A POSTA QUE LÁ NOS ENCONTRAMOS
De partida para aquela morada onde não se anseia uma chegada, asas (im)postas na recepção para uma estadia noutra dimensão onde ninguém queria ficar mas toda a gente, apesar de se tratar de um mundo diferente, não estranha porque a boleia que se apanha não esconde aquilo que não se pretende manter em segredo.
De partida para onde não existem o medo e outras coisas foleiras, mas também se perdem as cenas porreiras que apreciamos, as pessoas que mais amamos e todas as outras referências que definimos como as nossas preferências enquanto decorre o tempo em que podemos respirar e o coração não pára de bater a compasso.
De partida para um espaço do qual não fazemos ideia e por isso não se anseia uma chegada, mesmo que seja longa a estrada a percorrer, mesmo que não haja nada a fazer para garantir o regresso e nos garantam ser um progresso na condição de simples mortais, pois nunca achamos tarde demais para partir.
De partida desde o momento de nascer, ainda que a inevitabilidade de morrer nos intimide apenas porque sim.
À chegada só quero saber que essa transição, essa passagem, foi apenas mais uma estação, outro instante de uma viagem que afinal nunca chega ao fim.