A posta que o desculpo na boa e até lhe pagava um café.
O Carlos Abreu Amorim, no que me respeita, é uma pessoa como outra qualquer das muitas que só entram no meu quotidiano através da Comunicação Social ou pelo computador. Não é um amigo, nem um conhecido sequer. E carrega a dupla cruz de ser laranjinha e portista, o que abre enormes perspectivas de antagonismo em qualquer tipo de contacto que algum dia pudéssemos manter.
Esse contacto, a acontecer, poderia resultar de uma troca mais ou menos azeda no Twitter, provavelmente acerca de política ou de futebol.
Foi este último o mote para uma tirada imprópria do CAA, um tweet onde apelidava os benfiquistas de magrebinos a quem mandava curvar perante o poder do Grande Dragão em pleno rescaldo de mais esse desgosto lampião.
Deu o corpo às balas, o Amorim. Errou no momento e ainda mais nos termos. Sobretudo por não ser um Carlos qualquer mas sim um cidadão com cargos políticos relevantes e prestes a enfrentar uma prova de fogo eleitoral.
No vespeiro em que as redes sociais se tornaram, implacáveis no triturar da imagem de quem meta o pé em falso, a tirada eufórica do CAA suscitou de imediato reacções coléricas que arrastaram outras reacções indignadas e a partir daí tornou-se no alvo fácil da turba.
Eu também manifestei a minha ira perante o insulto nortenho como o senti, benfiquista, agarrando-me à fragilidade da sua condição de figura pública que, como todos nas redes sociais bem sabemos, torna implacáveis os que pousem a vista num qualquer momento infeliz dessas pessoas com responsabilidades e com um estatuto que parecem (e se calhar até são) a todo o tempo obrigados por inerência a justificar.
Não tardei a hesitar nas minhas invectivas quando o tom das críticas começou a descambar para o deboche, o insulto fácil com base na característica física mais evidente do CAA. Da minha fúria lampiona fui recuando até quase à solidariedade para com alguém a quem a multidão perdeu o respeito ao ponto de enveredar pela baixeza, como a sinto, de pegar pelo ponto fraco como o entendem de forma cruel e imbecil, o gordo, o trinca-espinhas, o zarolho, a meia-leca.
E agora que o Carlos Abreu Amorim, laranjinha e portista, teve a dignidade suficiente para publicar um pedido de desculpa pelo seu impulso palerma mais uma justificação para o mesmo, gesto de que a esmagadora maioria das pessoas que acompanho nas redes sociais seria incapaz, já olho com desprezo para as hienas que se revelam demasiado estúpidas e insensíveis para pararem de tentar morder os calcanhares a um homem que não é meu amigo, nem meu conhecido, mas soube merecer de mim pelo mea culpa em causa um respeito que a canalha mesquinha e embirrenta jamais me conquistará.