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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

18
Nov08

PALAVRAS SEM RASTO

shark

Rastejem, palavras, nesse espaço onde são nadas que se acreditam capazes de preencher qualquer tipo de vazio.

Rastejem anos a fio sob o peso do silêncio que vos mata na clausura do pensamento a que vos condena a insensatez de só por serem palavras se atreverem a falar demais.
Desprezo-vos, palavras escondidas por detrás de uma caixa de papelão simulada, a parede de uma ossada que um dia vos arrastará para a última palavra que é o fim.
Palavra que vos desprezo assim, tanto que quase me tento a calar-vos de vez com a mordaça do esquecimento garantido às palavras que as leva o vento para paradeiro desconhecido quando são ditas e não se safam por serem escritas se deixaram para trás as palavras necessárias para cumprirem a sua função.
 
A verdade que ocultam, rastejantes, palavras ocas, orelhas moucas, quando se disfarçam no meio das coisas que ficam por dizer e essas coisas são palavras cobardes ou hipócritas que sabem, no fundo, que podiam dizer tudo mas reservam-se o direito de definir quando é que estão a dizer apenas muito e mesmo assim acham demais.
Rastejem, palavras pequenas e confinadas a esse espaço onde são nadas que se atribuem importância e afinal a vossa relevância é nenhuma quando ficam por ser ditas porque se escondem com medo das consequências de uma liberdade que assim se torna palavra vã.
 
A falta de honestidade implícita nessa vossa deliberada ausência colide com a essência da frontalidade que as próprias palavras reconhecem como atitude mais correcta a tomar. Mas palavras que preferem calar o seu sentido, omitidas, são palavras que se dão por perdidas e de pouco valem a quem as pensar.
 
De rastos, é como vos quero. Condenadas ao desespero de uma prisão, na cabeça ou no coração, mortas à nascença porque as palavras só vivem de facto depois de libertadas sob a forma de um som ou gritadas na exclamação pontuada numa folha de papel ou no espaço de um monitor.
Sejam palavras de ódio ou palavras de amor, sucumbem ao que apelidamos de sensatez ou ponderação. São palavras emudecidas com base na razão que sirva de desculpa para as poupar ao embaraço de serem ditas tal e qual o impulso emocional que as gerou.
 

Rastejem pois, para sempre, todas as palavras que alguém calou.

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