A POSTA QUE ESTÁ NA HORA DE INTERVIR
Sim, há dias em que a vontade que dá é deixar andar, deixar correr e ficar parado a ver o que acontece e entretanto torcer por milagres ou profetizar um apocalipse em lume brando.
Mas os dias têm o problema de passarem, uns atrás dos outros, e o tempo que passa é tempo desperdiçado quando os problemas teimam em não se resolverem por si. E alguns são como infecções.
E há dias em que a vontade que dá é mesmo a de não deixar gangrenar.
O país já começou a despertar para a necessidade de um antídoto para este veneno que nos consome as contas públicas ou privadas, para esta lenta agonia que destrói sonhos, ambições, vidas que tínhamos planeado com base em pressupostos que deixaram de se verificar e agora há portuguesas e portugueses a padecerem de males que julgávamos impossíveis, falência sistemática de empresas e de cidadãos, desemprego, emigração em massa, despejos a toda a hora e a fome (a fome!!!) a romper o véu do segredo quando as pessoas, enfraquecidas, já nem conseguem esconder a miséria da sua condição.
É essa a situação que enfrentamos, todos sem excepção, a cada dia que passa, a cada dia que nos ameaça com um medo qualquer.
Depressa percebemos a futilidade dos discursos por parte de quem nos lidera ou de quem parece melhor colocado para a sucessão, a vacuidade das palavras que denuncia a ausência de soluções. Basta prestar um pouco de atenção, apenas a necessária para entender o quanto temos a perder se em cada dia que passa nos permitirmos cruzar os braços e esperar que o dia seguinte nos sirva de bandeja uma reviravolta nas circunstâncias, embalados na mesma apatia que tantos povos já tramou e muitos ainda acabará por tramar.
Depressa percebemos que não basta esperar, à sombra de uma esperança sem alicerces e que a brisa dos factos desmorona a cada dia que passa sem o empenho estender a mão à vontade de mudança para que esta possa acontecer.
Está na hora de mudar, a crise confirma esse facto inegável. E não basta olhar para as alternativas como um conjunto de variações de cinzento e acabar por escolher a que estiver mais à mão: é necessário o passo seguinte de aperfeiçoamento da Democracia, a sua reconversão à medida destes dias em que só a participação activa dos cidadãos poderá efectivar, nas ruas, como nas redes sociais, como nas urnas, com a urgência que se impõe.