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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

17
Dez04

OS NETOS DO HORROR

shark
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Feliz Natal!

Pura coincidência. Quando o filme estreou eu estava em Colónia com um amigo. Com algumas horas para ocupar nesse serão, decidiramos rumar ao kino mais próximo e com muita sorte deitámos mãos a dois dos últimos ingressos para a estreia.
Uma plateia jovem, aparentemente todos alemães, mais nós, dois portugas infiltrados, eu com uma barba cerrada e cabelo comprido que me garantia a cidadania turca naquelas paragens e me valeu alguns problemas ao longo da estadia, testemunhas do horror inenarrável protagonizado pela geração dos avós daquelas pessoas.
Uma após outra, as cenas sucediam-se e definiam os contornos de um passado hediondo que aquela nação, décadas antes, marcara na história com a vida e o sangue de milhões.
A carga emocional, tremenda, aterrou na sala quando o filme chegou ao fim. Nem um som, nem um movimento, luzes acesas sobre os rostos fechados de quem se debatia entre a incredulidade e a vergonha que é impossível disfarçar perante tamanha chacina.
Nem uma pessoa fez menção de abandonar a sua cadeira, já a música parara de tocar e nenhuma imagem coloria o écran. Em absoluto silêncio, os jovens germânicos fixavam o olhar no chão ou na tela vazia e meditavam acerca da crueldade insana que a película apenas recriou.
Deu-me para chorar como uma madalena arrependida, a tensão insuportável que esmagava cada um dos presentes na sala, a carga terrível que tal registo depositava nos ombros daqueles herdeiros involuntários de uma cicatriz feia e sem remissão.
Alguns não resistiram e choraram também. Outros abandonaram finalmente o seu lugar, sem pressa, silenciosos como no interior de uma igreja, sobrolhos franzidos, esgares de contrição interior.
Fomos os últimos a sair, quase meia hora depois da última imagem projectada.
Pelas circunstâncias que descrevi, a Lista de Schindler tornou-se num dos filmes que jamais esquecerei.

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