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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

17
Jan05

ANIMAIS NOSSOS AMIGOS

shark
Cat__Dog_3.jpg
O meu primeiro cão e o meu terceiro gato nasceram quase na mesma altura. O rafeiro, arraçado de cão de água, era minorca e cobardolas. O gato, um siamês endiabrado, era um felino orgulhoso e independente a que cão nenhum conseguiu dar a volta.
Cresceram os dois no apartamento onde eu morava e dormiam enroscados um no outro, apesar de exibirem hostilidade pelos membros de cada uma das espécies por si representadas. O cão perseguia os outros gatos que nem um doido. O gato virava-se aos outros cães, sem olhar a raças, tamanhos ou número de exemplares de dada matilha.
No entanto eram inseparáveis e assim permaneceram até morrerem aos dezasseis anos, um quase a seguir ao outro.

Esse meu cão, apesar de pequeno e medroso, cultivava um ódio de estimação. Um enorme pastor alemão albino ladrava furiosamente da janela de cima e o meu cão estupidamente retorquia. Passavam os dias naquilo.
Um dia, o vizinho e a besta saíram à rua e a besta decidiu soltar o cão quando se deparou a alguns metros do meu, distraído na calçada com uma guloseima que alguém lhe oferecera. A luta seria desigual. Eu e o meu pai, dezenas de metros adiante, ouvíamos os ganidos de aflição do nosso canídeo palerma, bola de pelo oculta pelo corpulento atiçado que o cobria.
Nem tivemos tempo de reagir. O siamês passou por nós, por entre as minhas pernas, com a rapidez de uma chita e a determinação do rei da selva. Sem hesitar, tomou balanço pelo caminho e quando chegou próximo dos dois protagonistas da zaragata lançou-se aos flancos do agressor. Com o gato pendurado de ladecos, mancha cinzenta de unhas e dentes cravados, o pastor alemão desapareceu da nossa vista e da do dono e só deve ter parado de correr no Samouco, pois o gato só apareceria quase vinte minutos depois, sozinho e sem marca alguma da escaramuça.

Ganhei nesse dia um profundo respeito pelo meu gato e aprendi uma lição de vida que nunca esquecerei. Quando a amizade é profunda, a sua intensidade equivale à de um grande amor e dispomo-nos a correr riscos, se necessário, para acudir às aflições de um(a) amigo(a). E pouco importa se esse(a) amigo(a) evidencia o género, a raça, a língua ou qualquer outra diferença que a amizade séria e o amor incondicional não distinguem, não lhes permitindo que constituam barreiras à solidez de uma relação.
Na coragem, na lealdade e na dedicação do meu gato revejo o perfil do amigo que exijo ser e o dos amigos que ambiciono ter a meu lado até ao final dos meus dias.
Cabem à larga os seus nomes e contactos numa única página, todos na letra A, da minha concorrida agenda telefónica para o ano de 2005.
14
Jan05

JOGOS SEM FRONTEIRAS

shark
desporto radical.jpg
A maioria das pessoas que conheço não tem pachorra para jogar xadrez. Bocejam por reflexo, mal se sugere uma partidinha. Nã, isso é muito lento, leva horas. Pois é. Reconheço no xadrez ao mais alto nível (que não é o meu) a sonolência de quem tenha coragem para assistir ao efeito estátua que deriva do excesso de concentração. Porém, a minha paixão por esse jogo é imensa e passa pela sua analogia intemporal com a realidade, o que tentarei resumir para leigos e entendedores.
Destaco, no entanto, a principal característica deste jogo de estratégia que prendeu a minha atenção desde os oito anos: no xadrez a batota é impossível. E em nada depende dos caprichos da sorte ou do azar.
Quando dois opositores se sentam diante de um tabuleiro aos quadradinhos, ou são adeptos do Boavista prontos para assistirem a mais um jogo pela televisão (em vez de peças, o tabuleiro pode ter umas cervejolas fresquinhas), ou trata-se de um par de praticantes dessa modalidade onde se começa em perfeita igualdade de condições (o Valentim Loureiro não aprecia, felizmente, os desportos de mesa).
Começo por chamar a vossa atenção para o facto de o objectivo do jogo ser encurralar o Rei. Não exactamente comê-lo, mas apenas confinar as suas madurezas a um regime de prisão domiciliária que lhe esvazia as tentações do poder.

De facto, começa aqui uma das contradições deliciosas deste jogo. Sua Majestade, o alvo da cobiça das peças contrárias, não passa de um cepo inútil cuja escassa mobilidade (de apenas um quadrado em todas as direcções) obriga o jogador a zelar a todo o instante pela segurança do monarca. No Reino Unido, à preocupação com a segurança (rodoviária também, no caso concreto) acresce a fiscalização antecipada dos trajes escolhidos pelos delfins para curtirem nas suas festarolas imbecis.

As Torres, uma a cada ponta na fila mais recuada, só se movimentam em linha recta e são fundamentais para a protecção da realeza. Quando a coisa dá pró torto, a família real pira-se para o interior das muralhas e ordena ao arauto a marcação de uma conferência de imprensa, onde se destacam as obras mais meritórias do reino e se desviam as atenções da retirada.

Os Bispos, um de cada lado do poder, só se movem na diagonal. O segredo da sua força está na visão periférica: o adversário julga-os concentrados nos que se passa à sua frente e eles a mirarem, por cima dos seus ombros, olhar de camaleão, a casa à direita ou à esquerda que ocuparão de acordo com as diferentes conjunturas que o jogo proporcionar.

Os Cavalos, também aos pares (lembram-se do fabuloso Citroen 2 CV?), possuem a vantagem de serem os únicos capazes de fazerem uma curva a meio da corrida. Movem-se em éle. Literalmente. Discretos, podem fazer toda a diferença nas mais inesperadas circunstâncias. Mas tal como acontece com as restantes peças do tabuleiro, também se abatem e não existe União Zoófila que os proteja.

Falta a arraia miúda, a carne para canhão, o zé povinho do tabuleiro que faz sempre de mexilhão nos jogos a sério. Para o Peão (são oito de cada lado, antes de iniciada a carnificina) em frente é que é o caminho. Só se movem na diagonal (como os bispos) quando é para comerem outra peça. Avançam um quadrado de cada vez, excepto na sua primeira jogada na qual lhes é permitido avançarem o dobro do caminho (depois amocham, são metidos no seu devido lugar).
São-lhes permitidas duas fantasias, mas raramente as concretizam: atingirem a última fila do lado oposto do tabuleiro e assim obterem o reconhecimento que se dá aos heróis, uma imediata promoção na hierarquia, ou comerem a Rainha (o que confere alguma notoriedade entre os paparazzi, mas por regra muito efémera). Excepção feita, por exemplo, ao Reino Unido que acima citei e no qual a probabilidade de comer a Rainha é ainda mais remota e assume, para a maioria dos Peões, o contorno de um martírio. Nem pela Pátria lá iriam...

E a propósito da Rainha, não será inocente o facto de ela a peça (realmente) mais importante de qualquer tabuleiro de xadrez. Move-se em qualquer sentido ou direcção, sem limite para a distância a percorrer. O marido (el-Cepo), não passa de um papagaio a quem se atribui demasiada importância e é ela quem faz tudo acontecer à sua volta. Ataca, defende, trabalha, faz as compras, cuida dos Infantes e ainda tem de sobrar tempo para dar um jeitinho ao palácio e gerir as contas da casa...
13
Jan05

CUECAS DE IR AO MÉDICO

shark
clooney100nada.jpg
Como já devem ter percebido, eu evito meter-me em assuntos acerca dos quais considero não ter voto na matéria. Fico caladinho a aprender e se, apenas se, considero ter uma noção fiável do tema em apreço debito então um palpite acerca da coisa.
O sexo, esse tema fascinante que tanta gente tem arrastado para o Charquinho, é um dos tais assuntos onde eu só falo depois de devidamente apalpado o terreno em que me proponho caminhar. O sexo e, por inerência, as mulheres que de imediato me ocorrem à ideia quando incido o pensamento sobre essa intrigante actividade humana. Em ambos os casos, as minhas dúvidas superam largamente as tremidas certezas que logrei consolidar.
E de política, todos sabem, não percebo coisa nenhuma.

