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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

29
Set05

A POSTA MENSTRUAL

shark
cada vez mais.JPGFoto: sharkinho
A conversa estava animada. Eramos quatro homens a falar acerca de gajas (tinham-se esgotado entretanto os assuntos futebol e automóveis) e nesse tema tão importante todos (julgamos que) temos algo de significativo para dizer.
Claro que cada um contou as suas histórias, verdadeiros épicos da sexologia, até ao momento em que um de nós decidiu assumir um "flop" (coisa rara). Os restantes, eu incluído, silenciaram em absoluto para ouvir o desabafo sincero de um macho que se preparava para explicar um fracasso na cama.
Ainda por cima estava em causa uma daquelas mulheres que fomentavam o consenso: boa comó milho, linda e com uma postura irrepreensível que lhe garantia o respeito de cada um nós. Uma mulher invulgar. E o nosso amigo Carlos M. tivera a sua oportunidade de ouro, nascida do convívio fortuito num curso de computadores. Encostámo-nos às cadeiras para nos concentrarmos nos detalhes de tamanha tragédia.

O Carlos lá deu início à parte da história que rapidamente se transformou numa seca. Debitou ao longo de alguns vinte intermináveis minutos o seu irrepreensível trabalho de sedução. Conquistador, um verdadeiro Pizarro do engate (considerando o que adiante resumirei). A música tocou até à parte em que entraram no quarto os dois. Aí, a agulha deslizou sobre o vinil como o giz arranha o quadro da escola. Um arrepio.
Tudo feito e afinal nada aconteceu. Boquiabertos e de sobrolho franzido, solidariedade de classe hipócrita, inclinámo-nos os três sobre a mesa da cervejaria para o ouvir melhor.

- Eu entro com a gaja, - afirmou o Carlos, todo gingão - conversamos um bocado e não tardou nada estava a tirar-lhe o soutien.

Um bruá interior no trio de espectadores. E o tipo prosseguiu.

- Começo no remelganço, mexe aqui beija ali e às tantas começamos a despir-nos, eu todo maluco e tal, a gaja tira as cuecas e eu topo lá um penso higiénico. - uma pausa estratégica para morder as nossas expressões - A gaja, pá, tava com o período e não me disse nada!
Ainda bem que estava sentado ou cairia de costas com toda a certeza. O meu amigo Carlos, garanhão, conforme adicionaria à sua explicação, rejeitou uma rapariga sensacional como se ela tivesse revelado uma doença sexualmente transmissível. Por estar com o período. E não ter avisado o rapazola dessas terríveis circunstâncias...
Os outros concordaram com ele, não sei se por simpatia. Eu não. Deitei as mãos à cabeça e pensei nas nozes em bocas desdentadas. E estraguei o ambiente da mesa com a espontaneidade da minha reacção. Quase nos envolvemos à porrada, o Carlos e eu, pelo rumo que a conversa tomou. Nunca mais voltámos a ter uma relação em condições.

Foi num livro do Henry Miller que encontrei pela primeira vez uma referência ao sexo que envolvia uma amante "periódica". No meio da deliciosa e detalhada descrição que o tipo fornecia acerca de qualquer mulher, o facto de a cena envolver o fluxo menstrual da amante em questão em nada diminuía a intensidade do que se passava entre os dois. Nem podia, concluí na altura. E confirmaria quando me confrontei pela primeira vez com a situação.
Implicava um simples problema de logística e nada mais. Uma toalha de rosto para evitar as manchas nos lençóis, uns lenços de papel e um duche abundante no fim. E pronto.

Faz-me confusão este nojo bizarro que se agarra à mona das pessoas. Um contrasenso sem explicação. E sei que se trata de um assunto desconfortável para a maioria das pessoas (de ambos os sexos), mas isso só poderá algum dia ser ultrapassado se alguém se pronunciar a propósito. Para podermos falar e pensar estas coisas que interferem directamente nas vidas que levamos.
A forma como me têm colocado a questão do período nas mulheres como óbice a um acto sexual é equivalente, no tom, à que me transmitem quando se fala nas mulheres que praticam sexo oral mas recusam que um homem se venha nas suas bocas.
É essa sensação de nojo uns dos outros que me perturba.
Por isso reagi, sem pensar, na minha primeira intervenção perante o discurso do Carlos M. e azedei a conversa: "Tu estás é a dar em paneleiro...".

