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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

23
Set05

NESSUN DORMA

shark
veni vidi.JPGFoto: sharkinho
No meu sonho eu não sou o príncipe encantado, apenas defendo os seus ideais. Cavalgo pela praia em busca dos inimigos do reino, olhos postos no mar que me ladeia. De vez em quando enfrento um dragão, dos que ameaçam uma donzela refém. Para treinar a coragem, temerário, aos olhos do adversário. E pelo amor também.
O castelo no cimo da falésia, imponente, revela nas suas ameias as testemunhas das façanhas que não preciso provar. À vista desarmada reluz a minha espada quando a empunho para lutar. Pela causa. E pelas vitórias acumuladas nas batalhas disputadas em nome de um rei que casou e procriou e assim se fez feliz. Por um triz, quando a vida lhe salvei.

No meu sonho sou o cavaleiro mais forte de quantos a rainha abençoou, ilustre guerreiro que tudo conquistou. Sem medo de morrer, leal até ao fim. O primeiro a cravar esporas quando soam as trompetas que mandam avançar o exército de um homem só. Eu, em cima de um alazão, escudo num braço e lança na mão. A galope, rosto salpicado pelas gotas com sal depositadas no areal pelas ondas que ali desmaiam a força que as criou.
Brilham ao sol as armaduras dos que tombam à minha passagem pela margem da baía. Gritos de guerra abafados, silêncios rasgados pelos gemidos de dor. Até ao ruído final. E depois sepulcral, a ausência de som.

Do meu sonho vencedor só acordo no fim.
Mas no teu pesadelo nunca adormeci.
22
Set05

CULPA MINHA

shark
no fundo.JPGFoto: sharkinho
Acontece-me imenso. No meio da fúria que por vezes me controla digo e faço coisas de que me arrependo depois. Fujo de mim nessas alturas, incapaz de me entender e de encontrar uma plataforma lúcida para o diálogo interior. Para evitar o pior.
Não consigo. Deixo-me dominar pelo lado menos bom de uma personalidade talhada para a confusão. Expludo impropérios e impludo em terríveis conclusões. Uma amálgama de raiva desnorteada com uma tendência vincada para a loucura temporária.
Entretanto já passou. E eis-me de novo confrontado com o remorso costumeiro, a minha penitência de estimação.

Dou o braço a torcer, sempre que me reconheço fora da linha perante seja quem for. E forço muitas vezes as tentativas de reconciliação, apesar das inúmeras desilusões que esta mania me traz. Prefiro dar-me bem com as pessoas, mas não lhes tolero provocações. Perco a razão à partida, desproporcionado nas reacções. Vou longe demais. E isso não é bom, pois gajos como eu passam a vida apanhados em contrapé.
Ajo, no fundo, em conformidade com o impulso que me trai. É este o retrato dos meus momentos piores, hoje como num passado que sinto distante mas nunca passível de olvidar. Faz parte do homem que sou. E aqui estou.

À míngua da vossa simpatia.
À mercê do vosso desdém.
21
Set05

A POSTA NAS TRASEIRAS

shark
faz de conta.jpg
Alguém sugeriu o título desta posta na caixa de comentários da casa do tubarão. Pelo título percebe-se do que se trata e é um assunto que não me lembro de ter abordado de forma directa neste blogue. Confesso que não tinha encontrado até à data uma abordagem à altura e continuo sem a certeza de que o conseguirei. Mas ando desertinho para retomar o tema sexo no charco e achei que seria interessante enfrentar este desafio. Sem rede.
Ou seja, acabei por desistir de planos e de conjecturas e estou a escrever "em directo" aquilo que me ocorre acerca de um dos maiores tabus do sexo heterossexual: o sexo anal. Distingo a heterossexualidade em específico apenas porque nunca tive acesso a outras perspectivas que não desdenharia abordar. E não gosto de falar acerca de matérias que não domino, sobretudo quando está subjacente uma opinião acerca do que falo. Favorável, no caso em apreço.
Vamos lá então...

