A POSTA QUE MERECIAS TAUTAU NESSE RABINHO MIMADO
Desconheço o problema que está na origem da atitude pois essa é absolutamente injustificável e nenhuma razão lhe servirá de atenuante. Concentro antes a minha atenção nessa reacção estapafúrdia do menino com falinha mansa que decidiu armar-se em virgem ofendida e virou as costas à sua obrigação moral.
Ricardo Carvalho ganhou um lugar na história do futebol em Portugal ao protagonizar uma situação que em termos de impacto negativo equivale à celebre cena de pancadaria entre Ricardo Sá Pinto e o então seleccionador nacional Artur Jorge.
Contudo, essa equivalência limita-se ao cariz vergonhoso de ambos os casos. Chamados a uma responsabilidade que, embora exacerbada como este tipo de episódio confirma, tem um peso enorme à escala mundial os rapazolas idolatrados por milhões de pessoas não se acham, pelos vistos, obrigados sequer a prestar o serviço que lhes rendem outros milhões e uma vida de lordes num mundo em aflição.
E esse serviço, sobretudo quando se aceita a braçadeira de capitão, não consiste apenas em jogar à bola e nem sempre à altura das expectativas. Implica igualmente o respeito pela camisola que outros vestiram e muitos mais vestirão, pelo simbolismo que reclama uma dignidade que estes fedelhos birrentos parecem não conhecer.
O desertor em causa, e nisso subscrevo por inteiro Paulo Bento, tornou-se num péssimo exemplo a seguir pelas muitas pessoas, miúdos também, que os têm por referência, pior ainda do que o deixado por Sá Pinto com a sua argumentação neandertal.
A violência estúpida implícita no mau momento do Ricardo bruto vai sempre parecer menos mal um nadinha do que a deserção irresponsável do Ricardo cobardolas.