No fundo, acabei por fazer tábua rasa da sensibilidade de outra pessoa. Fi-lo sentir-se mal com a sua reacção, condicionada pela educação que lhe foi incutida e por imensos factores que me transcendem. Armei-me ao pingarelho, apenas por ter uma opinião diferente da sua. E não é isso o que pretendo fazer aqui.
Quero apenas levantar a questão, sem me abster de vos transmitir a posição que assumo.
É que no teor da mesma está embutida a minha escala de valores nestas coisas e nenhum desses valores me compatibiliza com o outro lado do problema.
Nunca entenderei o embaraço de muitos homens perante aquilo que me faz ocorrer à ideia apenas a beleza do que num corpo de mulher a conota com a possibilidade teórica (ou prática) de ser mãe.
E ainda menos compreendo a desorientação (que testemunhei anos atrás) de uma mulher adulta pelo simples facto de me deixar à vista o tampão que utilizou.

São coisas que me impressionam e que ilustram algo de errado na forma como lidamos com um facto tão natural e isento de merdas. Só por isso me decidi a abordar a questão, aparentemente melindrosa.

O Charquinho não é o blogue indicado para quem prefira cultivar tabus.
28
Set05

RUÍNAS FUMEGANTES DE TUBARÃO

shark
saudade minha.JPG
Claro que o gajo tinha que dar ca língua nos dentes. Tou a falar do João Pedro da Costa, esse tripeiro blogueiro por quem um dia me apaixonei. Pela obra, claro, embora a pessoa tenha potencial para me apanhar distraído numa noite de nevoeiro...
O gajo anunciou na caixa de comentários do Ruínas que ele, o grande PN do Fumos e, não percebo como nem porquê, este vosso esqualo de estimação, seremos parceiros num blogue colectivo. Uma coisa simples, claro, que nós somos um trio de simplórios.

E claro que nesta orgia blogueira de homens com quem estive na cama ou por quem quase saí dela (dela cama, é uma private joke goesa) acabarão por surgir gajas. Inevitável, para compor o ramalhete desta versão bloguista do trio odemira que ou muito me engano ou vai dar merda.
Nos bastidores, aliás, o ambiente já aqueceu. É que este nosso amor, nascido meses atrás e consolidado no decorrer de uma ocasião especial (I love Mantas), não é um amor vulgar. É feito de emoções contraditórias, intensas, num modelo de paixão que pode levar uma pessoa à loucura. E vamos blogá-la não tarda nada, se entretanto não partirmos a loiça na retaguarda da nossa geraldina.

Aliás, a minha posta de há dias acerca de sexo anal acabou por funcionar como uma premonição. Misturar-me com um tripeiro chanfrado e um alfacinha bem fumado só pode resultar num bacanal palavreiro onde o potencial sodomizado é o vosso amigo Tuby Silva, aqui o je. Lá o darei ao manifesto, se entrementes o ciúme e o instinto de posse não nos afastar do conceito original.
Sei que vou dar cabo de mim nesta empreitada, mas não consigo dizer-lhes não. A nada. É assim que o amor consegue manietar-nos a razão, empurrar-nos para os braços fortes e peludos de dois manganões que sabemos descontrolados nos movimentos peristálticos das suas depauperadas cabecinhas.

E agora a sério, que eu sou pago para trabalhar e neste novo blogue acumularei funções. Cabe-me avisar o nosso vasto núcleo de indefectíveis que não tarda nada daremos início aos trabalhos de montagem (o Ruinoso é um excelente montador) e de embelezamento (o PN é um chavalo muita giro) e de avacalhamento (nada a referir) do novo espaço de criações inúteis e sem qualquer objectivo a alcançar.
Para não nos afastarmos em demasia da linha a que habituámos os nossos prezados leitores.

espirito da coisa.jpg
27
Set05

A POSTA INÚTIL

shark
canonman.JPG
Às vezes ponho-me a pensar no que distingue o homem que sou aos quarenta do que fui na casa dos vinte. Claro que me ocorre de imediato a comparação em termos de desempenho sexual, que nós homens só pensamos nessa cena.
Existe um abismo entre essas duas versões de mim. Entre o gajo que dava com ele de cu para o ar na berma de uma estrada nacional, interrompendo uma caminhada de quilómetros com uma loira imparável, e o que hoje desdenha o interior de um automóvel em detrimento de uma autocaravana com duche quente e cama de casal.