É inegável que o assunto causa desconforto, mesmo entre casais com anos acumulados de intimidade na cama. Por isso o apelidei de tabu mais acima, pela visível renitência da maioria das pessoas em enfrentarem as suas vontades e/ou fantasias, enfim, mais arrojadas. O sexo anal parece-me entrar neste grupo das "vergonhas" que muitos(as) ambicionam mas ninguém quer debater. Se estou errado é porque me tenho dado com gente tímida aos magotes e não há nada a fazer.
Não é fácil encontrar uma forma de colocar um desses apetites clássicos (o homem que nunca fantasiou com um cu que avance com a primeira palavra) à pessoa que temos connosco na cama, sobretudo se as condições não são as ideais em termos de intimidade, de à-vontade ou da privacidade indispensável para uma "extravagância" carregada de mitos e de cargas pejorativas.

O mito da dor é o primeiro. Pinta-se a coisa como se um pénis se transformasse de repente num gargalo de garrafa e um ânus não passasse de uma argola rígida de metal. Um absurdo, claro está, até porque se as dores de uma penetração inaugural fossem assim tão insuportáveis o número de virgens não parava de crescer. E nem consta que sejam experiências directamente comparáveis. Mas é um pretexto como outro qualquer para nos perturbar a mona e nos afastar do prazer e da realização pessoal. Não faltam dessas merdas que nos castram.
Até num hipermercado é fácil de obter um gel lubrificante para eliminar o efeito da fricção. E a elasticidade do ânus, posta à prova a partir do interior em determinadas superproduções intestinais, tem milénios, quilómetros de experiências bem sucedidas. E aquela história do Reinaldo e da Laura Diogo não passou de uma lenda urbana para papalvos atesoados e doentios...

Mas existem outros aspectos que condicionam as pessoas nessa delicada opção que um corpo nos dá. O nojo (sempre presente de alguma forma quando o sexo protagoniza) é outra das barreiras psicológicas de alguns, bem como o tradicional medo das consequências (há adultos que temem que o ânus não regresse ao tamanho original depois de alargado dessa forma). E mais uma carrada de falsos argumentos que diabolizam o que deveria ser uma alternativa a considerar sem reservas. Claro que falo sob a confortável perspectiva de quem vê o assunto do lado mais simples e menos assustador da coisa, mas é esse que me compete e do outro lado da história que fale quem puder e souber.

O sexo anal é uma maravilha, afirmo-o como homem que não abdica do instinto natural para possuír, para dominar a fêmea que me deseja, que me quer dentro de si. Na minha ideia, representa um passo fundamental na evolução de uma cumplicidade a dois. Porque requer muita confiança. Um bruto pode provocar enorme sofrimento dessa forma e é natural que se escolham homens capazes de mudanças de ritmo em função da pessoa e da circunstância. Neste contexto, se uma mulher me aceita como parceiro no sexo anal eu entendo o gesto como uma evidência do seu empenho e da sua sensualidade explosiva, aliados a uma confirmação clara dos sentimentos de confiança e de proximidade que lhe inspiro. É a minha forma de o sentir e não pretendo fazer escola, insisto.

A simples concretização desse passo elimina a hipótese de a vontade degenerar em desejo obsessivo, como parece acontecer a alguns. Constou-me até a negação de tal privilégio como explicação para o fim de matrimónios, embora eu admita que possa ser um exagero. Mas nem são necessários pretextos, na minha óptica. Sexo propriamente dito implica a exploração dos corpos no máximo do seu potencial para o prazer, sem fronteiras. É assim que explico a minha versão acerca deste falso melindre, desta tolice fantasma que nos inibe até de conversar sobre "essas coisas".
E claro que fica salvaguardada a divergência de sensibilidades e de opiniões. Não tenho o monopólio do conhecimento nesta área específica, como reconheço acima, e posso falar apenas da minha experiência pessoal (como sempre fiz).
É essa que me concede o direito de fazer a apologia de tudo quanto na vida me impressionou.
E em algumas questões sou um gajo muito impressionável...
19
Set05

