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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

29
Mai13

E o brio que está?

shark

Leio quase todos os dias desabafos por parte de quem teme, com alguma razão, o fim dos jornais na sua versão em papel. Os mais pessimistas estendem esse receio a qualquer versão, dada a aparente incapacidade de muitas publicações lograrem a sua viabilização financeira em suporte digital.

Se muitos apontam o dedo a erros de gestão, à falta de pedalada dos decisores para acompanharem a passada do progresso, outros optam por responsabilizarem os próprios jornalistas pela sua inépcia em marcarem a diferença, no rigor e na deontologia, relativamente à concorrência “desleal” da informação em bruto que a internet disponibiliza e o público parece cada vez mais privilegiar em detrimento dos media tradicionais.

 

A questão tem sido debatida um pouco por todo o Mundo e não é, de todo, irrelevante para o cidadão comum. Qualquer pessoa com consciência do papel da Comunicação Social na própria construção de um sistema democrático digno desse nome percebe o que está em causa nesta progressiva degradação das condições em que o Jornalismo se faz.

A queda parece, em muitos aspectos, irreversível por estarmos perante uma típica pescadinha-de-rabo-na-boca: com os órgãos de CS na mão de magnatas e de empórios, o critério economicista dita as regras e à diminuição das tiragens sucedem-se os despedimentos e a degradação ao nível do próprio recrutamento por via da redução das contrapartidas salariais e outras. Isso sente-se na qualidade do que é publicado e ao empobrecimento dos conteúdos corresponde a perda de ainda mais leitores para a oferta alternativa que a Blogosfera, por exemplo, constitui.

 

Uma das reacções instintivas de parte dos jornalistas directa ou indirectamente afectados pelo advento do suporte digital e do acesso à informação sem regras que a internet proporciona foi a tentativa de descrédito indiscriminado dessa alternativa. Nessa perspectiva, seria o meio a separar as águas e não o talento e/ou a competência dos seus protagonistas.

Contudo, a manifesta falta de brio e de critério em muito do que hoje é publicado em jornais e revistas (ou mesmo na tv, embora esse seja outro campeonato) acaba por tornar óbvia, por comparação, a maior qualidade de alguns conteúdos disponibilizados de forma gratuita em páginas do facebook ou nos blogues.

Esta é a armadilha da arrogância que afasta alguns profissionais da realidade nua e crua: só fazendo melhor conseguem marcar a diferença.

 

Porém, a questão da credibilidade que um órgão de CS deve assegurar também entra nas cogitações e essa não é da exclusiva responsabilidade dos jornalistas. Quem pretende lucrar com as empresas do ramo tem a obrigação de garantir uma gestão de conteúdos criteriosa e livre de condicionalismos e de pressões várias, de tudo quanto possa afastar os profissionais da comunicação das funções que lhes competem, sendo esse o único caminho para salvaguardar o interesse de leitores/assinantes e, por inerência, dos anunciantes a quem os números influenciam decisões.

 

Sem a devida atenção a estes aspectos o fim estará de facto garantido e poucos poderão descartar para o acaso aquilo que em boa medida depende apenas da rejeição de um factor chamado negligência.

 

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