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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

04
Jul05

A POSTA QUE GOSTAVA DE SER

shark
Steelworker.gif
Gostava de ter sempre a certeza de cumprir o meu papel no caminho para um mundo mais próximo da perfeição. Gostava de me saber, a todo o instante, capaz de acreditar e de contagiar os outros com a minha fé.
Gostava até de me sentir homem bastante para vergar o mal sob todas as suas formas, sempre que ele se cruza com o meu caminho (comigo mesmo) e com o das poucas pessoas que amo ou alguma vez consegui amar. Um homem forte, imune à corrosão das merdas que nos estragam, que nos tornam inferiores ao modelo que desenhamos nos dias em que o sonho nos conduz.
Mas não sou capaz.

Há sempre algo que me prova o contrário, que me ensina a desacreditar na capacidade de dar a volta por cima das inúmeras barreiras que a realidade do que somos e de tudo quanto nos rodeia consegue criar. Existe sempre um senão.
E eu sinto-me mirrar nesses momentos em que colido contra os muros das coisas tal como elas são, sinto-me aquém do melhor de mim e definho perante a desilusão que me dou e a que dou a quem me consegue acreditar.

Não abdico desta permanente exigência de ser uma pessoa diferente, uma pessoa melhor, de me moldar à imagem do gajo capaz de alcançar objectivo que tracei. E não me concedo qualquer forma de perdão quando me revejo numa pele distinta da que ambiciono, a pele ideal para mim. Não tolero o fracasso das ilusões nessa matéria porque são expectativas que me imponho, arrastando quem me rodeia para um patamar elevado e mal sustentado pela minha natureza irregular.
Depois, é maior o trambolhão.

Às vezes as coisas correm bem e permito-me ser estupidamente feliz, sobretudo pela felicidade que inspiro nas outras pessoas. E é este o segredo dos meus dias melhores. Os dias em que me sei na origem dos sorrisos, da beleza, da magia, da confiança, da alegria e de todas as emoções positivas marcadas pela minha presença nas existências de quem me quer bem. Só assim consigo apreciar o homem que sou. Só assim me considero merecedor.
Mas nem sempre é assim.

Gostava de estar sempre à altura do melhor que espero de mim. E nunca me arrependerei de manter a fasquia tão alta ao ponto de passar a vida a repetir o salto, vezes sem conta, até ter a certeza de que a consigo transpor em cada instante. Até ao dia em que morte me impeça de tentar.
04
Jul05

A POSTA NA CONCHA

shark
vieira1.jpg
Ela não me grama nem à lei da bala (e a culpa é toda minha) e acha que não sei escrever (e a culpa é toda minha, também). Temos perspectivas antagónicas em barda e divergências várias que nos colocam nos antípodas um do outro.
Contudo, seria uma arrogância da minha parte fazer de conta que não lhe reconheço o mesmo mérito que assumi na versão original do charco, quase um ano atrás: ela escreve muito bem e tem um estilo raçudo na defesa dos seus pontos de vista. Para o bem e para o mal é uma das minhas blogueiras de referência.

Hoje, dia do seu aniversário, entendi que seria uma boa oportunidade de lhe render homenagem e de lhe endereçar os parabéns que estou inibido de colocar na caixa de comentários do Controversa Maresia (de onde me baniu).
A vida é mesmo assim e a gente tem que aceitar as coisas como elas são. Porém, o talento nada tem a ver com as diferenças nos feitios ou com as turras que se geram entre as pessoas. E a Vieira, no meu modesto entender, possui o dom e faz falta a uma blogosfera cada vez mais precisadinha de gente capaz.

