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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

08
Jul12

A POSTA QUE NO PIOR PANO TAMBÉM CAI A NÓDOA

shark

Sempre que um político é apanhado nas teias de uma situação menos apropriada a sua prioridade é garantir que tudo foi feito nos termos da Lei. Nada ultrapassa em urgência a certificação de qualidade da pessoa sob suspeita, espalhando ao vento o artigo do decreto que legitima, do ponto de vista legal, a actuação em causa.

Essa definição da prioridade dos políticos em maus lençóis deixa clara a preocupação em manter impoluto o registo criminal, em detrimento de qualquer outra aflição acessória pelo efeito dominó que os escândalos sempre impulsionam.

Porém, começa a ser cada vez mais notório o interesse dos cidadãos por coisas que pareciam ter caído em desuso.

A legalidade permanece obrigatória mas a idoneidade, sobretudo em tempo de crise, adquire maior relevância e para mal dos nossos pecados a maioria da classe política ainda não percebeu esse trocadilho.

 

O caso da moda é o do Ministro Relvas, o político que aparece mergulhado em todas as caldeiradas que este Governo produz e agora foi identificado como um dos felizes contemplados com um canudo que podia ter saído na farinha amparo.

Mais uma vez, e trazida a inconveniência à baila depois de tanto tempo de distração, o esforço foi concentrado na sensível questão da legalidade, da transparência, de uma legitimidade estritamente formal.

O problema do Ministro Relvas, como de todos os que o antecederam nesse tipo de assunto melindroso e de todos os que lhe venham a suceder no embaraço, é a tal percepção do povo que não acha piada nenhuma a falsos doutores, ainda que a lei e suas alarvices os licenciem.

É que o povo até reconhece o mérito de quem queima as pestanas para lá chegar e por isso não se mostra compreensivo para com os cábulas e os oportunistas.

 

É no fundo um problema de formação, ou de falta dela. Mas acima do cariz muito duvidoso das equivalências múltiplas já comprovadas ergue-se a falta de formação pessoal implícita na aceitação deste tipo de expedientes, muito para lá da respectiva legalidade. É um problema ético e moral, porque suscita questões pertinentes acerca da capacidade de liderança.

Esse é um ponto fraco absolutamente inaceitável num momento decisivo para o país, tão necessitado de um Governo como lhe foi prometido na sequência da queda forçada do anterior.

 

E é por esse mesmo motivo que pouco mais restaria a um Ministro digno desse nome, a um doutor digno desse título ou a um senhor propriamente dito do que a demissão do cargo, por iniciativa própria e a bem da vergonha na cara que é o mínimo que a população pode exigir.

Cada dia que passa sem que essa demissão aconteça é menos um que falta para mais um Governo cair.

 

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