A POSTA NUM CARDÁPIO DE TABERNA
Então temos meia dúzia deles. São cinco em variações de cinzento e um em tons garridos, pois faz sempre falta nestas coisas o colorido que o humor popularucho sempre empresta.
Temos pois uma figura austera a roçar o sinistro, uma espécie de cangalheiro repetente que joga bem com as cortinas tombadas sobre o palco no qual a democracia parece andar a interpretar todos os dias o último acto do seu evidente desgaste à mercê de vilões e de cúmplices em profusão, perante uma plateia inerte de alimárias.
Também dispomos, neste menu de dieta ideológica, de um clone do primeiro candidato do PC e do segundo e por aí fora. Mais do mesmo, a alternativa do costume com o discurso habitual para que pelo menos uma parte do eleitorado possa sentir que a coisa está tal e qual como nos tempos gloriosos em que unidos venceríamos mas afinal acabamos por só servir para empatar. Ou para ajudar a levarmos uma goleada de tal forma pesada que nem vale a pena disputar a segunda mão da eliminatória.
Olhando para a ementa ainda encontramos o que alguns afirmam ser uma lebre socialista mas a maioria vê como um daqueles irritantes pequinois que se insurgem furiosamente contra o grand danois sorumbático, barulho à brava, no intuito de marcarem o seu pequeno território e, em simultâneo, contribuírem com o mesmo efeito de divisão dos pães que acabará por deixar à míngua uma canhota trapalhona nas decisões nesta matéria.
Como em todas as oportunidades de projecção mediática, seja o Big Brother ou uma eleição presidencial, aparece sempre um tiririca para animar a malta. Desta vez saiu na rifa um homem brincalhão de um partido a reinar. E reina a animação na comitiva insular e de vez em quando um ou outro encontrão de quem não tem sentido de humor para brincadeiras em tempo de decisões sérias ou simplesmente desatina com a atitude folgazona de um candidato a Presidente capaz de desfraldar uma bandeira nazi em pleno parlamento regional. Não dá uma para a caixa mas sempre agita um nadinha as águas paradas que os da política dita séria não param de meter.
Podemos ainda escolher o candidato que dizem de inspiração humanitário-soarista. Talvez não baste o tempo que resta para a malta perceber porque se meteu o homem nisto e ainda tentar decifrar a lógica ou o objectivo da sua argumentação que, de resto, tem um ponto em comum com a do candidato com perfil de gerente (perdão, presidente) de agência funerária: também este recusa o estatuto de político e, por inerência, assume o de pára-quedista desta andança (já que o outro não consegue enganar ninguém com tal discurso depois de anos a mamar da mesma vaca que agora alega só conhecer de vista).
E para a sobremesa desta posta temos o candidato que resta, uma verdadeira montanha (salada?) russa de emoções para a malta de esquerda, ora murcha ora arrebita, e que tem o mérito de conseguir(?) juntar no mesmo ramalhete as rosas do seu passado antifascista com o bloco de cardos que mais mossa lhes poderão causar à esquerda nas próximas legislativas, num daqueles casamentos por conveniência no qual já toda a gente topou que os membros do casal dormem em camas muito separadas.
Mas no próximo fim-de-semana é essa a ementa disponível e quem não votar já sabe que tem que comer o que lhe puserem no prato.
E de acordo com as sondagens na cozinha, vai ser outra vez comida requentada…