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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

21
Dez04

ACONTECEU NO OESTE

shark
Billythekitty.jpg
Um deles estava encostado ao umbral da porta da sala. O outro, visivelmente mal disposto, deu-lhe um valente encontrão quando entrou. Ninguém na sala se apercebeu, excepto eu e as minhas duas parceiras de mesa, pois estávamos voltados para a porta enquanto a plateia estava de costas para a situação.
Porém, depressa as palavras associadas aos ‘chega para lᒠse sobrepuseram no tom e no calibre às dos restantes convivas. Chamaste filho da puta a quem? E toma lá um encontrão. A ti, meu boi! E toma o troco, punhos engatilhados para o que viria a seguir.
Na mesa, a minha parceira da esquerda encerrou-se num mutismo que denunciou a sua capacidade de iniciativa na questão. Já a da direita amaldiçoava o dia em que se associara de alguma forma a tal bando de rufiões. Deitei as mãos à cabeça e levantei-me, resignado ao cariz inevitável da minha intervenção.
Quando cruzei a sala, todas as cabeças me seguiram com o olhar. Senti-me uma espécie de xerife de um western spaguetti, com a população assustada da cidade a louvar a minha coragem e o cangalheiro a tirar-me as medidas a olho. Do lado de fora da porta, as coisas já tinham assumido outras proporções. Os familiares e amigos haviam aderido à manifestação espontânea de insanidade, somando mais três ou quatro pessoas de ambos os sexos envolvidas no sururu.
Fiei-me no cabedal e entrei a matar no meio da confusão, discurso diplomático aos berros para serenar os ânimos e recurso a força física quanto baste para separar aquele molho de brócolos que me aterrou nos braços num dia que até parecia normal quando começou.
Consegui afastar os intervenientes associados, mas a dupla protagonista já tinha ultrapassado a fase da simples escaramuça. Eram dois adultos corpulentos em plena cena de porrada e eu no meio, em representação da mesa.
Finalmente, com a colaboração de alguns auxiliares de última hora, lográmos separar os dois. Mesmo à justa, antes da chegada dos dois agentes da autoridade que com cara de gozo me deram a conhecer a sua estranheza de serem chamados a um sítio daqueles para porem cobro a uma zaragata.
E eu, com a ‘asa’ direita amolgada para um mês, um hematoma feio num perna e a marca de um sapato abaixo da clavícula, pedia desculpa aos polícias, agradecia a sua rápida intervenção e mandava-os em paz. Foi só um mal entendido, shôr guarda, uma coisa pequena...

Depois voltei a percorrer a sala, agora substancialmente mais vazia, mas ninguém aplaudiu o meu esforço nem avaliou o que me doía tudo aquilo.
Sentei-me e tentei dar sequência à ordem de trabalhos, marcada por algumas importantes decisões para tomar. Dorido mas voluntarioso, até porque seria a minha despedida do cargo que justificava a aziaga presença naquela mesa, empenhei-me em obter o consenso do pessoal e tentei extrair algo de positivo daquela barracada.
Consegui e exultei por dentro, vaidoso da minha capacidade negocial. O sorriso interno morreu na minha mente quando uma das parceiras constatou a falta de quorum para validar qualquer decisão. Foi mais uma cacetada na carcaça desta pessoa.
Dez minutos depois, dei por encerrada a última assembleia a que presidi na qualidade de administrador do condomínio. A minha exibição de bravura não ficou registada na acta porque, como alguém fez questão de salientar, parecia mal. Não constava da ordem de trabalhos...
20
Dez04

LIVRE ARBÍTRIO

shark
b2.jpg
Os seus alegados cúmplices conseguiriam a custo voar para o jipe da GNR que zarparia pouco depois de se instalar a confusão. Mas o principal acusado pela populaça embicou na direcção oposta, azar o dele, e corria agora diante de uma multidão armada de forquilhas, de paus e de todo o tipo de objecto contundente que lhes ocorria empunhar.

