A POSTA QUE MAIS VALE PARECÊ-LO
O prof Marcelo acaba de afirmar, com imensa convicção, que José Sócrates não constitui um problema enquanto pessoa mas enquanto estilo.
Ou seja, não está em causa o que é ou do que se mostra capaz (o conteúdo) mas a forma como faz as coisas.
Como exemplo cita o comportamento do Primeiro-Ministro durante a votação do PEC4, desprovido da humildade democrática que o célebre comentador televisivo e antigo líder laranja considera indispensável numa governação sem maioria.
Quer isto dizer que José Sócrates não seria um problema se soubesse bater a bola baixinha, falinhas mansas e paninhos quentes, para que os restantes partidos e seus figurões pudessem assumir o típico paternalismo portuga e não tivessem que se sentir, em simultâneo, desprovidos de poder e reduzidos à insignificância por comparação.
A política baralha-me, sobretudo a comentada por estes pseudo-dissidentes dos principais partidos em cena.
É que fica sempre a ideia de que as decisões relevantes para o país dependem de coisas tão pueris como as birras e as embirrações dos notáveis.
E isso, num contexto de lideranças dominadas por pessoas que inspiram tudo menos confiança em matéria de sentido de Estado, permite perceber o quanto estamos entalados por termos os destinos confiados a gente que pondera decisões em função de feitios, de reacções, chamemos-lhes estilos, em lugar de terem em conta a capacidade dos governantes para as ponderarem com base no que verdadeiramente conta.