Passos descalços
Pedaços no chão, mesmo ali ao lado, como cacos de uma falsa partida que acabou tombada sem o amparo que se dá aos vencedores. Perdida uma luta qualquer, a derrota ali espalhada, a bandeira que se agitaria à chegada distribuída em pequenos farrapos meticulosamente organizados no meio do chão, como símbolos de uma desilusão que um dia sonhou ganhar uma corrida contra o tempo tão veloz.
Retalhos de uma solidão enclausurada num espaço sem som, nunca ouvida, nunca falada, perdida numa multidão de silêncios comprometedores em plena avenida da demência em construção.
Pedaços no meio do chão, mesmo ali atrás, pisados pelos passos descalços de um olhar tão seco, tão morto, que nem assim sangrou.