VENCER A INDECISÃO FOR DUMMIES
Se quisermos começar do zero para vencermos a indecisão ao longo da semana podemos começar por nos colocar a seguinte questão: queremos estar do lado dos que defendem o honrar dos compromissos assinados com quem nos emprestou a massa ou preferimos fazer como nos apetecia relativamente aos nossos créditos ao consumo e mandar os gajos irem receber ao totta e aguentarmo-nos à bomboca com pala de islandeses mas com alma de portugas?
A escolha da primeira hipótese elimina Bloco de Esquerda, PCP e praticamente todos os partidos concorrentes sem assento parlamentar, a escolha da segunda afasta PS, PSD e CDS/PP.
Outra questão porreira para a exclusão de partes é a seguinte: preferimos eleger deputados sérios mas que passam pelo Parlamento sem piar ou deputados de paródia que dão imenso nas vistas e podem transformar, com a sua atitude (chamemos-lhe) irreverente ou as suas ideias peregrinas, o hemiciclo num circo?
Ainda podemos perguntar-nos se preferimos como rosto de Portugal lá fora políticos com perfil dos Homens da Luta (não há aqui nada de pejorativo fora deste contexto específico e eurofestivaleiro) ou daqueles do costume que pelo menos não dão barraca como fanarem canetas aos homólogos ou dispararem calinadas spagueti a toda a hora.
Há outro filtro interessante para orientar o nosso sentido de voto de uma forma consciente e não a reboque de sondagens, bitaites da treta ou impulsos muito alvos na intenção mas completamente ao lado dos mesmos no seu resultado prático: preferimos eleger um partido que não inclua no seu discurso coisas tão estapafúrdias como a obrigatoriedade do vegetarianismo, um referendo acerca da reinstauração da monarquia ou da actual e já referendada lei do aborto ou antes alinhamos com os que pelo menos garantem a manutenção de algum bom senso no poder?
E já agora, preferimos uma opção bem estruturada, gravada a ferros no cerebelo de quem nela acredita, mas irrealista pelo que implica em termos de conjuntura económica e social ou, embora achemos piada e nos sintamos com ganas de fazer uma revolução pelo voto à maluca, preferimos cingir as escolhas possíveis às que até já se mostraram desastradas mas pelo menos não viram isto tudo de pantanas em meia dúzia de dias?
Respondidas todas estas questões e somando-lhe uma pitada de reflexão acerca do inevitável binómio esquerda/direita vão ver como só fica indeciso quem for preguiçoso demais para pensar...