Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

04
Set05

A POSTA NA FESTA

shark
bandeiras vermelhas.JPG
Só um dos partidos portugueses conseguiria organizar um evento assim. Esforço colectivo, voluntário. Horas oferecidas pela mais ambiciosa das realizações.
Impressiona, seja qual for a perspectiva ou a ideologia. Eu não sou comunista, apenas de esquerda. Mas aprecio a capacidade de mobilização em torno de um ideal, pois é dessa mola que nascem todas as revoluções.
Deixo-vos com algumas imagens que retratam parte do que retive desta festa popular. Uma boa impressão, aliás.

ches.JPG
O rosto mais visto na edição 2005 da Festa do Avante.
avante shark.JPG
O shark estava lá...
multidao.JPG
...e o resto do oceano também.
festa rija.JPG
Com uma pedalada notável...
avante beja.JPG
...e uma irrepreensível organização (vi com estes dois que a terra há-de comer)
02
Set05

A POSTA ENROLADA

shark
sex simbol.gif
Fiquei feliz quando pude olhá-la de novo. Sentia-lhe a falta, por vezes. Do cheiro intenso, único, que a distinguia. Da sua influência decisiva no meu humor. Do fumo que parecia envolvê-la como um manto de nevoeiro numa cidade portuária qualquer. Quando a olhei não pude deixar de sorrir.

Não tardámos enrolados, ela sobretudo. Enrolada a preceito, depois de aquecida com jeito, pontas da seda nos extremos das minhas mãos. As pontas que lambi, sem pressa, mais o caminho a percorrer entre cada uma delas.
Espalhei a substância a todo o seu comprimento, lentamente, até ao momento de a enrolar, de completar o movimento que a recheava como uma lula. Depois, cobri esse recheio com uma fina película de papel, como uma couve lombarda abraça uma salsicha. E o meu apetite por ela despertou.

Peguei no isqueiro e rocei a chama numa das pontas e envolvi com o calor dos meus lábios a extremidade oposta. Dela inspirei uma obra-prima, um clássico da ficção, uma maravilhosa nave espacial, em voo picado para os mais altos planos. Depois expirei. E inspirei outra vez, introduzi-a aos poucos em mim. No meu sangue já ela corria quando a coisa me bateu.

Muito mais do que a primeira que fumei.
01
Set05

RASGAR COM PALAVRAS

shark
pelas costas.JPGFoto: sharkinho
Às vezes apetece-me rasgar com palavras este fundo branco que nos serve de papel virtual. Ou pincelar com fúria manchas de cor escritas a partir da minha vontade de agredir o branco com explosões de prosa. Cobri-lo de uma ponta à outra com algo que o envergonhe da sua inexpressividade e o faça engolir o desafio, o do vazio que se encontra quando uma nova folha nos domina o monitor.
Branca e sem nada para nos dizer. À espera do que vier. Parada.

Penso na forma adequada de enfrentar a situação, um tema à maneira ou uma história porreira. Mais uma foto catita ou uma imagem bonita para agradar a quem a possa ver. A esta folha rasgada, mal ou bem, pelas palavras tecladas por mim. Que os teus olhos acabam de ler. Nada a fazer, o fundo branco acinzentou. Salpiquei-o com o sangue preto que as palavras espalham no simulacro virtual de papel. Cortes horizontais, para que por detrás de cada linha, de cada frase, possamos imaginar um ocaso magnífico ou qualquer outro retrato que ocorra à imaginação. E disso se trata, de cada vez que enfrentamos este manuscrito electrónico na arena da criação. O branco desarmado contra o gume afiado das palavras que o rasgarão em pedaços de gente falada em português.

Podia contar-vos uma história, das muitas que as pessoas nos dão. Coisas da vida. Ou podia dissertar de forma apaixonada acerca de um tema que me seja caro. Com a convicção de quem esgrime um punhal diante da tela vazia. Podia simplesmente partilhar convosco emoções. Coisas da vida também, coloridas. Na primeira pessoa ou mesmo na condição de voyeur. Mas não o farei desta vez.
Apenas vos exprimo a minha vontade de atacar esta coisa branca que me intimida porque me afasta de cada um de vós, enquanto descubro como a preencher em condições.
E depois a dor de perceber, às vezes, que não valeu o sacrifício da folha postiça. Um remorso, por manchar de cinzento a ausência de cor, em vão, e afinal comprometer a aproximação desejada. Contigo, que lês estas palavras que espalhei pelo monitor, sejas quem fores, em busca de algo diferente que eu tenha para te oferecer em troca do tempo que me dás.

Mas hoje, nesta posta de recurso, a folha branca sou eu.

Pág. 4/4

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO