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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

30
Jun05

OLHOS DE FOGO

shark
Fire_burns.gif
Bastaria a brisa provocada pelo bater de asas de uma borboleta para arrepiar aquela pele. Assim pensou, no momento em que o corpo dela arqueou com um toque suave dos seus dedos num ponto qualquer.
Olhos fechados, dentes cerrados, cabelo espalhado no lençol feito planície rasgada pelo curso de um rio, visto do céu. E ele planava ajoelhado, sonhava acordado, gemia por dentro a antecipação do prazer que ela lhe deu.

Tremia, quando as suas mãos abertas lhe percorreram os caminhos como um mestre shaolin sobre papel de arroz. Sorria, quando os lábios pousaram no ventre que pulsava carente numa cascata de sensações. Magia, no momento em que a boca se entreabriu como um portão avermelhado e a língua cativa celebrou, por fim, a alegria da libertação.

Deslizou pelo corpo suado, peito molhado, depois da explosão que ela lhe gritou. Passeou. Sem pressa, com o olhar. Rosto crispado pela vontade de a ter. Chispas de fogo, labareda de emoção, ardiam-lhe os dedos quando de novo a tocou. E ela, em silêncio, arfava quando anuiu. Consentiu-lhe a investida com um aperto nas nádegas e um ligeiro puxão, desejo estampado na mais bela expressão que o seu rosto esculpido conseguia produzir. E ele, firme e destemido, avançou.

Tornozelos nos ombros, carícias nos lóbulos com os dedos dos pés. O amante guerreiro, conquistador, pingou-lhe nos seios a água que o corpo largava no fragor da invasão. Era sua, rendida, mas ainda lutava nas costas onde lhe sulcava frestas com as unhas da paixão. Bandeira branca desfraldada, ao lado de uma espada que os seus olhos empunhavam quando ele a possuiu. Campo de batalha sem lugar para perdedores, vitória anunciada no rufar de mil tambores. O som do armistício, cantado a dois.
Tombaram lado a lado, esgotados, quando assinaram em simultâneo o tratado de paz.

Refrescou-a com um sopro que a percorreu por todo o corpo e depois deixou-se encantar em serena contemplação. Olhos nos olhos, descobriu-lhe na íris o reflexo desnudo do desejo carnudo que não esmoreceu. O dela e o seu.
Sentiu-lhe o calor. E ateou outra vez...
29
Jun05

A POSTA NA LÍNGUA

shark
linguado3.jpg
Ele há dias em que por mais que um tipo olhe para o monitor só consegue ver uma folha branca do word a ridicularizá-lo. Parece que se ri na nossa tromba, a gaja, como se pensasse com os seus botões: “tás à rasca, ò farsola? A tua cabeça oca só te dá eco do vazio de ideias que a atormenta, não é? Querias muito esgalhar uma posta catita e afinal ficas prái a olhar para mim e népia...”.

Fico danado com a folha em branco, mais do que comigo próprio. É que uma pessoa consegue sempre encontrar um pretexto para justificar o bloqueio, recorrendo às desculpas do costume. “Com tanta merda por fazer, é normal que os nervos atrapalhem o raciocínio(?)”, “A malta só aprecia cenas que eu até nem gosto de postar” e tretas assim para descartar o sentimento de culpa por não conseguirmos corresponder às nossas expectativas relativamente à satisfação das expectativas de quem nos lê. É uma porra, um blogueiro sentir-se assim.
Mas a merda da folha em branco não tem culpa alguma. E vejo-me forçado a virar contra mim esta frustração e a desabafar convosco (que não têm nada a ver com isso e apenas vos compete aguardar um momento em condições, para justificarem o clique no linque deste blogue).

Ainda por cima, eu tinha a firme intenção de fazer incidir as postas desta semana num tema que me é grato (o sexo), em honra do Salão Erótico de Lisboa que acontece no próximo fim-de-semana. E nem o sexo me vale, o que duplica a sensação de impotência que me atrofia neste preciso instante.
Claro que podia falar-vos de coisas banais ligadas ao tema em causa, como o embaraço de ver um preservativo a enrolar-se todo sobre si próprio e saltar da pila como a rolha de uma garrafa de espumante por termos escolhido um tamanho abaixo do ideal. Ou da dor fina que nos causa uma saída inadvertida do remanso acolhedor, com o peso acrescido do entusiasmo da parceira a vergá-lo pelo meio no movimento descendente.
Coisas simples que acontecem, mas que não justificam mais do que algumas linhas a propósito.

E assim permanecemos em conflito interior. Faz-se uma posta para “cumprir calendário” ou deixa-se ficar a anterior e assume-se a preguiça que afinal não é mais do que a ausência de inspiração (mal) camuflada? Eu acabo sempre por preferir a publicação de qualquer coisa, nem que seja uma foto apelativa com uma legenda a condizer. Fica no ar um arrependimento qualquer, nestas circunstâncias. E lido mal com essa desconfortável noção.

Nestes considerandos descubro o quanto acabo por decidir tudo em função da vossa omnipresença desse lado da linha. Transformo-vos nos papões que me assombram a vontade de blogar, uma injustiça. Até porque concluo que cada vez blogo menos para (por) mim e mais pela rapaziada que se consubstancia nas caixas de comentários e no contador. Todos vós, que aqui chegam em busca de algo que nem sempre estou à altura de fornecer. Como hoje, aliás.
Surge então o pretexto para voltar ao sexo, quando questiono o prazer que isto me dá.
Do orgasmo prolongado que resulta de uma posta que vos agradou, ao coito interrompido ao fim de vinte segundos de penetração (como traduz uma posta destas) vai uma distância mínima.

A sexualidade blogueira é mais complicada de (di)gerir do que a outra, a real.
Às vezes receio que a falta de ponta na escrita, onde nem a língua (a portuguesa) me vale e até constitui o problema maior, possa reflectir-se por contágio no meu desempenho extra-blogue.
Mas isto sou eu a flipar. Afinal, a vossa (nossa) condição de voyeurs não se faz sentir na hora agá, quando o prazer que obtenho e o que dou não ficam condicionados pelo peso da multidão virtual que me avalia a função nesta “cama”.
E vendo bem as coisas, pelo tamanho deste lençol, acabo por entender que não há razão para me atormentar.
O desejo que me estimula está presente nestas linhas também. Afinal, o prazer desta nossa relação assenta no privilégio de podermos comunicar. E esse, mesmo quando de uma rapidinha se trata, está sempre garantido enquanto houver força nos dedos (que teclam) para empurrar a língua (que partilhamos).
28
Jun05

MAIS ALÉM

shark
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No limite. E mais além. Para lá de qualquer fronteira real ou imaginária.
É assim que gosto de enfrentar a vida, ultrapassando barreiras e convenções. Gosto de lutar pelo que de mais valioso encontro ao longo do caminho, de demolir os obstáculos, de superar o máximo que exigem de mim. E de arrastar comigo na passada quem acredita como eu na viabilidade de uma existência inteira mergulhada na intensidade da paixão. Sem medos nem vergonhas. Com fé.

Recuso-me a abdicar da loucura, da irreverência, da coragem de enfrentar os desafios olhos nos olhos. Recuso-me a negar o milagre da vida, a virar a cara para o lado oposto daquele para onde me empurra o coração. Recuso a acomodação.
Acredito na felicidade porque a conheço, porque ela entra nos meus dias, em todos os dias, com a magia de uma aparição sagrada enviada pelo destino para desfazer as dúvidas que, na verdade, nunca fizeram parte da minha equação. Variáveis que decifro na vertigem de um beijo, na voragem de um desejo, no arrepio de uma pele tocada pelos meus dedos ou de uma mente emocionada pelas palavras que lhe dou.
Não existe nas minhas contas um espaço para as interrogações.

Acredito que me compete partilhar esse dom, como um missionário escolhido ao acaso pela força transcendente que não sinto necessidade de explicar, com quem me olha com atenção e lê nos meus olhos a determinação, a verdade, o cariz inabalável das minhas convicções. Com quem me agarra pelos colarinhos e salta comigo num abraço para a locomotiva em movimento numa linha que desconhece os apeadeiros ou as estações.
Pouca terra, pouca terra. Até descobrir no horizonte o reflexo prateado do mar banhado pela luz quente do sol. E mais além. Mergulho sem hesitações.

No limite, encontro-me contigo. Olhamos as estrelas e partimos para o céu, livres de empecilhos ou de grilhões, embarcados na aventura mais fantástica, movidos pela energia poderosa que só o amor consegue produzir. Imparáveis, sem margens capazes de limitarem a maior escalada da mais forte entre as marés. Pouca terra, terra à vista. Distante de nós, incapaz de se atravessar no caminho que traçámos, tripulantes guerreiros numa viagem sem destino nem fim, exploradores de uma vida melhor, acima de tudo o que lá embaixo nos queiram desacreditar. Acenamos um adeus, formatamos a memória e combatemos pelo futuro contra quem ousar questioná-lo ou apenas sonhar com a sua limitação.

Do limite contemplamos o que deixámos para trás. E avançamos.
E agora preparamos a nova etapa, o que virá depois.
Mais além. Sempre a dois.
27
Jun05

A POSTA NA BUSCA

shark
sexo on line.gif
O Google é um instrumento valioso para colmatar a falta de inspiração (ou de arcaboiço intelectual) de qualquer blogueiro. Basta uma simples pesquisa com base em termos genéricos para nos depararmos com informação que nunca nos passaria pela cabeça existir ou, em alternativa, para a simples análise dos números nos permitir obter conclusões ou suscitar interrogações pertinentes.
Numa altura em que se aproxima um evento de suma importância na FIL, o primeiro salão internacional erótico de Lisboa (SIEL), achei importante centrar a minha atenção nos temas relacionados com a coisa.

E assim comecei a minha pesquisa com as duas palavras que me ocorreram no âmbito do meu objecto de estudo: pénis e vagina.
Saltou-me à vista uma realidade perturbadora: enquanto o termo pénis obtém cerca de 243 mil referências, a sua congénere feminina merece apenas umas meras 93.200 citações.
Claro que isto causou-me estranheza. Se a maioria dos frequentadores da internet são homens, como se explica este desnível em matéria de informação disponível?

Concordarão que algo de estranho estará por detrás do desequilíbrio em causa e as explicações plausíveis não sossegam ninguém.
Será que os homens andam obcecados pelo penduricalho?
Será que a malta acredita que há maior procura de índole fálica?
Será que o pipi está a perder popularidade no ciberespaço?

Estas e outras questões afloram-me a mente quando reparo nesta estatística que me surpreendeu. Até porque o termo boca devolve nada menos do que 604 mil resultados (uma popularidade que me surpreendeu e que reflecte uma determinada propensão que se confirma mais abaixo), enquanto o ânus se aproxima perigosamente (74.400) da que eu julgava ser a mais procurada das coisas num mundo virtual predominantemente masculino. E este factor acentua-se com a confrangedora realidade do termo mamas na internet em português. Uns míseros 61.800 resultados googlianos a evidenciar a falta de entusiasmo pelos atributos femininos. Preocupante, a meu ver, este estado de coisas.

Claro que nesta altura já vocês perceberam que esta posta não acrescentará algo de novo ao vosso manancial de conhecimentos. Todavia, o SIEL justificou uma abordagem inicial e genérica ao tema e confesso que não me ocorreu assim de repente uma forma de introduzir esta semana de charco dedicada ao tema erotismo e afins.
Mas se a análise apressada dos números que cito nesta posta não permitem tirar conclusões de caras e até pode perfeitamente ser interpretada como um mero encher de chouriço, é igualmente verdade que vos facultará um ponto de partida para um exercício mental acerca de um tema que fascina qualquer pessoa.

E o próprio Google prova que em matéria de sexo as prioridades até nem estão assim tão mal definidas na net. A cabeça, o órgão sexual por excelência, ocupa um lugar de destaque neste “estudo” que convosco partilho (738.000) e isso prova que não é por desconhecimento de causa que a malta prefere escrever acerca de pilas.
Afinal, a preocupação com o pénis que os números evidenciam acaba por de alguma forma se reflectir na popularidade da alternativa mais à mão quando este falha no cumprimento dos seus desígnios. A língua, apesar de a dizerem traiçoeira em português, bate o recorde de preferências. Um milhão e setenta mil.
Abstenho-me de comentar. E vocês?
22
Jun05

A POSTA NA SAUDADE II

shark
Aqui há dias referi alguns blogueiros e comentadores de que me havia recordado ao longo das minhas curtas férias em Praga e Viena.
Nesse primeiro lote não tive hipótese de incluir algumas das pessoas de quem me lembrei ao longo do caminho, apenas por manifesta falta de tempo para tratar as fotos.
Pois bem, diz-me lá Carolina se eu podia ignorar-te depois de dar de caras com o sítio abaixo retratado, ò douta amiga?

carolina.JPG

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