O que restará
Nunca perdem o sentido, as palavras que exprimem emoções. São palavras de um tempo, daquele momento que aconteceu como as palavras de quem as escreveu testemunham. Apenas envelhecem, como as pessoas, ficam mais maduras e portanto mais sábias na panóplia grisalha das interpretações alternativas que a própria passagem do tempo lhes acrescenta e com isso proporcionam as lições de vida que às palavras também compete oferecer.
São sinceras, as palavras, mesmo depois de aparentemente vazias de conteúdo por falarem de realidades alteradas, de emoções disparatadas quando as observamos algum tempo depois à distância de um tempo entretanto passado que foi um presente da vida se traduzido em palavras que no futuro nos permitem recordar. Histórias que só as palavras sabem contar, como anciãos num círculo à volta de uma fogueira, sabedoria de experiência feita para que outros possam aprender ou apenas partilhar recordações de um tempo feito de emoções à flor de uma pele que enruga como as páginas de um livro podem amarelecer.
O tempo pode até erradicar as emoções por elas contadas, mas as palavras jamais se deixam morrer.