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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

10
Dez09

INCONDICIONAL? NÃO HÁ CONDIÇÕES...

shark

Sempre me causou aflição perceber o dilema de alguém entalado pela lealdade que um amor supostamente acarreta.
Em causa está o tipo de situação que envolve pessoas e/ou coisas que por algum motivo entram em rota de colisão e de alguma forma implicam tomar partidos que, sem os vínculos interferirem, nunca corresponderiam à decisão que a pessoa entalada abraçaria.

 

Um amor não pode nem deve ter como regra a obediência cega a qualquer pressuposto que se sobreponha à verdadeira natureza das pessoas envolvidas. Ou seja, ninguém deve ser ou mesmo sentir-se compelido a abraçar causas nas quais não acredita apenas para respeitar uma ligação amorosa. O respeito não se mede dessa forma tal como o amor que deve ser sempre superior, invulnerável às divergências pontuais que forçam as tais manifestações solidárias.
O vínculo que o amor estabelece apenas deve impedir a traição (não estou a falar de infidelidade, claro) aos princípios elementares de qualquer relação humana.
E esses, no amor como na amizade séria, não englobam a obrigação de aderir a causas unilaterais quando (e acima de tudo) estas chocam com as crenças ou as reacções expectáveis por parte de quem se vê entre dois fogos numa qualquer disputa ou quezília. Ou mesmo quando simplesmente deixam a pessoa sem saber para que lado cair e, nesse caso, só pode assumir uma postura neutra.

 

Sei por experiência própria que o primeiro impulso quando amamos alguém é comprarmos as suas dores, contra tudo e contra todos, mesmo correndo o risco de abdicar da coerência ou mesmo de coisas e de valores que se têm por importantes. O amor cega ao ponto de nem ponderarmos as razões e agirmos em função das emoções e dos tais pressupostos a que acima faço referência.
Contudo, esse é um excelente caminho para um dia nos arrependermos e apresentarmos a factura.


Um amor, qualquer amor, não implica a anulação seja de quem for ou mesmo a sua mobilização para as guerras que lhe sejam alheias sobretudo quando estão em causa nos extremos da contenda pessoas de quem se goste e/ou razões que não se perfilham neste ou naquele aspecto.
É bonito, teoricamente, e eu já vesti ambas as peles – a de quem dá e a de quem recebe essa solidariedade incondicional, dedicar a alguém um amor tão forte que nos obriga a abraçar sempre a causa que lhe diga respeito.
Mas pode ser contraproducente à posteriori e entretanto constitui-se como um dilema que ninguém tem que enfrentar pois todos temos o direito a pensar e agir de acordo com a nossa própria consciência.

 

O romantismo de pacotilha, o que mede os amores em função da abnegação e da abdicação de nós mesmos em função do outro, deixou de fazer sentido no dia em que alguém percebeu que as pessoas têm sempre o direito de decidir pelas suas próprias cabeças e que esse direito se sobrepõe à força das emoções mais poderosas pois estas valem por si e, por esse e outros motivos óbvios, não precisam de qualquer ratificação.

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