A POSTA IMORAL

shark
meme.jpgFoto: sharkinho
Nunca consegui assimilar na catequese aquele conceito bizarro de "dar a outra face". Era um puto, mas lembro-me de me rir à brava quando percebi o fulcro da questão. Levar uma lambada e oferecer o outro lado da cara para encaixar a segunda...
Foram estes aspectos secundários que me levaram a questionar a moral cristã. Daí à crise de fé, incendiada pela reacção hostil que as minhas interrogações suscitavam, foi um tiro. Iniciado este processo, não tardaram as repercussões.
Acabei expulso do templo, diante da multidão de crentes-vizinhos, no que constituiu o primeiro rude golpe na imagem pública do filho dos meus pais, porque perguntei em voz alta o que estava a fazer ali e porque me obrigavam. Foi o advento da ovelha ranhosa de uma família a que em tempos pertenci.

Mas regresso à cena da estalada.
Antes mesmo da entrada (fatal comó destino) para o rebanho da paróquia local, já o meu pai me ensinava os rudimentos de defesa para qualquer puto de um bairro cheio de durões. E não tardei a perceber que a melhor defesa, na maioria das circunstâncias, era o ataque surpresa. Oferecia a outra face mas era para distrair o opositor, enquanto a mão alçada ou uma valente joelhada resolviam a situação. Violência gratuita e tal. Pois é. Mas deu-me um jeitão, quando a rua me provou que o cota tinha razão. O respeito conquistava-se dessa maneira, à viril das avenidas, e não havia lugar para a misericórdia.

É que os gajos normais até caíam em si, se um tipo lhes oferecesse a outra bochecha. Mas os mesmo maus reagiam como os cães selvagens perante uma pessoa com medo. Mordiam a doer. E um tipo aprendia a lição, à custa dos católicos que se deixavam espancar em nome de um conceito de duvidosa aplicação. Na prática, enfardavam que nem coirões e não havia santinho que lhes deitasse a mão nessas difíceis provações. Um nobre sacrifício, mas em vão. Os filisteus não se convertiam e nós agnósticos também não...

Isto para explicar que mesmo nesta fase menos agitada da minha vida ainda não encaixei a coisa, embora lhe reconheça enorme potencial em determinados contextos. Até já pratiquei, só por piada, e confirmei o pressuposto mais acima: mordem que nem cães e não apreciam a beleza de uma atitude tão louvável. E depois um gajo tem que retribuir, ou nunca mais lhe largam as pernas. A ele e a quem se prestar a esses rituais de beatificação que o mundo real, que não reza por aí além, só entenderá quando o Cristo regressar para pôr ordem na barraca em que se tornou esta complicada criação do seu Pai.
Ignorar quem me ameaça ou agride, ainda vá. De vez em quando. À primeira.
Mas quando insistem em repetir a graça, molhando a sopa no aparente bonzão, a coisa muda de figura.
Não me fico.
É que o respeitinho é muito bonito...
19
Set05

A POSTA NA TEIMOSIA

shark
Quem vê caras não vê corações, não é? Mas por mais que se escondam os factos para ocultar a realidade, a verdade acaba por se impor e a justiça prevalece.
Insistes em mandar sinais da tua baixeza.
Mas não há como contornar o problema, méne: aquilo foi mesmo uma

sangria.JPG
E a camuflagem não resultou...
19
Set05

A POSTA NO SEGREDO

shark
3mglass1.jpg
É como revistarem-nos as algibeiras, quando nos atiram à cara algo que descobrem no nosso blogue e disso se servem como arma de arremesso. No fundo, limitam a nossa liberdade ao fazerem sentir a sua presença na qualidade de "investigadores".
Já me aconteceu, por mais de uma vez.
Por isso mesmo, o anonimato nestas coisas é mesmo fundamental. Sobretudo perante as pessoas com quem temos de lidar cara-a-cara.

Um blogue é como um diário íntimo e o cadeado é a nossa identidade secreta.

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