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Abr06
TERAPIA
shark
Os milagres, fruto do acaso, acontecem. Conjugações perfeitas para um desenlace ideal.
Mas o acaso, que não é fruto dos milagres, também acontece por si. Não estava escrito, mas às vezes conjugam-se forças malignas (e outras) com o intuito de provocarem uma súbita vontade de reescrever a(s) História(s).
Basta às vezes um pequeno empurrão da mente, de algum instinto de conservação, e eis-nos capazes de cometer os excessos oportunos que nos evitam maçadas. Ou descambam num mal pior.
E o pior é nunca conhecermos as repercussões. Nunca sabemos se as nossas decisões são as mais indicadas para nos poupar às ditas maçadas, aos fretes que pretendemos inconscientemente evitar. E por isso nos deixamos levar, arriscamos que algo corra mal, o pretexto ideal para nos safarmos à justa do que nos incomoda enfrentar. Pelo receio da pior escolha.
Porque temos sempre opções alternativas, quando às expectativas se junta um impulso real.
Depois analisamos as coincidências, medimos as consequências e até achamos que há males que vêm por bem. Como a tempestade medonha que se abate sobre um incêndio difícil de controlar. Oportuna, surge no horizonte como uma benção cinzentona por substituição. Do mal o menos, direito por linhas tortas e assim. Todas as histórias têm um fim que os meios justificam. E cada evento inesperado surge com o cunho gravado de uma premonição, com a clareza de um sinal.
Os azares, fruto de coincidências aziagas, acontecem também.
São evidências reveladoras de que alguém optou pelo caminho pior, nesta vida que de opções se vai fazendo aos poucos.
Ou não, porque às vezes a desgraça de uns pode ser a sorte de outros.