Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

05
Ago09

A POSTA NA MISSÃO IMPOSSÍVEL

shark

Um dos maiores pecados que podemos cometer em matéria de relações humanas é exigir demasiado das outras pessoas. As expectativas exageradas ou as ambições desmedidas acabam sempre por redundar num enorme trambolhão.

E essa queda inevitável acaba sempre por causar mazelas, implicando por vezes o colapso das frágeis bases que sustentam boa parte (senão a maioria) das ligações e assumindo contornos ainda mais dolorosos e complicados quando o alvo dessa fasquia demasiado alta, o "outro" da situação, somos nós próprios.

 

Se a perfeição é uma utopia, qualquer anseio nesse sentido é pura estupidez. Não somos talhados para esse tipo de objectivo, vulneráveis que somos à impressão que os outros têm de nós e acima de tudo ao efeito pernicioso dos nossos medos, dos nossos defeitos e mesmo dos nossos erros de avaliação subjectiva. Sucumbimos que nem tordos ao desvanecer das miragens que perseguimos em vão, desiludidos com a confirmação do impossível na sua verdade cruel.

A realidade desmente a todo o instante qualquer tipo de ilusão criada em torno de arquétipos de ser humano capazes de jamais fraquejarem na correspondência a um qualquer modelo que nos imponhamos ou nos imponham de forma tão ingénua quanto cruel.

 

Somos apenas gente, uma complexa amálgama de influências cujas repercussões nos actos e nas palavras ainda hoje carece em muitos aspectos de uma explicação definitiva e cabal. Somos imprevisíveis, no melhor como no pior, incapazes de garantir a todo o instante que não acontecem desvios ao padrão de conduta e à escala de valores que desenhamos como forma de orientação.

Somos assim, frágeis na condição e incapazes de aceitar com humildade que o nosso melhor não se produz por decreto mas apenas por sorte (ou similar) de passarmos pela existência sem mácula de maior, sob a constante pressão de quem nos rodeia e que assimilamos como um aditamento à que nos impomos quando nos acreditamos capazes de nunca falhar.

Arrogantes, apontamos o dedo aos que tombam na lama da incongruência, da incoerência, de um fracasso qualquer e hipotecamos nessa instância, maus exemplos, da complacência futura quando chega a nossa vez de fraquejar.

 

Perseguimos sem cessar a virtude impossível, exigimo-la aos outros como a exigem de nós, num tormento constante que limita as hipóteses reais de sermos felizes como só podem ser os poucos que assumem uma postura realista e se aceitam (e aos outros) como um produto de tantos factores e circunstâncias, por vezes meras coincidências, que nos moldam a cada dia em função da própria dinâmica da vida como a conseguimos viver.

 

E nessa conjugação aleatória que nos faz e nos distingue (até na igualdade de oportunidades e de escolhas) não existe nem existirá um mecanismo que nos proteja, que nos ampare na queda como a sentimos quando finalmente entendemos que a perfeição, esse conceito aparentemente tão desejável, foi concebido no mesmo inferno onde se amontoam as boas intenções. 

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO