ROSTO ABAIXO
A emoção escapou da alma sob a forma de uma lágrima que traçou rosto abaixo o percurso para a enxurrada das restantes foragidas que aguardavam a sua hora de fugir.
A nascente começou a libertá-las aos poucos mas não tardou a perder o controlo ao caudal, qualquer barragem seria ultrapassada pela força da corrente poderosa daquela torrente chorosa que corria, rosto abaixo, para longe de onde não queriam estar porque não faziam falta alguma.
Todas seguidas, unidas pelos grilhões das pretensas emoções que as produziam afinal. Rosto abaixo, dali para fora. Era tempo de partir, de ir embora, para nivelar a pressão que atormentava o presídio onde cada lágrima aguardava a sua vez para fugir ao frio e mergulhar no vazio que lhes parecia mais aliciante do que uma alma emocionada de forma artificial, apenas mais um embuste emocional que aquele rosto com pele de crocodilo acabou por absorver, canalizando esse depósito para futuras utilizações.