Aqui há dias escutei por acaso uma conversa entre duas senhoras, sexagenárias, a propósito da compra de umas peças de lingerie. Mea culpa, bem sei que deveria ter orientado as antenas noutra direcção. Não fui capaz. Fiz de conta que procurava na prateleira de cima um sugestivo wonderbra e tentei apanhar com nitidez o papo das duas marias.
Uma delas já havia escolhido a mercadoria que se propunha comprar. A outra, atenta ao monte de caixas que a amiga escolheu, deu pela falta de uma componente essencial.
- Então mas tu não me disseste que tens consulta marcada para amanhã?
- Pois tenho, às nove da manhã...
- E só compraste cuecas baratas? Pró dia-a-dia ainda vá, mas para ir ao médico não sei...
E a amiga comprou umas cuecas melhores e mais caras. Fiquei a saber que para as mulheres de uma certa idade as cuecas ‘de ir ao médico’ são uma compra que nunca podem descuidar.
De resto, esta reverência à classe médica, tal como a temática da roupa interior, voltaram ao meu contacto noutra conversa que me caiu por acaso no monitor. No 100nada, a Catarina e sus muchachas debatiam animadamente as cuecas de um pediatra muito popular e tive oportunidade de conhecer a perspectiva das piquenas de outra geração.
Neste caso, o problema que se levantava era o método mais adequado para tirar as cuecas ao doutor ( o George Clooney, na série ER – Serviço de Urgência). Com os dentes, alguém avançou para minha surpresa. E depois era à bruta ou devagar, consoante as preferências e fantasias de cada uma.
Nas urgências das mulheres destes dias, as prioridades são as mesmas mas varia bastante a estratégia a seguir. Se nas mulheres às compras cuja conversa escutei a questão residia nas cuecas a mostrar, nas senhoras dos comentários o problema era como as haviam de retirar ao protagonista da consulta.

Fiquei a saber mais um pouquinho sobre estes dois insondáveis mistérios, mas continuo a preferir um silêncio observador. Constato, porém, com agrado que as mulheres da minha geração têm uma perspectiva que se coaduna mais com a minha no que concerne à medicina e respectiva relação com a roupa interior. E essa foi a única conclusão que me atrevo a garantir. Sob reserva moral, não vá ter sido confusão minha...
12
Jan05

CRISE DA ADOLESCÊNCIA

shark
abril1.jpg
Um dos blogues que sigo com algum interesse é o Enresinados. São gajos porreiros e esforçam-se por manterem um espaço divertido e onde reina a animação. Seduz-me pelo estado de espírito, por assim dizer.
Outro que nunca me canso de referir é o Ruínas, uma paixão minha que não cessa de aumentar.
O paralelo entre os dois faço-o pelas duas últimas postas que li em cada um.
No caso do Ruínas, o João Pedro da Costa disseca uma posta do José Luís Peixoto como uma rã. Pior, como uma rã mais mutante do que uma tartaruga ninja, peçonhenta e desprezível. Nada habitual no Ruínas e no meu puto de estimação.
Já o Cachucho, desaustinado pelo recente desaire do nosso Glorioso ou levado aos arames por alguma posta que lhe caiu mal, desancou sem dó nem piedade toda a vizinhança.

A blogosfera está a perder a identidade, acusa ele. Estão a formar-se clãs (ai, a Posta Romântica, esse clã de pinga-amores que me obriga a enfiar a carapuça), afirma ele. E existem penetras, geniais, bestas. E há os que criticam mais os que não aceitam críticas. Não esquecendo os cagões, os que ofendem e os mentirosos. Ah, e os lambe-botas...
O Cachucho vai mais longe, porém. Diz que parece que estamos metidos numa guerra, onde numa barricada estão os lambe-botas (lambe-cus também se adequa) e na outra estão, cito, ‘os-que-são-acusados-de-que-tudo-o-que-escrevem-ser-um-perfeito-disparate’. Fim de citação.

De repente, a blogosfera do Cachucho transformou-se numa abóbora e o nosso simpático colega caiu ‘na real’ e zurziu às cegas com a vergasta da sinceridade espontânea e demolidora. De repente também, a blogosfera do João Pedro transformou-se num coio de moralistas e o gajo mandou-se ao Peixoto com ganas de pugilista. E eu, apanhado de surpresa pelos dois, aproveitei para acrescentar mais uns pós à confusão com a minha posta anterior.

Realmente, a blogosfera está a perder a identidade mas é a que assumia em criança. Quanto mais as pessoas se abrem e partilham, mais se reflectem nesta comunidade as coisinhas de merda que todos, de alguma forma, trazemos agarradas à sola da nossa personalidade real e de vez em quando tornam pestilenta a nossa conversa e sobretudo esborratam os contornos de algumas relações. Faz parte do processo de crescimento da blogosfera e espelha a separação das águas que começa a acontecer.
Como ouvi dizer o Pedro Mexia num programa da RTPn, a blogosfera actual é um conjunto de circunferências e algumas nem se chegam a tocar. Pois é. A malta começa a (re)conhecer melhor as boas e as más companhias e, lá está, refugia-se nos seus clãs.
Por outro lado, a porta que deixamos aberta a quem quiser entrar é um flanco desguarnecido à mercê das tropas que nos querem fazer a folha, desmoralizar.

Mas eu digo: ânimo, Cachucho! Se é fácil reconhecer-te a razão no desabafo que deitaste ao mundo blogueiro, com pequenas divergências aqui e além, também é igualmente verdade que existem espaços onde se encontra gente que vale a pena acompanhar e eu incluo-te nas minhas referências nessa matéria.
E a ti, ruinosa cascavel, informo-te que a merda da tua acidez deu-me uma azia que ainda não parei de arrotar. Faltava a posta de pescada. E o cházinho de tília, para não engolirmos em seco estas invectivas revoltadas que afinal são a prova derradeira de que a blogosfera cresceu e está a entrar na adolescência. Impossível de aturar, mas fascinante na sua amadurecida transparência.
11
Jan05

NA PRÓXIMA ESTAÇÃO

shark
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Ontem estava no amanhã que agora sonho para mim. Nem reparei.
Vivi esse tempo sem ter a noção do que tinha. Mas perdi.
Evito lembrar. A melancolia é vizinha da depressão. E correm depressa as notícias nesse prédio devoluto, sito nos bastidores da consciência de cada um de nós.
As recordações de perdas sofridas evocam a saudade. São más companhias.
Mais vale só. Ainda que valha pouco uma pessoa doente, infectada pelo vírus da solidão. Pode contagiar qualquer um. E não existe uma vacina, lacuna na medicina, para o desgosto de amor.
Ou outro que seja. Não existe lugar no mundo para os deserdados do coração.
Talvez já tenha existido, mas eu não percebi. Andava distraído, perdido nas vielas do supérfluo quando possuía morada na artéria principal. O meu mal era a falta de orientação.
Encontrei o caminho, entretanto. Tinha partido o comboio quando cheguei à estação. Sentei-me sozinho num banco, à espera da seguinte locomotiva, a que estava para chegar.
Ainda não chegou.
E eu continuo sentado, talvez venha no dia a seguir.
Poderei então reviver, apenas um dia depois, o sonho do que terei no futuro.
Quando der pela falta outra vez.
10
Jan05

A POSTA JANTADA

shark
E porque uma das vantagens de manter um blogue é precisamente a de poder comunicar quase em directo com as pessoas, a presente posta serve acima de tudo para avançar mais elementos acerca do evento gastronómico a realizar.

É ponto assente que decorrerá no Alentejo (terra da minha associada na coisa), ao longo do mês de Março e, considerando que já há quem fale na escova de dentes e na almofada, tem todo ar de ir acontecer numa unidade hoteleira de turismo rural ou afins.
Nesta fase, eu e a Mar precisamos de acautelar duas coisas: mais ou menos para quantas pessoas temos que apontar e quantas dessas pessoas admitem pernoitar no local.
Daí, é fundamental que todos(as) quantos(as) nem coloquem a hipótese de faltarem façam a pré-inscrição através da caixa de comentários ou do jgolfinho@yahoo.com.br. De preferência ontem...

Para resumir o essencial a quem não passou pela Posta Romântica, o convívio partiu de uma animada converseta ocorrida a propósito da posta que referi. Ficou no ar, até pelo espírito do próprio texto que deu origem a isto, um ideal de ambiente sereno, com mantas, com lareira e com disponibilidade para a palheta. Dar ao dente, dar à língua e mais tudo o que decorra em função da matéria humana disponível e da dinâmica que a coisa gerar.
A ideia é dar os intervenientes da Posta Romântica, bem como aos visitantes habituais dos dois blogues organizadores, uma possibilidade de dar o passo seguinte a que sempre incitam estas relações da blogosfera. Falar cara a cara com quem já nos tratamos por tu é algo de salutar e torna-se inevitável quando se reúne num espaço tanta blogueiragem com a emoção à flor da pele.

