A POSTA QUE O FUTURO ESTÁ A RESOLVER O PROBLEMA
Nunca achei muita piada à mania de impor quotas de participação de determinados grupos seja no que for. Por norma são as mulheres as supostas beneficiadas com essas medidas alegadamente proteccionistas, mas eu não consigo vislumbrar a vantagem competitiva obtida por via desta imposição de um número mínimo de pipis, quaisquer pipis, nos centros decisores onde as pilas predominam.
A boa intenção é óbvia e não a contesto nesse plano, é sempre bonito a sociedade preocupar-se com os seus desequilíbrios.
Todavia, questiono os moldes. Impor quotas soa mal logo na parte do impor, como se o grupo beneficiado só pudesse safar-se à força e não pelo reconhecimento do seu mérito.
Se a ideia é dar cabo do humor aos machistas, acho que peca pela base: eles vão sempre olhar para as quotas como um favor às coitadinhas das gajas. E elas vão sempre ter que provar a sua capacidade sob maior escrutínio do que aquele a que é submetido um colega do mesmo ofício ou função.
É aqui que a coisa me parece desvirtuar a tal boa intenção, pois a descriminação pela positiva acarreta riscos como qualquer outra forma de descriminação. Nem que seja pela janela de oportunidade para a inferiorização de quem precise de tais benesses.
A igualdade entre géneros, como entre raças ou credos, começa em casa com a educação que é dada e com os exemplos que se mostram para os mais novos seguirem.
E no caso em apreço, tendo em conta os factos que os números traduzem num tempo em que a divisão de tarefas se consolida e a igualdade de circunstâncias se acentua, qualquer homem que se oponha hoje às quotas mínimas para mulheres vai provavelmente evitar que no futuro estas lhe sejam aplicadas.