30
Nov04
LÁ DEU O BRAÇO A TORCER...
shark
Na Tasca da Democracia já serviram melhor. Nos últimos tempos, por teimosia da cozinheira, levámos com queques e copinhos de leite a um preço exorbitante. Saiu cara, a brincadeira. E deu-nos cabo do estômago, este enjoo de comida ligeira. Mas a cozinheira lá deu o braço a torcer e vamos ter outra vez mais escolhas na ementa.
A clientela da Tasca não se manifestou com grande exuberância. Pareciam os adeptos do Benfica, a gritarem golo à toa quando a bola entrou na baliza do Baía para depois deixarem morrer o grito perante a decisão final do trio de arbitragem.
Claro que a satisfação é inegável. A malta andava agoniada com a insistência absurda da cozinheira teimosa num prato de digestão impossível, sobretudo para os diabéticos e para os alérgicos à lactose. Não faltava quem apresentasse protesto, sempre que os queques vinham duros ou os copinhos de leite azedavam. Mudava-se um queque aqui e além, mas o sabor era o mesmo...
Agora, a rapaziada olha para o menu e a escolha aumenta. Até porque parece que se poderá pedir os queques e os copinhos de leite em separado. Mas o resto não suscita grande entusiasmo na maioria dos clientes.
A opção natural, instintiva, é apostar nas açordas. Moles, mal condimentadas e ainda por cima eram prato do dia antes de nos servirem lanches à hora da refeição principal. Sabe pouco a mudança, até porque não tiveram tempo de apurar.
Mas e o que dizer da tomatada? Sempre a mesma coisa e cada vez mais mal servida...
Nos pratos do dia ainda temos o menu turístico, uma espécie de empadão, mas nunca sabemos o que se pode esconder debaixo de tanto puré. Não constitui ainda uma alternativa para a refeição mais séria.
Daí para baixo, é só refeições de segunda. Só mesmo para fazer uma boquinha, que a fome não se mitiga com um jaquinzito ou uma omeleta simples, sem cebola.
Por isso mesmo, e ainda que não tarde a substituição da cozinheira, a Tasca da Democracia só serve os apetites da minoria que rapa os tachos até nada sobrar. Os outros comem porque tem que ser. O estabelecimento não é grande coisa e perde cada vez mais clientes habituais, mas dizem que é o melhor que se consegue arranjar por aí. Temos que acreditar em dias melhores e num prato diferente que constitua uma verdadeira opção e nos apeteça saborear. Entretanto, há que tomar uns comprimidos para a azia e engolir em seco perante este período negro da nossa gastronomia eleitoral.
Quer perder peso político? Pergunte-lhes como...