Agora, a coisa só faz sentido e só resulta se levarmos a sério cada uma das fases do processo que estamos a iniciar. Em breve comunicamos a data (em confirmação), mas libertem os fins-de-semana que conseguirem no terceiro mês de 2005. Prometemos não tardar a definir uma data concreta. E vejam lá se começam a deixar notícias, ou eu e a Mar acabaremos a jantar sozinhos. Não é exactamente o que temos na ideia...
09
Jan05

O PONTO DA SITUAÇÃO

shark
tshirtafixe3.jpg
De modos que agora a minha vida de blogueiro é assim. Pareço aquele macaco da anedota, aquele cuja relação amorosa com a girafa fracassou porque ela, no calor da paixão, lhe repetia vezes sem conta: ‘beija-me a boca, apalpa-me o cu’. Isto sem querer ser malcriado, mas foi assim que ma contaram e eu não acho que fique tão bem quando chamamos ânus ao cu do macaco que até se diz por aí ter calo no respectivo.
Isto a propósito da minha entrada no Afixe, a acumular com esta casa que vos abro 24 horas por dia e com a outra, mais vocacionada para os périplos nocturnos em regime de alternância democrática.

Mas isto tem que se lhe diga e um gajo vê-se de aflitos para arrumar umas palavritas para um, quanto mais para três. Sendo que no Afixe, onde partilho a coisa com seis colossos da blogosfera, não me concedo margem de manobra para postar sem reler o ficheiro word até lhe gastar as sapatilhas antes de o pegar pelo pescoço(*) das calças e enviá-lo à sua sorte através da magnífica plataforma que nos oferece o Weblog.PT. Magnífica e barata, não sei se já referi.

A Posta Romântica deu-lhe prás mantas e não tarda nada vamos ter oportunidade de recriar esse ambiente fantástico num cenário alentejano. As andorinhas da blogosfera poderão antecipar o regresso da Primavera, rumando sem medos para a nossa confraternização no sul. E por nossa entenda-se deste Charquinho que vos adora, mais o seu elemento natural. Na Mar é que eu estou bem e o Espelho Mágico esclarecerá as vossas dúvidas acerca do facto de não existir um tubarão mais belo do que eu. O derAldra pode confirmar essa garantia, acertados os contornos financeiros da questão.

Daí, chamo a vossa atenção para o que se irá dizendo aqui, aqui e ali a propósito do Jantar Romântico que eu e a Mar vamos, em perfeita sintonia, organizar para nosso e vosso prazer. Podem ir preparando as marmitas e o sorriso nas caritas que a coisa não demora a acontecer.


(*) Sendo que pescoço diz-se cu em franciu.
06
Jan05

DE BARBATANAS ABERTAS

shark
tubarao4.jpgSe repararem bem na foto, até tenho uma lágrima no canto do olho...
Vivo nestes dias um período mágico da minha presença na blogosfera. Ando feliz, pois gosto mesmo disto e estão a acontecer coisas que só podem encher um tipo de satisfação.
A primeira surpresa foi a nomeação de blogger do mês no Weblog.PT. Fiquei estupefacto, pois embora saiba o quanto dou de mim a esta 'economia paralela' na gestão do tempo que nunca sobra, nunca se tem a percepção do que vai na cabeça de quem acompanha a nossa evolução. E são as vossas reacções que transmitem a confiança e a determinação para dar o meu melhor, como blogueiro ou na qualidade de comentador.
Ainda assim, e mesmo tendo em conta que este tipo de distinção vale na medida do valor que as pessoas lhe atribuam, não me incluiria numa lista de candidatos potenciais a uma referência desta dimensão. Naturalmente, sinto que se trata de um sinal de que pertenço por direito próprio a esta comunidade fascinante e de que o caminho que escolhi tem margem de manobra para um trabalho que eu e as outras pessoas possamos reconhecer como válido, no âmbito desta realidade virtual.

Contudo, a posta anterior constitui um momento inesquecível para qualquer blogueiro mais inclinado para a emoção. E a posta em si, mesmo abordando um tema que me é tão grato como o amor, nem é o centro da minha atenção. As reacções, nomeadamente na caixa de comentários, tanto em quantidade (estou assombrado) como no calibre da maioria das intervenções (estou deslumbrado e voltarei ao assunto um destes dias), o diálogo que se estabeleceu com um ritmo digno de um chat é um daqueles momentos que dão corpo ao que a blogosfera representa para mim.

Mas ainda tive outra surpresa, outra alegria das muitas com que este vício danado me agarrou. Contrato assinado, deixarei em breve o estatuto de predador solitário e o Sharkinho passará a uma nova dimensão da sua presença entre vós. Pelo carinho especial que me merece essa alteração e pelo cuidado com que quero concretizá-la, vou adiar por alguns dias essa revelação que, estou certo, será bem recebida pela maioria de todos(as) quantos(as) me acompanham por estas e por outras águas.
Sinto para convosco uma enorme dívida de gratidão. Não está fácil encontrar no quotidiano tantas razões para sorrir e para estar feliz como as que me têm oferecido de bandeja, sem me conhecerem de lado algum que não desta cada vez mais significativa porção do que sou. Ponham-se no meu lugar por um instante. Tenho ou não razões de sobra para vos dedicar uma das facetas do amor de que falámos nestes dias, a amizade emotiva de um tubarão lamechas como eu?
03
Jan05

A POSTA ROMÂNTICA

shark
to numa boa1.jpg
Sou um dos raros privilegiados que, pelo menos uma vez na vida, conheceram o amor na sua vertente mais avassaladora. Os mais cépticos, coitados, desdenham da existência desta emoção única que pode nascer de um simples olhar. O amor à primeira vista não é um delírio romântico de telenovela. È possível, é real e constitui uma das impressões mais marcantes da existência de qualquer pessoa.
Eu concretizo melhor: receber no peito o impacto desse instante poderoso obriga-nos a reconhecer, entre outras maravilhas, a emergência do romance na vida das pessoas. E utilizo a expressão emergência no seu sentido mais comum: é urgente despertar para a falta que o amor faz.

No preciso momento em que, entre centenas de rostos, o meu olhar se concentrou apenas num, descobri a essência desse impulso irresistível que nos empurra para os braços de outra pessoa. O meu arquivo blogueiro fala por mim no que concerne às muitas fés e ideologias a que nunca me converti. Sou um agnóstico, por regra pessimista e pouco dado a mares de rosas com perfume de utopia. Nesse sentido, nunca acreditei e nunca acreditaria num conceito como o do amor à primeira vista se não tivesse sido abençoado com a sua aparição. De rompante, um rosto de mulher tomou de assalto a minha descrença que outros rostos de mulheres por quem me apaixonei, ou algo parecido, nunca contrariaram. Sem apelo, rendi-me ao halo de luz e nada em meu redor continuou a fazer parte da realidade tal como eu a experimentei na altura.
Era ela e mais nada ou alguém. E eu com o coração a galope, desorientado mas com a plena consciência do que me estava a acontecer.

Nada poderia atravessar-se no meu caminho quando furei a custo o mar de gente para me aproximar do ser humano que, até este dia, maior abalo me causou nas fundações. Ninguém poderia disputar a sua atenção nesses minutos de que eu dispunha para entrar na sua vida como ela já se instalara de armas e bagagens na minha. Numa tirada infeliz um amigo colocou-me a seguinte questão: e se eu descobrir um dia que ela é o amor da minha vida e quiser disputá-la? E eu respondi de imediato, falou o coração. Desistes ou morres. E não lhe restava mesmo outra alternativa, enquanto ela me quisesse como eu a queria e viria a acontecer.
O amor à primeira vista é como um relâmpago que nos atinge, alta voltagem de uma corrente de paixão. É talvez, tal como faço questão de a recordar até ao fim dos meus dias, o vislumbre mais aproximado que terei de Deus se Ele existir sob esta forma - como gosto de acreditar à revelia da minha apregoada falta de fé.
É esse o fundamento da minha perspectiva romântica das relações amorosas entre as pessoas. É por isso que afirmo sem hesitar que a cada esquina da vida, sem qualquer esforço de procura, pode encontrar-se o amor de uma vida. E quando isso acontece, podem ter como certa uma coisa: a gente percebe na hora do que se trata.

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