O DESTINO DIABÓLICO DO ANGÉLICO
Diz o povo que o diabo pode estar por detrás da porta e essa possibilidade implica uma atitude mais prudente por parte de quem pretenda dificultar-lhe a vida quando queira dar cabo da nossa.
O Angélico, jovem com estatuto de figura pública e por isso mesmo com um futuro risonho no horizonte em termos de condições de vida para dela gozar, ignorou a estatística e arrastou consigo mais três para um acontecimento que já matou um e ficará com toda a certeza marcado no corpo e na mente dos que lhe sobreviverem.
De pouco servem os moralismos de pacotilha na sequencia deste tipo de circunstância, excepto se servirem o propósito de chamarem a atenção dos que ainda podem escolher entre facilitar a vida ao azar por lhe amplificarem as consequências.
É essa a única saída para algo de bom resultar de algo tão mau para quem se viu envolvido no pior momento do Angélico.
De acordo com os dados revelados pela Comunicação Social, o acidente de viação em causa terá resultado do rebentamento de um pneu. É um azar.
Contudo, igualmente têm vindo a lume as negligências e os excessos que aumentam sobremaneira as hipóteses de algo não correr apenas mal mas ainda pior.
A tragédia do Angélico resultou do azar e de uma conjugação dos tais factores que o potenciam e o amplificam: alguém entendeu confiar a um grupo de jovens um bólide com mais de 250 cavalos e nem se preocupou em acautelar a existência do seguro obrigatório; desse grupo de jovens apenas um, o que escapou incólume, teve o bom senso necessário para usar o cinto de segurança mais do que imprescindível num carro que atinge velocidades que em caso de simples travagem brusca transforma os passageiros em mísseis humanos; o excesso de velocidade, quase inevitável naquela conjugação malta nova/carro potente, fica confirmado pelo estado lastimável em que ficou a máquina.
Só ficou de fora, até ver, a eventual condução sob o efeito de substâncias que possam alterar a capacidade de reacção do condutor para estarem reunidas as condições para o azar ter vida fácil.
É essa a mensagem que vale a pena reter desta situação da qual já resultou um morto e dois feridos graves (a gravidade das lesóes sofridas pelo Angélico não permitem grande euforia quanto ao futuro). A legião de admiradores do Angélico deve concentrar-se mais no mau exemplo transmitido e que pode servir de alerta prévio para situações análogas e menos no azar que afinal tanto fizeram para atrair.
O Angélico, que tanto cuidou do corpo, deveria ter cuidado da cabeça também pois quando esta falha é sempre o outro que paga.