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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Out09

VOLTA PARA MIM

shark

Tudo começou a desmoronar à sua volta, por dentro, quando deu pela falta do que mais o agarrava à vida. Os olhos levantavam destroços, as mãos ajudavam como podiam. E ele só queria respirar por mais algum tempo para poder procurar a salvação no meio do caos, ensandecido.

Gritava mas parecia que uivava de dor, pedras enormes afastadas sem esforço pela figura grotesca coberta de pó no meio das ruínas do espaço a que chamara o seu.

 

Balouçavam no corpo os farrapos da roupa destruída e na cabeça os pedaços de memória de uma vida aparentemente perdida no instante em que o demónio decidiu aparecer, monstruoso, de surpresa, para lhe injectar uma tristeza que o enlouquecia e não sabia o que fazia no meio daquele cenário desolador mas procurava em vão o seu amor por entre as marcas da passagem do mal, força sobre-humana, indiferente aos gritos que ecoavam lá fora, para lá dos restos de paredes que delimitavam a sua busca insana.

 

Exigia ao coração que não parasse, depois o diabo que o levasse para onde a pudesse encontrar, o malvado que viera para lhe levar tudo quanto precisava para valer a pena bater, no peito que arfava, o músculo que bombeava o sangue pelas feridas que ignorou até que finalmente a encontrou soterrada sob um pedaço de pedra que só um elefante conseguiria mover.

Mas pareceu-lhe vê-la mexer um dedo da mão e agarrou o obstáculo como se de papel se tratasse e invocou toda a força da terra para a concentrar em si.

Rangeu os dentes, alucinado, completamente determinado em salvar as duas vidas em risco naquele lugar infernal.

 

Ninguém assistiu ao milagre que produziu apenas com a força das mãos.

E só quando se certificou que de facto a salvou, gritando pelas equipas médicas na rua que não tardaram a chegar, se permitiu desfalecer e acabaria por desmaiar, tombando ao lado da sua vida que salvara, com um sorriso no rosto e os dedos estendidos numa carícia que a acordou.

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