26
Fev06
TENHO UMA PENA PARA TE REVELAR
shark
Ontem estive a observar a outra face de alguém. Um alter ego, escondido numa gaveta aberta, camuflado com uma identidade alternativa em modo reverse para afastar os olhos indiscretos das verdades que não podia contar.
Mas precisava. E por isso arriscou deixar aberta a gaveta, na convicção de que ninguém poderia algum dia somar dois mais dois a partir das improváveis coincidências ali expostas.
Nessa outra face, menos politicamente correcta, essa pessoa desabafava o que lhe ia na alma e fornecia explicações para fenómenos que me deixavam surpreso, sem respostas. Como numa imagem invertida de si, um recomeço logo a seguir a um fim. Essa pessoa afastou-se de mim, devo esclarecer, e eu não entendia porquê. Entendi-o agora, nas palavras que me escondeu por detrás de uma porta entreaberta à minha mercê, ao alcance do olhar indiscreto que agora me envergonha.
Exigi demasiado dessa pessoa, reconheço agora. A vida lá fora é um poço de tentações que gera desequilíbrios entre o que queremos e o que conseguimos ser. A vida é uma permanente armadilha para o nosso coração. E a cabeça é que paga, atormentada pelas dualidades que nos minam a consciência.
Arrependo-me de ter, com o exagero da minha pressão, afastado de mim essa pessoa.
E de destruir, pela natureza das revelações que me confrontaram e pela curiosidade mórbida que me amarrou às palavras ocultas, a confiança que nos poderia reaproximar.
É uma pena que a sinceridade seja proibida na amizade.
E até no amor.
Mas precisava. E por isso arriscou deixar aberta a gaveta, na convicção de que ninguém poderia algum dia somar dois mais dois a partir das improváveis coincidências ali expostas.
Nessa outra face, menos politicamente correcta, essa pessoa desabafava o que lhe ia na alma e fornecia explicações para fenómenos que me deixavam surpreso, sem respostas. Como numa imagem invertida de si, um recomeço logo a seguir a um fim. Essa pessoa afastou-se de mim, devo esclarecer, e eu não entendia porquê. Entendi-o agora, nas palavras que me escondeu por detrás de uma porta entreaberta à minha mercê, ao alcance do olhar indiscreto que agora me envergonha.
Exigi demasiado dessa pessoa, reconheço agora. A vida lá fora é um poço de tentações que gera desequilíbrios entre o que queremos e o que conseguimos ser. A vida é uma permanente armadilha para o nosso coração. E a cabeça é que paga, atormentada pelas dualidades que nos minam a consciência.
Arrependo-me de ter, com o exagero da minha pressão, afastado de mim essa pessoa.
E de destruir, pela natureza das revelações que me confrontaram e pela curiosidade mórbida que me amarrou às palavras ocultas, a confiança que nos poderia reaproximar.
É uma pena que a sinceridade seja proibida na amizade.
E até no amor.