A POSTA NA BALDA QUE PRÁI VAI
Em poucos dias reparei com atenção nas reacções bizarras de dois cromos de nomeada de entre o ilustre anedotário da justiça deste país.
A primeira reacção que não me deixou atónito porque bate certo com o que todos intuímos ser a realidade do que se passa foi a expressão sorridente de Oliveira e Costa aquando da sua intervenção na audiência par(a)lamentar. De resto, não noto na fisionomia e no discurso daquele homem acusado de crimes tão graves, excepto nas proporções, como os do Madoff qualquer tipo de preocupação. É nítida a descontração daquele septuagenário a quem qualquer pena de prisão efectiva digna desse nome deverá condenar a morrer na condição de recluso.
A segunda foi a de Isaltino Morais. O homem pediu à juiza do seu processo que o deixasse sair a meio da leitura das alegações finais, alegadamente para não ter que desrespeitar o tribunal com a sua reacção ao que ouvia. E a juiza deixou.
Mas o que é isto afinal? Então o fulano é alvo de uma acusação que leva a ser pedida pena de prisão efectiva com um mínimo de cinco anos, o que implica existirem elementos de prova sólidos, ameaça o tribunal por não se achar capaz de se conter nas reacções e deixam-no sair para dar entrevistas às televisões?
E se fosse eu ou qualquer outro cidadão anónimo também era assim? Ou fariam como todos julgamos ser adequado e como compete a quem quer fazer respeitar a Justiça e diziam ao gabiru que se levantasse a crista ia dentro logo ali?
Há algo de profundamente errado na notória impunidade que transpira das (poucas) figuras públicas incomodadas pela Justiça.
E eu nem sei se quero mesmo saber o quê.