Parabéns para ela. Que conte muitos. E de preferência, sempre a blogar.
04
Jul05

A POSTA GRRAURR

shark
el-rei.JPGFoto: sharkinho
“A monarquia já deu o que tinha a dar. O Sporting não sai da cepa torta. O Totta foi parar às mãos dos espanhóis. Os Masai têm a panca de que só se fazem uns homens quando substituem o meu dentista e tentam fazer-me a folha a toda a hora. Alguns europeus ainda acham piada à caça grossa de espécies ameaçadas de extinção. Os jardins zoológicos são cada vez menos. Os circos com animais também.
Ninguém liga cartuxo ao rei da selva (cada vez há menos selva) e a única coisa que me salva o pelo é a excitação dos turistas nos seus safaris.
Não sei porque insisto em dar esta pala de soberano. Mais parvo só o Sharkinho, convencido de que ainda há quem ligue alguma importância à merda do seu blogue...”
04
Jul05

A POSTA DE BONS DIAS

shark
in vino.JPG
Já é tarde comó caraças, mas não resisto a esticar o Domingo até onde o bom senso me permite. Admito que não sou um adepto ferrenho de segundas-feiras. E nisso não sou original, sem dúvida.
Mas uma pessoa precisa de desabafar estas coisas e afinal de que nos serve um blogue se a malta não aproveita para destilar as suas ansiedades e incertezas?
Eu fico ansioso com a iminência de um novo ciclo de cinco dias a vergar a mola. Chamam-lhes os dias úteis e nunca percebi porquê. Na minha perspectiva, úteis são aqueles dias que chegam ao fim com a gente a ter a certeza de que foram bem passados. E os dias bem passados, como os bifes, são aqueles que não se cozinham em lume brando mas sim os que passam na brasa, plenos de cenas fixes. Daquelas que dificilmente acontecem nos dias a que chamam úteis, mas ao longo dos quais nos vemos forçados a levar com uma data de filmes que nunca passariam nas nossas salas de cinema de fim-de-semana.

Sei que este papo não é animador e em nada contribui para estimular seja quem for a enfrentar a utilidade intrínseca de uma segunda-feira. Porém, há coisas que uma pessoa não consegue guardar dentro de si próprio. E tendo um blogue, claro está, um gajo sente-se no direito de maçar os outros com estas merdas, mesmo sabendo enquanto as escreve que mais valia enfiá-las no sítio mais recôndito e afastado do alcance de outras vistas que lhe fosse possível.
Mas não há nada a fazer. As palavras brotam na folha em branco e eu sou incapaz de censurar-me, tanto como sou incapaz de exercer a censura relativamente ao que os outros escrevem. Mesmo que me desagradem algumas coisas que acabo por ler. É a porra da liberdade de expressão, esse conceito valioso que funciona como uma faca de dois gumes quando temos que optar entre a franqueza inconveniente e o silêncio hipócrita.

Claro que tenho plena consciência da necessidade de existirem segundas-feiras. Até compreendo a premência dos restantes quatro dias ditos úteis. E acabo por amochar em cada um desses dias, mesmo sentindo que a minha existência seria bem mais simpática se lhes pudesse conferir uma utilidade mais própria de um feriado ou coisa assim. Dias úteis...
A economia é uma cena muito importante. E arbeit macht frei, perdoem-me esta alusão sinistra.
Ainda assim, raios me partam, não consigo deixar o fim-de-semana ir-se embora sem uma estranha sensação de perda. E de vos transmitir o meu desconforto perante essa desconcertante impressão.
A tipos como eu não deveria ser permitido o acesso a estas insidiosas ferramentas de propagação da preguiça.
Como é que vamos construir um dia um mundo melhor enquanto houver fulanos capazes de questionarem as coisas realmente importantes da vida?
03
Jul05

INCONFESSÁVEL

shark
ilha dos amores.JPGFoto: sharkinho
Apenas o sol testemunhou aquilo que te sussurro. Ouve o segredo que grito mas apenas os teus olhos conseguem decifrar. (re)Vê com o coração as imagens que as minhas palavras não podem contar a ninguém.
Estive lá agora mesmo e tu não faltaste à minha chamada.
Sente na alma aquilo que te recordo e confessa em silêncio a saudade que só eu saberei adivinhar.
02
Jul05

A POSTA NOCTURNA

shark
noite em praga.JPGFoto: sharkinho
Eu amo a noite. Ergo os meus braços às estrelas e entrego-me à magia da escuridão rasgada pela luz prateada do luar que me ilumina as mais intensas paixões.
Amo a noite pela memória do melhor que vivi e ofereço-lhe na penumbra o penhor emocionado da minha gratidão.
01
Jul05

