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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Dez09

BALÃO DE SORO

shark

 

Sentiu partirem-se aos poucos todos os elos de ligação do cesto ao balão insuflado de ilusões que lhe permitiam sobrevoar a realidade como numa bolha de sabão à espera de rebentar.

Nem chegou a tentar livrar-se do lastro, sacos cheios de memórias carcomidas, pedaços de tempo de vidas que agora o arrastariam mais depressa para o chão quando se partisse a última ligação a tudo aquilo que o prendia ao céu.

 

Em pânico, era ainda pior a iniciativa do que a resignação. De cada vez que tentava intervir criava maior aflição e sentia menos firme o pouso dos pés, logo acima de rochas pontiagudas que aguardavam a queda para o trespassarem sem dó.

Sentia-se cada vez mais só na difícil missão de encontrar uma salvação miraculosa, uma saída airosa para o colapso da fantasia que alimentava enquanto dormia e sonhava com um mundo cor de rosa onde tudo podia acontecer.

 

As coisas que queria fazer, a bordo do balão onde começara a viagem e se deslumbrava com cada paisagem ao seu alcance no ponto tão alto a que subiu...

Afinal era um balão que caiu antes mesmo de deixar o chão, arrastado pelo vento numa corrente de ar do pensamento positivo de um sonhador, um crente fervoroso na capacidade de o amor ultrapassar qualquer tormenta, de sustentar uma utopia que se acalenta na bebedeira das emoções.

 

Mas só lhe restavam balões de soro, esperanças teimosas, reprimido o choro pelas tentativas raivosas com que se esforçava, em vão, por atar de novo cada ligação quebrada para evitar a sua queda mais a de tudo quanto trazia a bordo do cesto que agora sentia desamparado do balão que sabia perdido nas nuvens que o privavam do sol e da sua luz.

 

À deriva na escuridão que qualquer desilusão produz.

 

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