A REALIDADE DE UM PAÍS (2)
Dificilmente um cidadão consegue alcançar uma posição e um estatuto equivalente ao que Manuel Pinho atingiu (sabe-se lá como ou porquê). É uma honra, julgo, poder servir uma Pátria de forma tão directa e poder intervir na respectiva construção. Por outro lado, mesmo um leigo depreende que a dignidade de uma função daquelas é mote mais do que suficiente para abafar quaisquer assomos de irreverência ou, tendo em conta o local e a função, a inqualificável má educação.
Não dá para ser simpático ou condescendente. Um país não pode estar entregue a cromos capazes de meterem os cornos à Democracia como o ex-Ministro da Economia descaradamente fez. Qualquer sorriso que o gesto pudesse suscitar morre nos lábios de quem vê a Nação definhar às mãos destes fulanos que ascendem ao poder sem critério, como o exemplo de Mário Lino (só para citar mais um) confirma.
É uma questão de sentido de Estado, o mesmo que Sócrates revelou na rapidez com que forçou a demissão do rapazola (como se confirma pelas declarações do demitido quando declarou à Imprensa, a quente, que não via motivo para se demitir).
Manuel Pinho, o espontâneo, não percebe um boi (passe a graçola fácil) de política e não possui estrutura moral para ser sequer ministro no Zimbabué. E nem seria necessário um gesto imbecil para o atestar, avaliado o percurso do homem neste Governo tão... sui generis.
Era óbvia a sua descontracção excessiva no exercício do cargo que lhe confiaram (não faço ideia como nem porquê, insisto). Era uma bomba relógio à espera do momento certo para estoirar nos braços de um Primeiro-Ministro em recta descendente muito por culpa dos seus erros de casting.
Manuel Pinho, o tonto, ilustrou na perfeição porque temos a Nação a mergulhar a pique numa realidade que só pode ser devidamente esboçada no âmbito de uma caricatura.