Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

26
Mai10

POIS, É A MATURIDADE E ASSIM...

shark

Tenho saudades do tempo em que tudo acontecia, como que por magia, quando tinha mesmo que ser. Obstáculos e contrariedades ultrapassados, reduzidos a pó, sempre que se tornava necessário, indispensável, um milagre a acontecer.

 

Só quando somos muito jovens ou, depois de adultos, muito apaixonados conseguimos mover montanhas. Ou pelo menos assim parece, quando nos confrontamos com os sinais da resignação dos outros e da nossa também, quando nos apercebemos que a partir de certa altura já nem lutamos contra aquilo que nos possa limitar de alguma forma a felicidade que achamos sempre merecida. Passamos pela vida mas ela passa-nos por cima, cilindra aos poucos a resistência, o entusiasmo, a ousadia até.

E assim acabamos por perceber o que é afinal isso de envelhecer, de perdermos a combatividade de outrora, a força da paixão pelas coisas, pelos momentos, pelas pessoas, diminuída ao ponto de já nem sentirmos que vale a pena protestar mas apenas aceitar como factos consumados os azares ou as trocas de voltas que antes atacávamos com o desespero de quem não abdica das oportunidades tão raras de ser feliz com algo ou alguém.

 

Baixamos os braços, ainda que o reneguemos com meia dúzia de exemplos gastos pelo tempo até darmos conta de que abraçamos sem hesitar os pretextos que nos permitam sentar o rabo na preguiça e no conformismo que nos defendem das reacções de quem já nem tenta disfarçar a perda do brilho no olhar ou das consequências de insistirmos na crença de que é sempre possível ir mais além seja no que for, contra ventos e marés.

 

Metemos as mãos pelos pés nas tentativas atabalhoadas de explicações alternativas para o fenómeno porque queremos adiar a resignação. Mas acabamos por seguir adiante, com um encolher de ombros ou o engolir em seco que traduzem precisamente a aceitação passiva que afinal escolhemos para nos poupar e aos outros à batalha permanente por coisas que tínhamos como garantidas mas o tempo se encarrega de desmentir, depois de acabar de demolir quaisquer veleidades que a coragem ou a vontade ou outra cena pudessem, noutro tempo, alimentar.

 

Sim, acabamos por desistir.

E quando o percebemos, quando o sentimos na pele, por norma é quase sempre tarde demais.

4 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO