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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

25
Fev11

A POSTA QUE EU TAMBÉM NÃO VI, SÓ CHEGUEI AGORA

shark

Logo ao início da tarde, um taxista e um motoqueiro com os caminhos cruzados num ponto infeliz de intersecção. A mota espalhada no chão e o respectivo proprietário também.

A multidão reunida em minutos, batalhões de mirones aquartelados por toda a parte que reagem com enorme prontidão quando chamados a observar, sempre à posteriori (porque quando se pedem testemunhas ninguém viu nada e acabou mesmo de chegar), o rescaldo da ocorrência.

 

O rapaz, que levou uma pancada no lado esquerdo e foi acabar tombado contra uma carrinha (mal) estacionada no lado direito, completamente desorientado pela surpresa e indignado com a falta de respeito pela todo-poderosa regra da prioridade esbracejava e até parecia ter-se safado bem, podia ter sido bem pior – como afirmava alguém de entre os observadores estrategicamente colocados para trocarem umas impressões -, ia constatando as mazelas à medida em que arrefeciam corpo e ânimo mas, filho do bairro, quando a família chegou, mulher e filhos, e o mais velho, dez anitos ou por aí, começa a chorar por ver o pai naqueles propósitos e o motoqueiro vai-se abaixo com o susto e o mimo.

 

Chega a ambulância, mais os amigos e vizinhos que levam a cabo um inquérito preliminar e bom senso o do fogareiro que em momento algum contesta ou levanta a voz.

De braço ao peito e expressão visivelmente alterada pela dor lá segue caminho para o hospital e fica alguém de confiança a certificar-se de que foi chamada a polícia, como recomendam os mirones mais calejados naquelas andanças, para poder prestar declarações.

Chega a polícia, já passa das cinco. O taxista, colete amarelo como manda a lei, conta a sua versão. O condutor da carrinha exibe documentos e prepara-se para contribuir para as receitas eventuais enquanto um dos agentes da autoridade procede às medições para o auto que as seguradoras irão solicitar para o apuramento de responsabilidades.

Os mirones não desmobilizam, revezam-se.

 

A tarde perdida no meio de um cruzamento, dezenas de pessoas envolvidas na situação, a culpa foi deste, a culpa foi daquele, imbecilidades a jorro de quem percebe de tudo e mais alguma coisa porque só assim pode dar o ar.

A mota levada por um familiar.

O táxi, poucos danos visíveis, a seguir caminho para mais uma bandeirada.

 

Dois amigos, anciãos, o tempo todo na troca de palpites, os carros mal estacionados e o gajo que é culpado porque apanhou o rapaz pela traseira e esta malta anda na estrada sem cuidado nenhum, logo um profissional, devia ter vergonha, e entretanto já mais ninguém no local e o assunto esgotado e um sorriso sacaninha no rosto de um dos dois quando decide romper um breve silêncio.

 

- Atão e o teu Sporting?

- Vai à merda, pá…

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