Dirigiu-se para o centro da aldeia e atravessou o largo do pelourinho em passada larga, ainda equipado, com as calças apertadas numa mão. As calças, e a carteira dentro delas, haviam determinado a sua fuga em sentido contrário ao dos seus auxiliares. Suava em bica sob o calor tórrido da tarde de Verão, mas nem lhe passava pela ideia abrandar a corrida.

Já se ouviam os gritos exaltados da turba que invadia a aldeia em perseguição do réu quando o fugitivo chegou ao adro da igreja. À porta, o padre fez-lhe sinal para entrar no templo. Bastara-lhe olhar para o equipamento do desgraçado para lhe adivinhar a aflição. E ele entrou, em pânico, enquanto o prior fechava as portas atrás de si.
Siga para aquela porta à direita, homem de Deus!, disse o padre. Dentro da pequena sala, o fugitivo percebeu que não existia escapatória. Nem uma pequena janela.
Vista isto depressa!
A vítima potencial de linchamento hesitou durante dois segundos e depois enfiou a farpela. As pancadas na porta soariam pouco depois. O homem estremeceu.
Enfie-se no confessionário!
E o infeliz, ainda com as calças numa mão, correu para o interior do pequeno espaço em madeira. Susteve a respiração, quando ouviu as vozes exaltadas que interrogavam o padre acerca do paradeiro do gatuno. O pároco, firme, correu com o pequeno destacamento da igreja e ainda os ameaçou de excomunhão caso não aparecessem no dia seguinte para pedir a absolvição do Senhor.

Muitas horas mais tarde, com a aldeia envolta num manto de breu que a madrugada trouxera, o árbitro disfarçado de viúva idosa atravessou em bicos de pés a aldeia que desonrara por não assinalar o penaltie que evitaria a despromoção da equipa à segunda divisão distrital de futebol.
17
Dez04

OS NETOS DO HORROR

shark
242d984.jpgFeliz Natal!
Pura coincidência. Quando o filme estreou eu estava em Colónia com um amigo. Com algumas horas para ocupar nesse serão, decidiramos rumar ao kino mais próximo e com muita sorte deitámos mãos a dois dos últimos ingressos para a estreia.
Uma plateia jovem, aparentemente todos alemães, mais nós, dois portugas infiltrados, eu com uma barba cerrada e cabelo comprido que me garantia a cidadania turca naquelas paragens e me valeu alguns problemas ao longo da estadia, testemunhas do horror inenarrável protagonizado pela geração dos avós daquelas pessoas.
Uma após outra, as cenas sucediam-se e definiam os contornos de um passado hediondo que aquela nação, décadas antes, marcara na história com a vida e o sangue de milhões.
A carga emocional, tremenda, aterrou na sala quando o filme chegou ao fim. Nem um som, nem um movimento, luzes acesas sobre os rostos fechados de quem se debatia entre a incredulidade e a vergonha que é impossível disfarçar perante tamanha chacina.
Nem uma pessoa fez menção de abandonar a sua cadeira, já a música parara de tocar e nenhuma imagem coloria o écran. Em absoluto silêncio, os jovens germânicos fixavam o olhar no chão ou na tela vazia e meditavam acerca da crueldade insana que a película apenas recriou.
Deu-me para chorar como uma madalena arrependida, a tensão insuportável que esmagava cada um dos presentes na sala, a carga terrível que tal registo depositava nos ombros daqueles herdeiros involuntários de uma cicatriz feia e sem remissão.
Alguns não resistiram e choraram também. Outros abandonaram finalmente o seu lugar, sem pressa, silenciosos como no interior de uma igreja, sobrolhos franzidos, esgares de contrição interior.
Fomos os últimos a sair, quase meia hora depois da última imagem projectada.
Pelas circunstâncias que descrevi, a Lista de Schindler tornou-se num dos filmes que jamais esquecerei.
16
Dez04

SHIT HITS THE FAN (A POSTA TERRORISTA)

shark
aviaodenatal.gifFeliz Natal!
Existem as meias-verdades, as histórias mal contadas e as mentiras piedosas. Este poderoso arsenal está ao alcance de qualquer pessoa e o cidadão comum utiliza-a sem problema, como um telemóvel, como um comando de televisão. Ou como qualquer outro utensílio indispensável no quotidiano de cada um.
Contudo, o cidadão comum não está preparado para manusear os equipamentos em causa. Estoiram-lhes a vida em pedaços quando implicam um retorno, um desenlace imprevisto que lhes esmaga as pretensões.

