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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

31
Jul05

SEGUNDA VEZ

shark
soprati.JPG
É de um recomeço que se trata. Uma segunda tentativa, melhor do que a primeira porque livre do condicionalismo que perturbou algures a evolução que prevíamos natural.
De um recomeço com novas regras e com outras que queremos iguais, a verdade essencial, a lealdade fundamental, mas com as mesmas ambições. Só muda o ponto de partida. Porque à chegada estaremos os dois, infinitos nas recordações, capazes de tocar qualquer ponto do espaço com os dedos de cada vez que fazemos amor.
31
Jul05

A POSTA NO ALBERONI

shark
under construction.JPGFoto: sharkinho

"(...) No entanto, até a amizade tem crises. Não é algo que possa ser considerado adquirido para sempre. Sofre crises, como cada relação interpessoal, como acontece até no amor entre pai e filho, ou entre cônjuges. A crise quer dizer que um se sente inseguro da amizade do outro, talvez traído, incompreendido. Superar a crise quer dizer que o outro nos compreende de novo profundamente e nós o compreendemos. Porque, na crise, até nós entendemos mal, agredimos, queremos romper. A crise nasce sempre de uma desilusão e tende a tornar-se combate mortal. Se o amigo é aquele que nos faz justiça, crise quer dizer que até ele foi injusto. Nunca esperaria tal coisa de um amigo - dizemos. De uma pessoa que não fosse meu amigo poderia esperar uma falta de boa vontade. Nós estamos convencidos que, se existe realmente boa vontade, mentalidade aberta, honesta e favorável, então poderemos ser compreendidos. A incompreensão é um sintoma inconsciente de desinteresse, de desprezo ou até de agressividade. Por isso, então, se não somos compreendidos por um amigo, quer dizer que não é amigo, que não nos queria bem."

Francesco Alberoni - "A Amizade"

Não sou eu quem o afirma.
30
Jul05

A POSTA SUICIDA

shark
Tinha que acontecer. Foi o livro daquele cabrão desbocado. A bichinha folheou aquilo e não resistiu. Dei com ela nestes propósitos que vêem abaixo, avisando desde já as pessoas mais influenciáveis para não olharem (mesmo que a curiosidade mórbida vos atraia a vista para o cenário de horror).
A pobre coitada não resistiu às saudades do seu macho, culpa daquele cabrão que nunca mais publicou um coelhinho suicida no seu blogue. Desnecessária, inútil e cruel, esta morte anunciada, provocada pelo desleixo de um autor em honrar o seu compromisso de ir suprindo de vez em quando as carências afectivas de quem tanto depende da sua caneta ou do seu pincel (zé maria, para os amigos).
És mesmo um ordinário e eu não consigo entender porque continuo a perdoar-te estas pequenas traições ao espírito da coisa (coisa da tia, para os íntimos).
Há amores assim, inexplicáveis. Violentos, arrebatados, fatais (como o cadáver estrangulado ilustra), mas impossíveis de renegar.
Aliás, não sei se já vos contei a minha cena com um cão polícia a quem impus um conflito interior que se manifestava de cada vez que snifava as ganzas que insisti em fumar na sua presença. Aos poucos, destruí a nossa relação e acabei banido da sua vida emocional. Ainda hoje envergo as cicatrizes das dentadas que me deu, mas continuo a sentir-lhe a falta.
Sou assim, amor para sempre, incapaz de esquecer mesmo a quem me fez mal.
A coelhinha também, mas era menos forte do que eu, coitada. Não soube dar a volta à situação e agora...
Bom, e agora vamos partir para outra (ficam os remorsos para aquele cabrão) e avançar sem medos para onde no man as gone before.

(Mas lá que tenho saudades do Andy Rilley versão ruinosa...)


coelhinha suicida.JPG
28
Jul05

A POSTA NOS PRELIMINARES

shark
biblioteca1.JPGFoto: sharkinho
Uma das lições mais importantes que retive da minha frequência das sessões de esclarecimento acerca de planeamento familiar a que assisti, adolescente, numa escola primária de Benfica, foi a de que os preliminares eram talvez o grande segredo do sucesso para qualquer amante em condições.
Claro que não ganhei por isso a falsa noção de que basta um generoso lapso de tempo dedicado à estimulação de uma parceira para as coisas correrem bem. Mas vendo as coisas à luz do que hoje sei e na altura não entendia, é inegável que o conselho que me foi dado olhos (os meus) nos olhos (lindos e azuis) da jovem monitora do meu grupo valeu para uma vida inteira de satisfação garantida. Ou o meu amor de volta.

É espantoso como uma pessoa de quem nem sabemos o nome consegue em minutos influenciar de forma determinante um puto, ao ponto de ainda hoje (mais de vinte anos depois) esse puto (eu) ainda seguir a sua veemente recomendação como uma cartilha. E valeu a pena dar atenção ao que aquela rapariga sentiu que valia a pena dizer, para lá do âmbito restrito de como se enfia correctamente um preservativo na pila ou de como devemos encarar o calendário biológico feminino como um razoável mas arriscado método anticoncepcional.
Cada um tem o seu estilo, a sua abordagem, um conjunto de procedimentos que o caracteriza e se expõe no momento da verdade. O meu deriva do aprofundamento da lição de que vos falo mais acima, uma vida (sexual) inteira a analisar reacções, a buscar novas sensações, a potenciar os recursos do corpo para despertar o desejo no corpo de outra pessoa, diferente de todas as outras pessoas, única, disponível para nós e, no mínimo por isso, inegavelmente especial. A pele é a tela que aprecio pintar com os dedos, com a boca, com o simples contacto de outra pele que é a minha e na qual concentro toda a energia que consigo desviar para tal propósito. Não há desenho mais lindo do que as linhas traçadas pelo arrepio no corpo vibrante de uma mulher ansiosa, sim, mas sem pressa do momento da concretização. E a concretização começa ali, afinal, naquele culto da sensibilidade alheia e da vontade de proporcionar prazer que lhe está associada. Na entrega que se vê.

O sexo, como eu o aprecio, é feito dessa prioridade que é a outra pessoa. A pessoa que por desejo ou por amor nos escolhe para a intimidade no seu apogeu, para o risco que sempre envolve essa prova de fogo que nos incendeia. Um risco que na minha perspectiva ninguém pode subestimar quando seduz, que deve incentivar um empenho total de parte a parte para que tudo corra pelo melhor. E o melhor é o prazer e esse faz-se de coisas tão simples como uma viagem de ida e volta com início por detrás do lóbulo de uma orelha e passagem obrigatória pelos dedos dos pés.
Até não ser possível suportar mais a vontade de ir mais além, até ser imprescindível consumar na fusão dos corpos o calor acumulado, abrasador, de uma sessão de preliminares que faça jus à atracção que aproximou alguém a um ponto sem retorno. Do or die. E sobrevivemos, exaustos, realizados, felizes naquela hora, capazes de congelar o tempo nesse instante precioso, em boa medida por via do carinho, da atenção, do interesse que o toque cuidado numa pele sempre provoca.
Não percebo como há quem desdenhe esta verdade absoluta que a prática nos confirma.

É tudo mais agradável dessa forma e por isso idolatro a moça anónima de quem apenas uns olhos magníficos mais esta lição me ficaram retidos na memória. Agradeço-lhe aqui, tiro no escuro, a influência que em mim exerceu. Ela mereceu, pela forma como, no final de cada sessão, tentava explicar a um grupo de putos a diferença entre um labrego atesoado e um amante dedicado, o sucesso garantido de coisas tão simples como a disponibilidade para estimular previamente o desejo de outra pessoa. E para nunca negligenciar o depois, aquela hora para os mimos que bem merece quem se dedicou a fazer-nos sentir bem, enquanto se satisfazia também. Com cigarro ou sem, tanto faz. Apenas um instante de serena contemplação, sorrisos cúmplices, alguma conversa ou um silêncio esclarecedor, uma pausa para o amor em mais uma das suas formas. Para saborear o que aconteceu e, quantas vezes, para reavivar a chama que o virar de costas e toca a dormir apaga, por mais tempo do que se possa pensar. Para ter mais do mesmo e ainda melhor. Tão simples assim.

E parece que toda a gente aprendeu na mesma escola, a teoria, parece que estou a chover no molhado da sapiência que tantos(as) apregoam. Mas eu falo do assunto com a certeza de que na prática as cábulas imperam e a preguiça ou a ansiedade descontrolada marcam o desempenho de muitos dos(as) que lêem esta posta e/ou dos(as) parceiros(as) que em rifa lhes tocam. É esse o desabafo da maioria dos que comigo falam destas coisas.
Como já repararam este é um tema recorrente na minha postura (de postas), um assunto que me fascina e me delicia debater na caixa de comentários onde conversamos. E sabem porquê? Ainda tenho muito que aprender e cada vez resta menos tempo antes do final de um raro (e por isso valioso) curso superior numa vida marcada por uma infinidade de ignorâncias. Quero saber mais e aplicar esse conhecimento na arte de ser feliz, como a monitora me explicou.
Aposto que muitos de vocês também.
26
Jul05

A POSTA NO ESQUECIMENTO

shark
beatas1.JPG
O PN levanta no seu blogue uma questão melindrosa e pertinente. Já não me lembro bem da questão que ele levanta. Ah, sim, é a cena da cannabis afectar a memória de curto prazo. Ou seja, afirmam uns gajos que a cannabis pode provocar amnésia.
Concordo com essa teoria. Qual teoria? Ah, pois, os que fumam "daquilo" ficam mais esquecidos. E os que não fumam, idem.
Só assim se explica que depois das eleições nem o Bloco de Esquerda, nem a JSD (?), nem (e sobretudo) a JS voltaram a referir aquela questão bué da jovem que fica tão bem nas campanhas eleitorais. A liberalização das drogas leves, ou despenalização ou o raio que os parta, foi direitinha à gaveta dos assuntos fixes para o próximo plebiscito. Esqueceram-se, claro.

E esse lapso da memória de curto prazo que afecta as organizações político-partidárias pode levar-nos a concluir que os partidos também dão nela. O que explica algumas das suas peculiares características, nomeadamente o facto de se-lhes varrerem da tola as promessas que atiram ao ar para ficarem bem compostos na fotografia para os chavalos que votam, como eu.
Quem já visitou Amesterdão sabe do que estou a falar quando faço a apologia da despenalização. Não me sai da memória de curto prazo a história do puto que foi preso meses a fio por causa de uma plantação de erva que o pai dele tinha no jardim. Se fossem begónias, só mesmo a inveja da esposa do comandante do posto da GNR local poderia assumir tais proporções. Ridículas, absurdas, aberrantes como só é possível em Portugal e no Dubai.

Transformar cidadãos válidos e inofensivos em criminosos passíveis de prender preventivamente é um absurdo de dimensão colossal. Mesmo os políticos que não fumam só podem andar a reinar com o pessoal quando viram a cara para o lado perante esta evidente estupidez.
Lembram-se do Carl Sagan? Admitiu, pouco antes de morrer, que boa parte do que produziu e que tanto entusiasmou milhões de caretas pelo mundo inteiro, o Carl Sagan (não sei se tão a ver) admitiu que fartou-se de escrever sob a influência daquela cena que faz perder a memória. Mas ele não se esqueceu de ser um dos gajos mais brilhantes do seu tempo na sua área. E podia não ter produzido coisa nenhuma se o caçassem no Bairro Alto a adquirir material para a carola e o enfiassem no Linhó.

Nunca vou entender porque insistem em meter drogas leves e drogas duras no mesmo saco. Um pouco como atribuir o mesmo valor de coima para o mau estacionamento e para as corridas em contramão nas auto-estradas. Eu vejo isto com clareza, apesar dos danos irreversíveis na minha memória de curto prazo: enquanto as autoridades insistirem na sua cruzada contra as traineiras que, honra lhes seja feita, nos trazem essa perigosa substância que tanto afecta o PN, o Carl Sagan, o João Pedro da Costa (que até tem uma Rua com o seu nome) e eu próprio (aproveito para me misturar pela surra neste leque de virtuosos), enquanto se mantiver esta ilegalidade indigna de um país com olhos na cara, estaremos a fomentar um disparate sem nexo e a concentrar as atenções e os meios (escassos) nos fantasmas de papel.
"Ena pá, ganda pinta, a polícia apreendeu mais não sei quantas toneladas de haxixe. ", aplaude o cidadão comum enquanto um mânfio lhe viola a filha ou lhe furta o automóvel acabado de comprar. E depois votam nos asnos que possuem a capacidade de pôr fim a esta aberração e eles (os asnos) esquecem apressadamente as promessas gritadas no intervalo do concerto dos Xutos onde encaixam os seus comícios de carnaval.

Já sou um bocado crescido para fumar às escondidas. E já dei provas de ser um cidadão válido, atinado qb e capaz de contribuir para o PIB, a Segurança Social, os impostos e essas merdas todas. E tirando uma ou outra maluqueira, nunca incomodei o remanso da sociedade em que me integro na perfeição (mais ou menos). Porque carga de água tenho que carregar a canga do marginal que a legislação proibicionista me confere?
Não faço ideia. E se calhar isso explica-se pelos tais danos colaterais de que o Fumos fala. Contudo, em face do que acima descrevo, até me sinto grato pelas falhas de memória.
Permitem-me esquecer a insensatez, a hipocrisia e a falta de vergonha dos caralhinhos que me representam nos órgãos do poder que me enoja.
25
Jul05

A POSTA NA PSIQUIATRIA

shark
insane.JPGFoto: sharkinho
Alguém que não faz parte desta comunidade que bloga confidenciou-me que a sua passagem esporádica pelos blogues lhe transmitiu a ideia de que "são quase sempre as mesmas pessoas". De acordo com a perspectiva desse alguém, o ambiente das caixas de comentários (e de alguns blogues) parece o de uma novela fina, para os mais instruídos.
A princípio aquilo caiu-me mal, mas depois dei comigo a analisar uma sequência recente de episódios e tentei ver a coisa sob o prisma de quem está de fora. E de repente dei comigo a perceber que existe de facto um estranho ambiente de aldeia do interior. Isto acontece nos recados que se deixam nas caixas e nas postas e que reflectem a cumplicidade de bastidores entre alguns grupos de blogueiros(as) e nas ligações entre os "habitantes", que acabam por se fechar num círculo onde toda a gente se conhece nem que por interposta pessoa. Aí germinam os ingredientes para a tal permanente novela, talvez a verdadeira origem do fecho de alguma blogosfera ao exterior e de muitos aspectos desagradáveis que a frequência desta comunidade suscita.

Um dos problemas reside numa questão óbvia: apesar de os comportamentos se assemelharem muitas vezes aos de qualquer comunidade fechada sobre si própria (um local de trabalho, por exemplo), os métodos atingem uma sofisticação proporcional ao calibre das pessoas que a formam. E não é de menosprezar a estaleca de quem consegue aguentar a pedalada disto todos os dias, nas duas realidades onde o nosso "substrato" pode manifestar-se, as postas e as caixas (as nossas e as dos outros).
A pessoa que me forneceu o seu ponto de vista imparcial ficou impressionada com o esforço que é exigido a quem bloga. Compreendeu o desgaste que isto pode provocar, acumulando a exigência de postar o melhor de que somos capazes com a de sabermos a todo o instante como intervir de forma correcta no papel de comentadores.

Expliquei-lhe que nem sempre as coisas correm bem, como teve oportunidade de constatar nalgumas postas do charco e nas suas caixas de comentários. Estranhou de imediato as proporções que as coisas atingem neste meio. E tem razão em estranhar. Não são raras as vezes em que dou comigo a agir de forma inexplicável no âmbito da blogosfera, quando analiso essa acção à luz do gajo que sou "lá fora". E admito que me surpreende e preocupa essa divergência, pois denuncia um excesso de envolvimento da minha parte, uma influência perigosa em aspectos da minha personalidade que tinha como inabaláveis. O comportamento de quem bloga demais não é exactamente o mesmo no domínio do real e no do virtual. No mínimo é mais extremado, mais desconfiado e menos tolerante do que no quotidiano exterior a tudo isto.
E essa talvez seja a explicação para a constante suspensão e mesmo para o encerramento de muitos blogues.

Existe uma neurose qualquer associada ao excesso de exposição a esta cena, derive ela das perturbações que o tempo desviado para este fim possam causar ou da tensão que se sente no ar a todo o instante (por exemplo no tom dramático de muitas postas acerca de problemas de merda). Não me excluo deste fenómeno e já contribuí, infelizmente por mais de uma vez, com o meu quinhão.
Mas só não vê quem não quiser, olhando os exemplos das escaramuças públicas mais recentes entre blogueiros de nomeada e reparando nos respectivos desfechos. Mas entre blogueiros menos sonantes essas "guerrinhas" vão acontecendo também e vão desgastando os intervenientes e a paciência de quem não se deixa arrastar para estas palermices e assiste de fora.

Eu não me tenho pautado pela moderação, sempre que me vejo envolvido nalgum conflito de interesses ou numa troca azeda de palavras com alguém. Se isso reflecte a minha impulsividade e a firme determinação de nunca vergar perante "ameaças externas", esta última definição explica por si o absurdo em causa. Aqui acontecem palavras, na maioria proferidas por nicks que na maioria nem reflectem o verdadeiro carácter da pessoa que os utiliza. Sobrevalorizar as disputas neste contexto é um claro sintoma de que faz mal blogar em demasia. E eu, sempre assanhado quando toca a retorquir alguma indirecta (sim, porque a frontalidade é rara nestas andanças), vejo-me afectado e reconheço noutras pessoas a mesma sintomatologia.
Porém, insisto em dar imensa importância a tudo quanto é tolice e até reajo à bruta na pele do ofendido. No fundo, como faria na aldeia se suspeitasse que andavam a falar mal de mim pelas costas...

Já faltou mais para eu chamar a este vício uma doença.

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