Considerando o lado excêntrico da minha personalidade, que os grisalhos não conseguiram exterminar, até me vejo capaz de jogos eróticos no adro de uma igreja de província ou coisa assim. Ou seja, dou largas à loucura quando esta se apodera de mim.
Todavia, tornei-me mais selectivo. Nos ambientes e nas companhias. Não é uma questão de menos... entusiasmo, acredite quem quiser, mas apenas a vontade de ir sempre mais além do que a simples rapidinha ao som das buzinas e à luz dos faróis das viaturas que passam. E essa parece constituir a principal diferença, a exigência da privacidade que me disponibiliza para algo mais.

Ouvia esse discurso dos cotas, na altura, e pensava com os meus botões: "Pois, pois... Tens é falta de força na verga e agora contas-me histórias de encantar". Eles afirmavam que com a idade um tipo fica mais refinado na arte do amor, mais empenhado na qualidade do que na quantidade (sem, contudo, renegar esta última - o que é bom nunca é demais).
Hoje admito que tinham razão. Por muita piada que encontre nas trapalhadas que protagonizei, caçado a toda a hora pela polícia, pelos vizinhos, pelos pais ou pela guarda florestal em pleno desfrutar de uma maluqueira a dois. Ou mais.

Prefiro o sossego de um quarto de hotel, uma noite inteira para explorar (incluindo um sono retemperador, com os pelos do peito agitados pela respiração tranquila de uma amante especial). Um cenário mais intimista, mais privado. Mas que não afasta de todo o ritmo acelerado de uma sessão a roçar o pornográfico nas poses e nos sons. Algo que me seduz mais do que o sexo abafado numa tenda, campista de ocasião que sempre fui, ou despachado numa praia, cheio de medo de hipotéticas intrusões. Quase para cumprir, quando o gozo que hoje encontro reside no prolongamento concentrado de um delicioso ritual. O clima, que tanta importância adquiriu nesta nova fase da minha vida sexual, cultivado na atenção às questões de pormenor. As da outra pessoa também, submetida às suas próprias pressões, e que me esforço por descontrair. Basta fugir às circunstâncias que podem amplificar receios e preocupações, insistir num conjunto de factores que espantam os constrangimentos de ocasião. O tal recolhimento ponderado que evita as surpresas e os embaraços que podem deitar tudo a perder.

Hoje sinto que é essa a forma de estar que mais se adequa ao perfil que me moldei. E claro que isto nada vos diz ou interessa, mas faz parte da minha natureza e eu tenho que preencher as minhas postas com algo de meu para vos dar. Mesmo informação inútil como esta vos deve soar, coisas íntimas que é costume a malta guardar para si.
Mas eu sou assim e foi assim que vos habituei. Sou apenas mais um (o gajo regressou!), mas gosto de escrever as coisas que me definem, que possam nalguns aspectos distinguir-me da multidão.
E este é o suporte ideal para debitar o resultado inócuo das minhas introspecções.
24
Set05

A POSTA NO ALEGRE

shark
abril a serio.jpg
Como referi na posta anterior, sinto necessidade de falar um pouco de política. Sob a minha perspectiva, menos doutrinária e mais virada para o mérito das pessoas que a executam por mim (militante do sofá). Ou seja, não tenho paciência para debater as ideologias quando sei que essas pouco diferenciam a prática dos que as corporizam nas estruturas que a democracia disponibiliza.
Sou de esquerda e na maioria das coisas encaixo-me no que se convencionou apelidar de liberal. Por outro lado, sou nacionalista e coloco a Pátria acima de qualquer questão partidária ou ideológica. Interessa-me mesmo o melhor para o país. E o melhor para mim são as pessoas.

Existem gajos que me causam urticária só de os ver. Como o do bolo-rei à boca cheia, arrogante e autoritário. Ou o intelectual armado aos cucos só porque engatou uma gaja boa mas que é capaz de virar as costas à mão que um adversário lhe estendeu. Ou a figura mítica que se desdiz e trai um amigo por motivos que, estou certo, nada têm a ver com a defesa dos interesses da Nação.
Representam, à direita e à esquerda, um tipo de gente a quem nunca confiaria com o meu voto qualquer lugar proeminente na gestão do rumo do meu país. Gente falsa, sem palavra, gente mesquinha que apenas se serve da projecção mediática para subir nas sondagens que denunciam o muito que há por fazer nas mentalidades do eleitorado de papalvos que decide estas coisas. Papalvos sim, e basta citar os exemplos que nos chegam de Gondomar ou de Felgueiras, de Amarante ou de Oeiras.

Vamos falar sério: o dr. Mário Soares destes dias representa tanto os ideais de esquerda, socialistas, como o dr. Cavaco Silva representa os do PSD que há pouco tempo traiu (ou já ninguém se lembra da polémica do cartaz?) ou a direita representada pelo PP. São duas candidaturas tão sérias como o Benfica convocar o Eusébio para a equipa principal, o Sporting repescar o Yazalde ou o Porto contratar o Fernando Gomes (esse não, carago, o outro, o que também sabe jogar de cabeça mas não mete as mãos pelos pés).
Não estão em causa os mui dignos estatutos de avôs destas criaturas, mas sim o anacronismo destes males menores.
Eu sou de esquerda e apoio sem reservas uma candidatura do poeta Manuel Alegre. É nele que revejo a esquerda que gosto de apreciar. A força, a seriedade, o empenho, a ingenuidade de defender uma causa sem entregar a alma às sanguessugas. Não é um santo, o Manuel. Mas leio-lhe nos olhos e na voz uma forma genuína de viver estas coisas, uma sinceridade à flor da pele que lhe terá custado o ostracismo do aparelho partidário. Contudo, eu vou ajudar a eleger uma pessoa e não uma ideologia, vou votar no homem que me parece mais capaz de enfrentar com dignidade o desafio de manter na ordem uma maioria absoluta.
Sem hostilidade, apenas pela honra. Pelo lugar na história que o Manuel Alegre já mereceu e quer consolidar.

A candidatura de Mário Soares tresanda a bafio de bastidores, "apoiamos este, pois o outro não tem hipóteses de ganhar e o marocas até alinha sempre com a malta", tanto quanto a de Cavaco Silva é fruto do desespero de um centro-direita sem alternativas. Tão mau que até o advogado do Bibi sentiu a pressão da sociedade civil para avançar com a sua fantasia. O circo instalou-se de armas e bagagens na cena política nacional. Mas os palhaços somos nós, os que deixamos andar a cena sem ao menos motivarmos as pessoas de bem para recuperarem as rédeas desta carroça desgovernada.
É nesse contexto que apoio o Manuel Alegre, como não hesitaria em apoiar, contra Mário Soares e a desconfiança que me inspira, um candidato decente que a direita pudesse apresentar. É como nas autarquias: voto no partido que melhores provas deu, mesmo que tenha como certo o contrário numas legislativas. São realidades diferentes que as pessoas (e os políticos) confundem.

Sou benfiquista mas não me revejo nas cenas de taberna (apoios eleitorais descarados, trambolhões etilizados ou desacatos nas assembleias) que o clube da minha simpatia atraiu nos últimos tempos. Sou um benfiquista do tempo do Fernando Martins.
Tal como na esquerda não papo este grupo socrático que as circunstâncias favoreceram. Sou do tempo dos homens que lutaram pela Liberdade por convicção e que abraçaram a causa pública, que ainda não desistiram das suas utopias.

O Manuel Alegre é, por isso mesmo, o meu candidato presidencial. E pela parte que me toca, a única opção realista para embaraçar os que avançam pelo umbigo e não pela coerência.
24
Set05

A FOICE EM SEARA ALHEIA

shark
despiste.jpg
Raramente escrevo algo acerca de política no charco. Percebo pouco do assunto e sinto-nos a todos pouco motivados para o discutir.
Também não é meu costume meter a foice em seara alheia quando acontecem as tradicionais rixas entre blogues (entre as pessoas que os fazem), não só porque o assunto não me diz respeito mas porque existem sempre dados que escapam a quem está fora do convento.
Contudo, hoje vou abrir uma excepção nos dois casos. Falarei de política na óptica das pessoas mais do que das ideias (porque me interessam mais as primeiras, que as originam) e falarei mais de blogosfera e do impacto negativo destas guerrinhas absurdas na credibilidade do que fazemos do que nos aspectos que dão origem a (mais uma) troca dispensável de mimos blogueiros.

E começo por esta questão. Existe uma polémica pública entre o Rogério da Costa Pereira (o Monty) e o Daniel Arruda (o Daniel Arruda). Dessa questão por resolver têm nascido dezenas de palavras e de atitudes nas páginas e nas caixas dos dois blogues representados pelos nossos colegas que citei. E dessas atitudes tem resultado uma série de prejuízos para as imagens dos intervenientes (nada anónimos) e dos respectivos (e muito visíveis) blogues. Concentro-me nestes últimos.

Blogar a sério equivale a desviar horas de atenção diária para a criação e a manutenção de um trabalho público e ao alcance de qualquer pessoa. Acredito que não está ao alcance de muitos aguentar esta pedalada de jornal diário sem vergar na qualidade do que publica. E na estrutura emocional da pessoa que é, por detrás do monitor.
Este clima de peixeirada não me ajuda, enquanto blogueiro. Dou o meu melhor, como os outros, e isso justifica-se porque acredito neste suporte de comunicação. Até pelo calibre do que me é dado a ver. Não gosto de ver dois dos mais destacados blogues da praça protagonizarem uma discussão pública de questões menores que em nada contribuem para conferir seriedade ao seu esforço. E ao meu.

Misturar questões pessoais com reacções intempestivas ou mesquinhas a propósito da actividade blogueira é um disparate. O que sei dos intervenientes neste caso concreto até me permite concluir que possuem capacidade (provada neste meio inflexível em matéria de retorno) e inteligência (desmentida pelo teor autofágico das suas intervenções) para evitarem estas merdas.
Uma coisa são blogues e outra coisa são pessoas. Os primeiros são uma dimensão da realidade que os segundos lhe conferem. Uma visão parcial das pessoas que os constroem, por muito que se abram ao mundo nas suas postas.
O blogue reflecte-nos, no bom e no mau, mas nunca será uma reprodução fiel do que nos vai na alma ou dos contornos do nosso carácter. É que a pressão conduz-nos a erros de palmatória, a medos da exposição, a reacções estapafúrdias que nunca teríamos na nossa vida normal. Torna-nos diferentes, a blogosfera. Nalguns casos para pior.

Eu não sou isento de culpas em qualquer matéria, tenho os telhados de vidro mesmo à mão de semear. Mas não estou a pedir uma chuva de pedras. Quero apenas que a malta recorde a existência dos emails ou mesmo dos telefones para lidar com as dúvidas e os malentendidos que este suporte multiplica. Para não nos expormos ao ridículo a que o excesso de zelo pode acarretar e ao inevitável crescendo das proporções que estas coisas atingem. E nem sou dos que defendem a ideia de que "isto são só blogues". O meu blogue é um retrato muito aproximado do homem que sou, do que valho aos olhos de quem me pode avaliar por esta via e confirmar pelas que se seguirem, como já aconteceu com dezenas de colegas. Levo a sério o que de mim vos dou e preocupo-me com a imagem que transmito do Sharkinho, a alcunha que não me separa do nome que me baptizou.

A blogosfera merece melhor e os que a fazem, também. Como amigo de pessoas por detrás dos dois blogues que me motivaram esta posta, estes minutos da minha e da vossa atenção, só posso meter o bedelho e (nem que seja na pele de alguém que aprecia e respeita as vossas criações) contribuir com o meu quinhão para acabarem de vez com a exposição pública das vossas divergências. Mais vale darem-se ao desprezo, sempre que alguém tome uma iniciativa palerma. Ignorarem a questão.

Ou lidarem com a mesma longe dos olhares de quem nos procura com as motivações mais adequadas. E de quem apenas busca matéria para a cusquice que não nos enobrece ou beneficia de alguma forma.

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