A POSTA NAS MATRACAS FECHADAS POR UNS TEMPOS
Já aqui afirmei por mais de uma vez a minha discordância com muito do que Alberto João Jardim diz e representa. No entanto, e perante o cenário enfrentado pelos madeirenses, nomeadamente o líder que ninguém pode questionar na dedicação à sua terra, seria de mau gosto aproveitar a tragédia para encontrar mais uns defeitos do homem para estar entretido neste ou noutro espaço.
Isto a propósito do tempo e energia gastos pelos que se apressaram a apontar o dedo a alegados erros de urbanismo e outros aspectos susceptíveis de alimentarem a sua reacção espontânea a tudo o que se passou.
Irrita-me, este oportunismo preguiçoso e extemporâneo dos que nem esperam que arrefeçam os cadáveres para se comportarem como hienas. É extemporâneo porque não respeita sequer o tempo para a dor de que as pessoas necessitam antes de se apurarem quaisquer responsabilidades. E é preguiçoso porque os apressados em causa preferem canalizar a sua energia e motivação para a identificação de eventuais culpas e culpados, coisa que podem fazer no conforto burguês das suas poltronas, em vez de (já que não arregaçam mangas para irem ajudar portugueses em aflição) utilizarem as mesmas capacidades para congeminarem formas de atenuar as dificuldades enfrentadas pela população a quem nesta altura de nada interessa o enfraquecimento do seu líder histórico quando mais precisam da sua força e resistência.
É vil, esta forma de reagir a uma catástrofe natural ou mesmo aos erros que possam ter agravado as suas consequências. É inútil, pois ninguém com sensibilidade e bom senso dará ouvidos ao rosnar de ambientalistas e outros visionários que já sabiam que isto ia acontecer se estes se fizerem ouvir em plena ressaca do que se passou.
Ainda nem se sabe ao certo quantas pessoas perderam a vida nesta catástrofe, gentinha...
Os madeirenses precisam de contar com todos os portugueses para ultrapassarem este problema, nomeadamente porque os grandes operadores turísticos serão lestos a desviarem os seus circuitos para as Canárias ou similar se a Madeira não se apressar na reconstrução e no restabelecimento da normalidade possível.
Não precisam, para já, de papagaios ou de oportunistas (qualquer aproveitamento político-partidário a esta situação será infame) sedentos de pretextos para, na prática, baterem no ceguinho enquanto este está de costas.
Alberto João Jardim é a única pessoa com condições para coordenar esforços e mobilizar vontades para a tarefa hercúlea que espera os madeirenses. E mais: muitos dos argumentos que me têm servido como a outros para o criticar serão, paradoxalmente, os seus maiores trunfos na missão que terá que abraçar como uma obsessão.
Por isso e porque para fazer frente a tragédias ninguém precisa dos queixinhas de serviço (é assim que se vestem com a sua pressa excessiva) mas sim de gente capaz de servir como ponto de orientação para uma população em choque e seguramente sem vontade nem pachorra para aturar melgas.