As meias-verdades são o expediente mais banal. Conta-se a história numa versão reduzida, parcial. Conta-se o mar de rosas e o final feliz e omitem-se os detalhes melindrosos ou mais susceptíveis de se virarem contra o contador. Quem conta uma meia-verdade conserva sempre a parte mais suculenta da informação, a pedra de arremesso futura, o pormenor sórdido que em vez de descer pelo cano flutua. Vem à tona porque a metade da verdade contada não camufla as incongruências e estas, como se sabe, cheiram mal em qualquer história.

As histórias mal contadas são a versão pimba das verdades meias. Mais desajeitadas, equilibradas a custo num mísero galho de veracidade, visam apenas desviar as atenções ou inventar alibis. Não requerem um esforço intelectual intenso, divertem os interlocutores mas, em contrapartida, é frequente uma história mal contada descambar num cenário confrangedor. Um pouco como um tipo tapar a cabeça e destapar os pés.

As mentiras piedosas são a artilharia pesada do hipócrita padrão. A piedade beatifica-as. São um mal necessário, um mecanismo de protecção ‘legítimo’ contra a capacidade de reacção da pessoa que se visou. Não se conta a história e inventa-se uma outra em sua substituição, para o alegado bem de um inevitável coitadinho incapaz de encaixar uma verdade nua e crua. Faz-se de parvo o alvo desta estranha misericórdia. Porque a mentira apenas oculta por algum tempo uma verdade à solta, ansiosa por se fazer descobrir.

A verdade é como uma espécie de factor aleatório, uma mina, uma bomba-relógio oculta, discreta num canto para ninguém a descobrir. Quando dão por ela, nem os especialistas conseguem desarmar alguns detonadores.
E depois pum!
15
Dez04

MANTENHA-SE VIGILANTE!

shark
so jesus salva.jpg
Preparava-me para tomar um duche e o Futebol Clube do Porto preparava-se para se sagrar campeão mundial pela segunda vez. Nóque, nóque!
Confesso que não é costume baterem-me à porta nos domingos de manhã. Quem o faz arrisca-se a enfrentar a fúria do tubarão. Vesti qualquer coisa à pressa e abri a porta com ar de quem acabou de sair da cama e não está com disposição para socializar. Deparei-me com uma gaiata, adolescente, vestida à anos 50, mais o pai, um invisual cinquentão.
O protesto morreu na minha garganta e acabei por balbuciar um fáchavôr de dizer.
E eles disseram. Com a eficácia de dois chineses praticantes de pingue-pongue em alta competição. O pai afirmava, a filha folheava a Bíblia durante cinco segundos e recitava o trecho da confirmação.
Eu insistia na minha firmeza agnóstica e a dupla contrapunha sem hesitar. O pai afirmava e a filha zás! E eu olhava alternadamente para um ou para outro, apoiado na porta entreaberta. O Porto falhava uma grande penalidade, era o que me parecia, do pouco que captava do ruído de fundo da televisão, ao longe na sala.
O pai, compenetrado, utilizava a minha argumentação como um judoca. Cada vez que me era concedida a palavra, o efeito bumerangue estava lá para me arrepender. Aliás, o meu arrependimento parecia o objectivo último daquela dupla disciplinada. Um apocalipse ao virar da esquina e a salvação oferecida à minha porta, em versão familiar, mais uma revista gratuita para consolidar a argumentação.
Medonha, a revista Mantenha-se Vigiante!. Na ortografia (desastrosa) e sobretudo na intimidação dos pecadores da grande Babilónia. Como eu, agnóstico confesso, punido à porta de casa com o sermão enfatizado em altos berros pela eucaristia televisiva da vizinha muito católica de cima, um ritual de fé a que já me habituei como ao apito do despertador.
As únicas testemunhas do meu martírio, que deixa de haver vizinhos em casa quando algum otário se deixa caçar, eram o pai e a filha, transbordantes de satisfação por outro passo significativo rumo ao Paraíso de Jeová. E eu cada vez menos convicto do meu lugar cativo no Céu, com a cidade do Porto a festejar a tremenda vitória a que não pude assistir e o meu Benfica goleado pelo Belenenses, sem apelo, para complementar. Mais a ameaça do extermínio (quase) total do Mundo às mãos dos anjos vingadores e de um Jesus Cristo regressado com muito mau humor, tudo bem claro no panfleto em brasileirês. Mais a música sacra da vizinha, banda sonora do meu purgatório dominical.
Nosso Senhor que me castigou algum defeito me encontrou...
14
Dez04

