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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Fev09

A POSTA GANHA

shark

Tentou não a acordar com os seus passos pelo pequeno hall de entrada.

Descobriu-a sobre a cama, pousada a beleza ela própria em repouso no corpo adormecido daquela mulher.

Os reflexos na pele dos pedacinhos de sol que as persianas permitiam, aos olhos que a viam serena no leito, o corpo mesmo a jeito para um momento a dois.

 

O contorno perfeito da silhueta de um peito desenhado pela luz na tela enrugada de um simples lençol.

Arte à solta naquela tarde louca começada ao toque de um beijo que a protagonista do seu desejo não fez menção de rejeitar. E ao outro que se seguiu. Os olhos que abriu, num doce despertar, e a boca que sorriu para o rosto que se afastava aos beijos do seu.

 

O caminho que ele percorreu, com os lábios e as mãos, corpo abaixo até ao ventre e a fúria residente a rugir dentro da mulher a tremer, a surpresa implícita deixada para lidar depois, o percurso que ele desceu sulcando a pele com a barba mal feita como um arado na terra a estimula para depois acolher sem reservas a futura colheita daquele semear.

 

Uma língua de fogo a traçar o rumo, os poros abertos para soltar o fumo que afinal é o vapor libertado quando fazem amor no quarto ao lado do das pessoas que não conseguem dormir porque aquele sexo se faz ouvir à altura da sua intensidade, dois corpos com inteira liberdade para o prazer.

 

O amor como deve ser, descontrolado, na cama ou no rosto beijado na lembrança durante cada ausência que a vida lhes imponha.

O sexo que se faz como se sonha, apaixonado, e depois talvez um cigarro fumado durante o deleite da contemplação.

 

Tentou não a acordar quando saiu, beijou-lhe a mão e deixou-a na cama em repouso, sentindo-se já nesse instante ansioso pelo encontro seguinte, por uma nova oportunidade de progresso na relação embrionária que o deixava voraz.

 

E sorriu quando a vontade do regresso, incendiária, o levou a voltar atrás…

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