MANUELA MOURA FEDES
Sei que já chego atrasado quanto à actualidade desta minha posta, mas nunca quanto à sua pertinência no contexto de tudo quanto sempre defendi aqui como na vida lá fora.
O badalado acto inquisitório que a TVI gosta de chamar entrevista e que foi protagonizado pela torquemada de serviço na estação do marido patrão, a inefável Manuela, constituiu um brilhante momento televisivo (algo de insólito naquele canal pimba) por via da performance notável do Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados, o doutor Marinho Pinto.
É indescritível, de tão repugnante, a abordagem da TVI em termos jornalísticos. Dúvidas houvesse, a MMG deixou-as esclarecidas nesta ocasião e Marinho Pinto deixou exposta com a sua reacção frontal e sem paninhos quentes a f(r)actura que há muito o “Jornal Nacional” fazia por merecer.
De resto, o Bastonário que a MMG tentou encurralar por todos os meios fez algo que nesta terra de alimárias é pouco usual: foi sincero na sua reacção ao que qualquer pessoa consegue identificar como um julgamento sumário e viciado (a sentença foi lida em simultâneo com as alegações). E para isso, os hipócritas e os arrogantes nunca estão devidamente preparados, precisamente por não ser habitual.
Marinho Pinto, de quem podem discordar muitos advogados (o que não admira…), é para mim um símbolo do tipo de pessoa de que este país precisa para pôr ordem nesta barraca onde os medíocres se instalaram nos vários poderes (a Informação é um deles) e ameaçam corroer Portugal com o ácido das suas antipatias e com o veneno das suas actuações.
O Bastonário representa não apenas os profissionais decentes que a sua Ordem tutela como toda uma classe de portuguesas e de portugueses que definham à mercê das vergonhas silenciadas por quem é cúmplice activo ou por omissão do estado de coisas que só homens como Marinho Pinto podem combater. Foi disso que tratou a tal “entrevista”, de um braço de forças público entre os interesses obscuros de uma camada perniciosa e minoritária da população (como certamente acontece na Ordem dos Advogados) e um indivíduo que dá jeito entender como isolado para enfraquecer a sua causa que, por muito que doa a alguns, deveria ser a nossa.
E é a minha, deixo-o bem claro aqui.
Apesar de ser fácil animar o fenómeno de rejeição para com quem faz voz grossa em detrimento da falinha mansa politicamente correcta mas ineficaz (e cobarde), só mesmo quem queira deixar andar o regabofe pode insurgir-se contra outro alvo que não tudo aquilo que a MMG e a sua televisão de treta representam e tão bem deixaram transparecer nesta patética tentativa de conduzir à fogueira mais um obstáculo a amigalhaços poderosos ou simplesmente um circunstancial ódio de estimação. E a “vítima” não se deixou imolar pelo peso desse poder em mãos indevidas, esperneou, e acabou por atear o incêndio na pele arrogante de quem pretendeu a sua condenação.
Foi tão brilhante o desempenho de Marinho Pinto enquanto advogado e enquanto homem quanto desprezível se revelou o da Manuela na condição de jornalista e de pessoa.
E por isso vos digo que lamento não ser advogado para poder apresentar-me a Marinho Pinto como voluntário para o apoiar na sua guerra de forma incondicional.
Mas faço-o sem qualquer dúvida ou hesitação na qualidade de seu compatriota e de cidadão.