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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

16
Dez04

SHIT HITS THE FAN (A POSTA TERRORISTA)

shark
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Feliz Natal!

Existem as meias-verdades, as histórias mal contadas e as mentiras piedosas. Este poderoso arsenal está ao alcance de qualquer pessoa e o cidadão comum utiliza-a sem problema, como um telemóvel, como um comando de televisão. Ou como qualquer outro utensílio indispensável no quotidiano de cada um.
Contudo, o cidadão comum não está preparado para manusear os equipamentos em causa. Estoiram-lhes a vida em pedaços quando implicam um retorno, um desenlace imprevisto que lhes esmaga as pretensões.

As meias-verdades são o expediente mais banal. Conta-se a história numa versão reduzida, parcial. Conta-se o mar de rosas e o final feliz e omitem-se os detalhes melindrosos ou mais susceptíveis de se virarem contra o contador. Quem conta uma meia-verdade conserva sempre a parte mais suculenta da informação, a pedra de arremesso futura, o pormenor sórdido que em vez de descer pelo cano flutua. Vem à tona porque a metade da verdade contada não camufla as incongruências e estas, como se sabe, cheiram mal em qualquer história.

As histórias mal contadas são a versão pimba das verdades meias. Mais desajeitadas, equilibradas a custo num mísero galho de veracidade, visam apenas desviar as atenções ou inventar alibis. Não requerem um esforço intelectual intenso, divertem os interlocutores mas, em contrapartida, é frequente uma história mal contada descambar num cenário confrangedor. Um pouco como um tipo tapar a cabeça e destapar os pés.

As mentiras piedosas são a artilharia pesada do hipócrita padrão. A piedade beatifica-as. São um mal necessário, um mecanismo de protecção ‘legítimo’ contra a capacidade de reacção da pessoa que se visou. Não se conta a história e inventa-se uma outra em sua substituição, para o alegado bem de um inevitável coitadinho incapaz de encaixar uma verdade nua e crua. Faz-se de parvo o alvo desta estranha misericórdia. Porque a mentira apenas oculta por algum tempo uma verdade à solta, ansiosa por se fazer descobrir.

A verdade é como uma espécie de factor aleatório, uma mina, uma bomba-relógio oculta, discreta num canto para ninguém a descobrir. Quando dão por ela, nem os especialistas conseguem desarmar alguns detonadores.
E depois pum!

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