NESSE DIA
Nesse dia gritaste tudo aquilo que silenciaste por ti e pelos teus, dividido que andavas entre a liberdade que ansiavas e o medo de deitares quase tudo a perder.
Nesse dia foste para a rua apoiar aqueles que te quiseram libertar da escuridão de uma mente sob a escravidão das ideias impostas, dos conceitos fascistas que a tua inteligência renegava e a tua consciência pesava por saberes de outros, clandestinos, que sofriam e lutavam por aquilo em que acreditavam, parecia que perdiam mas ganhavam, aos poucos, uma revolução pela calada, armavam na sombra uma emboscada aos tiranos opressores, aos pides e outros horrores como a guerra que não servia a ninguém.
Nesse dia acreditaste na vitória do mal sobre o bem e juntaste a tua voz à do povo unido na rua, a luta continua e viva o MFA, e verteste lágrimas na calçada que assassinos deixaram manchada de sangue dos que agora sentias como heróis.
Nesse dia beijaste uma espingarda que uma criança tornou florida com o cravo da Revolução, a beleza da multidão desarmada que oferecia a vida na calçada se as armas antigas disparassem sobre as gentes para que calassem de novo a sua vontade de conquistar a liberdade adiada.
Nesse dia juraste no meio da estrada que ontem jamais se repetiria e os filhos que o teu teria poderiam crescer sem o medo que te obrigou a calar as palavras proibidas, a abandonar as ideias banidas que serás livre de defender pelo voto que falará por ti hoje nas eleições.
E assim abres o caminho para poderem falar por si mesmos depois.