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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Jul10

A POSTA QUE NEM O PORTAS IRIA TÃO LONGE

shark

Sempre que desleixo a minha costela esquerdalha e começo a resvalar para o discurso do fim das ideologias, das diferenças entre Esquerda e Direita, aparece um facto que me desperta para a realidade da coisa.

 

A ideia peregrina de eliminar da Constituição a expressão justa causa, substituindo-a por uma outra mais ambígua para facilitar a vida ao patronato quando entende despedir pessoas constitui, para além de um insulto a quem lutou por coisas tão garantidas hoje como o direito a férias e outros do género que dantes não existiam como dados adquiridos, uma clara marcação de território por parte do novo menino de ouro do PSD e, provavelmente, o prenúncio de mais uma desilusão laranja em matéria de liderança.

Aliás, basta ter em conta o milagre de Passos Coelho ser o primeiro líder social-democrata a conseguir a proeza de fazer Alberto João Jardim soar comuna nas suas intervenções a propósito deste assunto tão melindroso quanto esclarecedor.

 

No fundo, o PSD acaba de assumir o que espera os portugueses se alinharem na sanha persecutória à única opção de poder que, boa ou má, nos resta. Não há como escamotear essa verdade incómoda: se nas próximas eleições vier a confirmar-se a substituição da praxe nesta alternância democrática à americana os menos abastados têm uma vida dura pela frente. Basta antevermos o que resultaria de uma maioria absoluta laranja, sobretudo se a soma dos deputados do PSD com os do CDS/PP permitisse os dois terços necessários para as revisões constitucionais.

Não há forma de dourar a pílula: a Direita quer aproveitar a boleia da crise para retroceder umas décadas no tempo e legalizar os excessos que o papão do desemprego suscita, sob o falso pretexto de atrair o investimento estrangeiro com a flexibilidade dos despedimentos associada aos salários made in China.

E isto, boa gente, é a Direita em todo o seu esplendor.

 

Assim sendo, mesmo no meu confortável estatuto de quem não depende de patrões, nada mais me resta do que regressar à minha posição canhota (também) nisto da política e radicalizar o discurso na proporção da ameaça que este novo PSD traduz para os valores que me são gratos e intocáveis.

 

Ou a malta acorda para a dura realidade ou não tarda temos de volta os dias em que ser trabalhador por conta de outrem quase equivale a ser refém de quem possui o dinheiro e o poder para decidir quem tem direito a um salário digno e a condições de trabalho decentes.

E sabemos bem, os que não perderam a memória, ao que essa força sem mecanismos de controlo ou travões legislativos equivale em matéria de abusos por parte de quem a possua.

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