percurso de um trepador social acelerado, de um vendedor.
Pois faz.

O trabalho por gosto, excepto para uma minoria de apreciadores, de lutadores, de sonhadores e acima de tudo de felizardos é um luxo. E eu não gosto do meu porque me impõe (como todos) uma carrada de sapos para engolir, uma espécie de vassalagem aos que (lá em cima) só acreditam na capacidade dos que abraçam determinado perfil. Fato e gravata. Na mona. Padronizado. Olhar frio e discurso consensual. Nenhuma rebeldia. Alinhamento perfeito com a postura que se entende ideal. Uma espécie de chefia à distância, por inerência, sobre quem renegou o conforto de um salário pago por patrões.
E eu sou alérgico à autoridade moral que o dinheiro lhes dá, ou seja a quem for, sufoca-me o poder que o dinheiro garante. Salvo raras excepções que resultam de uma improvável mas feliz conjugação, quando o vil metal se concentra nas melhores mãos. Sou um não alinhado e por isso me entendem como uma espécie de ameaça velada ou, no mínimo, como um mal necessário.
Porque sou “bem sucedido” apesar de refilão, capaz de circular por esta estrada que é afinal uma pista de competição, vencedor na minha corrida nos moldes que a sociedade definiu como bitola.

Porque hoje é segunda-feira apeteceu-me discorrer acerca da labuta (essa puta) que nos é imposta na mais generosa fatia de cada dia que nos compete viver num mundo pensado assim. E do bem material que a sustenta e nos move nesta jornada de luta em horário de expediente and behond. O discurso não soa optimista e até me permiti recorrer a um palavrão ou dois, mas acreditem que apenas resulta de uma visão pragmática de quem acaba de se despedir de mais um abençoado fim-de-semana. Um pequeno desabafo, para justificar a utilidade do blogue e vos dar mais umas dicas acerca do respectivo co-autor.

Agora é vergar a mola, na boa, de olhos postos no final do dia em que os objectivos são outros, bem melhores, e com a mente aguçada para me guiar o jogo de ancas necessário para porfiar nesta guerra sem quartel pelo lugar ao sol num espaço onde predominam as sombras. Sem apanhar com os estilhaços das deflagrações alheias, sem espalhar em meu redor o metal incandescente da minha própria rebentação.
Sem pressa nem aflição, ziguezagueando por entre os torpedos dirigidos à consciência, à irreverência, à capacidade de resistência às agressões do exterior.

E eu vagueio pela realidade alternativa que construo aos poucos, liberto uma parte de mim que passeia sem preocupações, alheia a este ritmo frenético que não passa de uma estupidez sem sustento.
Vou então para fora cá dentro. Blindado pelas convicções.

E desarmado pela lucidez.
26
Mar06

Dias Assim

shark
passeionocampo.jpgfoto Mar
Gosto de dias assim.
Soalheiros, de aragens frescas.
Uma nuvem de cabelos, esvoaçante, em torno de um pescoço desnudo.

Nas notas de um perfume que nos envolve, mora o registo do tempo que o imortalizou na nossa memória olfactiva.
Como um filme antigo, em câmara lenta, visionado em repeat mode.
Gosto de lembranças assim.

Mar

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