POR ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS
Sinceramente não sei se o fenómeno é mundial, mas ver a CNN a desviar a emissão em directo para a chegada do tsunami ao Havai (que até agora se resume a uma ligeira subida do nível do mar, com as câmaras a filmarem ondas com alguns centímetros de altura), deixando cair em absoluto a ampla cobertura ao Chile, onde aconteceu um dos cinco terramotos mais fortes desde que existe um registo, recorda-me que nas aflições cada nação cuida de si e o problema dos outros é sempre relativo.
Por outro lado, a comparação entre a ressaca dos sismos no Chile e no Haiti (quem? - perguntam os telespectadores americanos) forneceu um exemplo claro da diferença de capacidade de resposta entre um país democrático e com instituições funcionais e a debilidade óbvia do poder perante a catástrofe numa terra (quase) sem lei.
Estas calamidades naturais possuem o condão de deixar à vista a diferença entre uma liderança forte com uma organização política em condições e as repúblicas das bananas onde a falta de dinheiro não explica tudo em matéria de colapso institucional.
Num país sem regras para a construção de edifícios, por exemplo, e onde a corrupção impera, as consequências deste tipo de fenómeno são sempre mais devastadoras e isso recorda-nos o quanto vale a pena combater o desleixo e as impunidades dos quais proliferam exemplos no nosso próprio país.
Na tragédia é como melhor se percebe a fragilidade de qualquer sistema mergulhado no caos e mais se sente a falta de uma organização cuidada e de uma liderança respeitada.
E considerando a imagem actual das principais figuras do Estado Português e mesmo dos chamados pilares da Democracia, bem podem deixar cair o regresso de El-Rei D. Sebastião.
Se um dia algo de parecido com o que se passou no Chile acontecer aqui, quem vamos precisar de descobrir na bruma é mesmo o Marquês de Pombal...