A POSTA DO LIXO

shark
sacos no rio.jpg
A vingança não é uma atitude bonita. Pois não. E eu nem costumo exercer com frequência esse direito à retaliação que todos, ou quase, sentimos pelo menos uma vez ao longo da vida.
Contudo, o facto de eu preferir olhar-me no espelho e ver um homem de bem não implica que me predisponha a cruzar os braços perante algumas situações que me revoltam ou repugnam. E isto aplica-se também às injustiças que vejo cometer relativamente a outras pessoas, com especial preponderância quanto às pessoas que estimo.
A injustiça é sem dúvida a razão das minhas mais tristes reacções para com terceiros.

Por norma, quem é capaz de lesar os interesses dos outros sem justificação não possui a maior parte das características de uma pessoa em condições. A coragem, por exemplo, costuma estar ausente das personalidades menos recomendáveis. Cobardes, apontam as baterias a quem pressentem mais vulnerável e menos capaz de agir em legítima defesa. E fazem-na pela calada, para limitarem ainda mais a hipótese de se verem confrontados com o troco merecido para as suas baixezas.
Odeio gente assim e sou capaz do pior, acumulei alguns exemplos pouco abonatórios da minha bonomia ao longo da vida, para lhes fazer sentir na pele o desconforto ou mesmo o medo que suscitam aos outros.

Não me orgulho desta minha prerrogativa, nem a louvo enquanto regra de conduta. Mas não consigo reprimir-me quando as más acções dos sacanas afectam alguém, sendo a minha resposta proporcional aos danos causados e à vulnerabilidade das pessoas afectadas. É feio, bem sei, mas reajo por instinto e só depois me arrependo.
Assumo esta mácula perante vós por não querer criar uma imagem de santo que não corresponda à verdade dos (meus) factos tal como a tenho revelado neste blogue.

O pretexto para esta posta é idiota. Há meses que um vizinho anónimo despejava no patamar de entrada do edifício, por cuja limpeza assumi a responsabilidade dado tratar-se de um acesso ao meu escritório, todo o lixo que encontrava na sua caixa de correio.
É uma treta sem jeito nenhum, mas irritava-me pela repetição e pela impunidade.
Hoje, finalmente, alguém apanhou o suíno em flagrante quando ele deitava para o chão de forma displicente a propaganda e outros detritos que lhe atafulhavam a caixa.
Ainda por cima trata-se do “moralista” de serviço (todos os edifícios têm um), daqueles gajos que pegam por tudo e por nada para chatearem a cachimónia da vizinhança.
Agradeço ao destino não me ter cruzado com ele na hora desta revelação, para não transformar uma coisa de nada num problema mais sério.

E eis a minha confissão. Tudo quanto ele despejou na escada, mais todo o lixo que consegui reunir na altura encafuei na caixa do correio do bacano. Enquanto o fazia repeti várias vezes em voz alta que era eu o autor da proeza (sabia que ele estava em casa na altura), para que não lhe restassem dúvidas da porta a que poderá bater se quiser pedir satisfações. Que peça, eu dou-lhas...
Um disparate pegado, pois é, e nem faz sentido servir de mote a uma posta. Mas nós pessoas somos feitos destes pormenores e nem todos correspondem às nossas melhores intenções.

Por outro lado, já vos dei a saber de mim o bastante para que não me tomem por arruaceiro, não sendo de forma alguma um anjinho como gostaria. E assim aproveito para fazer passar a mensagem de que por muito porreiro que eu seja quando me tratam com respeito e cortesia, não me inibo de reagir em conformidade (e nem sempre na proporção) quando me pisam os calos ou a quem me seja próximo.
Mea culpa. Tenho mais de tubarão do que de peixinho dourado. Mas só tem a temer quem faça de conta que não percebeu o recado que aqui deixo, disfarçado por entre o meu desabafo pseudo-“ambientalista”...

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