VOTO MAIS ÚTIL NÃO HÁ...

shark
ricardo1.jpgToda a regra tem excepção...
... Mas gostava que a composição dos governos fosse determinada pelos mesmos critérios com que se designam os seleccionados para a nossa equipa nacional de futebol.
No Governo ou na oposição, os partidos trabalhariam para promover o desempenho dos melhores de entre si e só os melhores chegariam ao poder. Um só objectivo, muito acima de quaisquer ideologias, servir bem a Pátria que os escolheu para liderar uma mudança efectiva para melhor.
Políticos com seriedade, com pudor, rigorosos, determinados em recolherem orgulhosos o reconhecimento de um país que é o seu. Cidadãos capazes, conhecedores, acima da média na competência e na motivação.
Que me importa se a Manuela Ferreira Leite toma conta das Finanças se, por outro lado, o Francisco Louçã tiver a seu cargo o Trabalho e a Segurança Social? Que me interessa se o José Sócrates é o Primeiro-Ministro, se a equipa por ele chefiada integrar os mais qualificados de qualquer partido ou mesmo de um movimento de cidadãos com impacto visível na melhoria das condições de vida dos portugueses?
Nessa perspectiva, porque haverei de preocupar-me se é comunista o Ministro das Cidades, sendo quase unânime a noção de que é boa a capacidade de execução dos autarcas PC? Ou se o Ministro da Saúde é um excelente gestor hospitalar militante do PP?
A minha preocupação é a estagnação de uma Democracia entregue ao livre arbítrio das segundas e terceiras escolhas, um sistema que repele em vez de atrair os publicamente aceites como melhor qualificados para dada função. Limitados pelas idiotas guerrilhas inter pares, os partidos condicionam a ascensão das pessoas à sua habilidade política, a uma boa gestão de alianças circunstanciais. Nada tem que ver com mérito ou valor intrínseco, mas apenas com o talento para a representação e a astúcia para farejar as oportunidades de promoção onde quer que estas surjam e sob quaisquer condições. Dá vontade de votar em branco e de fazer uma campanha eleitoral digna de um Prémio Nobel da Literatura.
Gostava de votar em candidatos com provas dadas na construção de um país melhor, em vez de líderes políticos de fachada, manietados pelas diversas pressões. Gostava de votar com a certeza de que contribuo com o meu quinhão para o bem do meu país.
Isto é pedir demais a uma democracia, porra?
14
Dez04

