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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

31
Mai11

A POSTA SEM NOME

shark

Como estamos todos saturados de temas densos que em nada ajudam a malta a descontrair um bocado da crise opto hoje por um tema mais ligeiro, porquanto muito sério.

Em causa está a flagrante injustiça cometida para quem ao longo de milénios assumiu o ingrato papel de dar nomes às coisas e às pessoas. Quer dizer, somos todos muito rápidos a desdenhar de quem se esmifrou a olhar para um filho para concluir: meu filho, tens mesmo cara de Hideraldo. Ou minha filha, toda tu és Ermengarda. Mas nesse desdém imediatista esquecemos a angústia de quem se vê a braços com tamanha responsabilidade.


Recuemos um pouco no tempo (pouco, porque estas coisas do tempo são muito relativas em termos cósmicos) e vistamos a pele (de mamute ou assim) do primeiro gajo a olhar embevecido para aquele espaço mágico entre as pernas da sua neandertala, encantado, e a querer louvá-la.

No meio dos seus grunhidos pré-históricos de aflição por não saber que nome dar àquilo, imaginemos o que terá saído para que, muito tempo depois, alguém considerasse vagina o nome mais adequado.

Não domino dialectos do tempo das pinturas de Foz Côa, mas não deixo de pasmar perante o que terá saído da boca daquela criatura peluda para virmos a baptizar o tal espaço sagrado com um nome tão complicado de pronunciar e sem piadinha nenhuma.

 

Mas a minha admiração abrange também a posterior adopção de nomes alternativos. Notem bem: alguém deu cabo da tola a pensar em nomes suplementares para algo já devidamente catalogado num conjunto de sons qualquer.

Ah e tal, vagina é um nome que não lembra ao caralho (já vão perceber porque acabo de me exceder na linguagem). Eu olho para aquilo e só me ocorre cona.

E toca de espalhar a nova terminologia pelos amigos do bairro chunga até a coisa (o nome da coisa) chegar aos ouvidos da elite pensadora da sua época.

Claro está que quem abraçou o nome original reclamou de imediato a patente imaginária e terá desabafado com os mais próximos: atão um gajo aqui a dar voltas ao miolo para arranjar um nome para aquilo e vem-me aquele primogénito de uma meretriz inventar um nome novo? Tenho que providenciar de imediato um esquema eficaz para a respectiva conspurcação! Vamos espalhar o boato de que se trata de uma asneira, de uma ordinarice que não se pode tolerar, de um pecado mortal.

 

Mas o que é certo é que a designação pirata acaba provavelmente por ser a mais utilizada no quotidiano de todos nós os que usufruímos dos nomes que não precisámos de inventar, até porque não soa muito razoável e ainda menos estimulante a pessoa, em pleno acto, sair-lhe um vou comer-te essa vagina toda. Não sei se a questão é fonética ou semântica ou se tem apenas a ver com o fruto proibido inerente ao palavrão como o entendemos, mas a verdade é que quem inventou o termo cona parece ter tido maior acerto na sua opção.

 

Isto não invalida o reconhecimento da relevância dos autores de quaisquer nomes, bem vistas as coisas.

Não levam a sério o assunto e acham que é fácil dar nomes às cenas?

Então tentem colocar-se na posição do primeiro gajo que olhou para, sei lá,  um calhau. Ou para a pila do tal mamute prestes a ser esfolado para cobrir, entre outras, as partes pudibundas dos nossos antepassados das cavernas, e percebeu que se tratava da mesma coisa (do mesmo coiso) que ele pretendia agasalhar, perante o olhar interessado da fêmea a quem pretendia dar com a moca na tola, e precisou de arranjar assim de repente um nome comum para designar os dois pénis em apreço num conveniente plano de igualdade linguística…

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