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Dez04
A POSTA DESABAFADA
shark
Daqui a nada vou participar num almoço de família. Nesse momento de convívio pode acontecer uma de duas coisas:
a) Assistirei a uma triste comédia, uma encenação destinada a encobrir um problemão a que sou alheio mas de modo algum indiferente;
b) Serei oficialmente posto a par do problemão (do qual já tomei conhecimento por portas e travessas) e inevitavelmente arrastado para o vórtice da bronca.
Note-se que quando a bronca apenas existia em potência nas minhas previsões mais pessimistas tudo fiz para dissuadir quem se preparava para mergulhar de cabeça numa decisão que só podia produzir um péssimo resultado.
E acrescente-se que as potenciais consequências da bronca podem ser devastadoras para a família em causa. Eu comerei por tabela, como sempre acontece na sequência das minhas intervenções generosas mas excessivamente emocionais.
De pouco me valerão as sedutoras propostas da ementa. O meu apetite pelo evento é proporcional à vontade que tenho de comer alguma coisa. Até porque o entusiasmo canino do meu fiel amigo acaba de me custar a perda de um componente destacado da minha cremalheira(*), outro problema em vias de resolução, mas só em vias, e que me obriga a manter a boca fechada.
Porém, palpita-me que não encontrarei ao longo do repasto quaisquer motivos para sorrir. E só falarei sob coacção...
(*) dentição, em charquinhês