A POSTA PIEGAS

shark
tubarao2.jpg
Se alguma vez eu estiver mais de 30 dias sem blogar podem ter como certo um de dois pressupostos: ou estou internado num hospital ou morri.
Impedimentos da mais diversa ordem, desde o impensável ridículo até ao mais próximo que se arranja de tragédia grega, afastaram-me da blogosfera por mais de 48 horas. É terrível, para um blogueiro com uma ligação forte à coisa. Eu descobri, com esta ausência forçada, que estou mesmo muito ligado à coisa. E a coisa são vocês, pois o que eu digo ou faço aqui não tem importância nenhuma se eu guardar o meu trabalho para consumo interno ou se vocês não lhe passarem cartão.
Tive saudades, assumo. E não tive saudades de postar, mas sim das vossas reacções ao que posto. Também senti a falta do que os outros blogam, de me rir, de pensar acerca de assuntos que não me ocorreriam, de aprender as lições que esta dimensão virtual da minha vida ensina. Eu gosto de aprender e sinto necessidade de saber mais e de partilhar convosco o que sei e o que sinto, de me divertir com as vossas reacções e com as minhas.
Já por diversas vezes referi que o meu fascínio pela blogosfera assenta num único pilar: as pessoas que blogam. Blogueiras e blogueiros, comentadoras e comentadores, gente na sua maioria porreira e interessante a que esta gratificante actividade me permite aceder. É aí que reside a motivação para espartilhar ainda mais o meu tempo para nele encaixar esta minha nova paixão.

Sinto a vossa falta como se vos conhecesse há uma data de anos. Isto pode soar piegas, mas estou-me nas tintas. A minha matriz latina descontrola-me as emoções e toda a vida tenho enfrentado as consequências, boas ou más, desta propensão para extremar de forma irracional os meus amores e os meus ódios. Faz parte do que sou, deste tubarão forçado que queria ser golfinho mas a blogosfera não deixou. Um esqualo de água doce, barbatanas bem estendidas para o abraço que vos quero dar. Todos os dias, de preferência.
11
Dez04

A POSTA DESABAFADA

shark
Bored_man.gif
Daqui a nada vou participar num almoço de família. Nesse momento de convívio pode acontecer uma de duas coisas:

a) Assistirei a uma triste comédia, uma encenação destinada a encobrir um problemão a que sou alheio mas de modo algum indiferente;
b) Serei oficialmente posto a par do problemão (do qual já tomei conhecimento por portas e travessas) e inevitavelmente arrastado para o vórtice da bronca.

Note-se que quando a bronca apenas existia em potência nas minhas previsões mais pessimistas tudo fiz para dissuadir quem se preparava para mergulhar de cabeça numa decisão que só podia produzir um péssimo resultado.
E acrescente-se que as potenciais consequências da bronca podem ser devastadoras para a família em causa. Eu comerei por tabela, como sempre acontece na sequência das minhas intervenções generosas mas excessivamente emocionais.

De pouco me valerão as sedutoras propostas da ementa. O meu apetite pelo evento é proporcional à vontade que tenho de comer alguma coisa. Até porque o entusiasmo canino do meu fiel amigo acaba de me custar a perda de um componente destacado da minha cremalheira(*), outro problema em vias de resolução, mas só em vias, e que me obriga a manter a boca fechada.
Porém, palpita-me que não encontrarei ao longo do repasto quaisquer motivos para sorrir. E só falarei sob coacção...

(*) dentição, em charquinhês
10
Dez04

UM SONORO PORRA!

shark
Tal como as fases da lua, os ciclos da economia e os interruptores, as nossas existências oscilam. Um dia está tudo numa boa, nos dias seguintes parece que os astros se conjugam para nos apresentar um lote de facturas pelos diversos pecados e omissões em que incorremos algures pelo caminho.
Nessas fases aziagas, tudo parece avançar às arrecuas e existe sempre uma esquina imprevista em rota de colisão com os nossos joelhos. Ou com a testa. Ou com o dedo mindinho do pé.
São períodos em que nos dá vontade de gritar o desatino num sonoro porra, a cada instante. Para toda a gente saber e assim poder partilhar o nosso desalento pelas sucessivas bordoadas sob a forma de pequenos ou médios dramas do quotidiano.
Neste particular, um blogue é muito funcional e terapêutico.

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